Coluna Esplanada

De biografia a jatinho, Alves encerra campanha milionária para Câmara

Leandro Mazzini

Candidato favorito à Presidência da Câmara e com bênçãos do vice-presidente Michel Temer, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) faz seu último voo nesta sexta (25), de Salvador para Natal, a bordo do jatinho do colega Newton Cardoso. Sempre em companhia de seu candidato a vice, o federal petista André Vargas (PR).

Alves encerra assim um roteiro intenso e milionário, nunca antes feito por qualquer candidato ao cargo que almeja. Foram visitas a dez capitais, todas com o avião emprestado pelo ex-governador de Minas, cujo querosene foi bancado pelo PMDB. Pelo roteiro, só o combustível tirou dos cofres do partido algo em torno de R$ 300 mil.

Nas andanças, Alves foi recebido por governadores. Alguns mudaram agenda para promover almoços palacianos com a bancada suprapartidária de seus estados. Agenda reservada tradicionalmente a chefes de Estado. Para não se complicar, o deputado fez promessas genéricas, mas em todas as visitas citou que dará atenção especial do baixo ou alto clero. E em todas as visitas evitou tocar na denúncia de que usou ex-funcionário como fachada sobre suspeita de desvio de emendas.

Hoje, o deputado-candidato fez campanha total em Salvador. Encontrou o prefeito ACM Neto (DEM), almoçou com a bancada federal e depois reuniu-se com o governador Jaques Wagner (PT). Na agenda, termina a noite em jantar com Geddel Vieira Lima (PMDB), vice-presidente da Caixa e pré-candidato ao governo da Bahia.

Henrique Alves não tem mais programação para campanha semana que vem. Ficará ao telefone, de Brasília. Na sexta, dia 1º, enfrenta o voto secreto dos seus pares em plenário e também a prova da fidelidade, ou não, daqueles que prometeram alçá-lo ao terceiro posto mais importante do País. A campanha cara faz jus ao cargo. Pelas benesses do cargo, pela proximidade com o Palácio do Planalto e a possibilidade de ocupar a própria Presidência, pela bajulação de colegas, pelo poder de controlar a pauta paparicado por governadores e pela chefe da nação, e pela visibilidade nacional.

Parlamentar mais longevo da Casa, Alves trata com discrição os motivos que o levaram a tentar o comando da Câmara somente no 11º mandato. Desde a decisão , há dois anos, investiu tudo que pode. Chegou a distribuir discretamente uma autobiografia encomendada, sobre seus 40 anos de vida pública. Com 260 páginas, a qualidade do livro chamou a atenção: papel couchê brilhoso, capa de primeira linha.

O título remete ao projeto de poder: “O que eu não quero esquecer”.

Seus concorrentes são Júlio Delgado (PSB-MG), com a chancela oficiosa do presidente do partido, o governador Eduardo Campos (PE), e a colega de partido com candidatura avulsa, Rose de Freitas (PMDB-ES), atual vice-presidente da Casa.

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