Marina prega a “Sustentabilidade da Ética” e usará internet para oficializar partido
Leandro Mazzini
Assim que oficializado até Outubro, como preveem, o partido lançado hoje por Marina Silva – embora o classifique Rede Pró-Sustentabilidade – será a 31ª legenda, caso não surjam antes os dois que estão a caminho, o Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS).
''Não podemos nos travestir do que não somos'', explicou a pré-candidata ao Palácio do Planalto, sobre a escolha ''Rede'' em lugar de ''Partido'', em evento que reuniu mais de mil pessoas hoje num centro de eventos de Brasília.
A palavra Rede não é só conceitual. Vai investir pesado nas redes sociais para angariar aliados e militantes, além de coleta de assinaturas para a criação do partido. Eis alguns itens destacados por ela e outros presentes:
- Prega a ''Sustentabilidade da Ética''. ''Sustentabilidade é uma expressão ampla'', diz.
- ''Não há recrutamento de parlamentares'', diz Marina Silva. ''As pessoas virão por coerência programática''.
- Não aceitará doações das indústrias bélica, de cigarros, de bebidas e de fertilizantes; E haverá um teto financeiro estabelecido para cada cargo mandatário pretendido.
- Tudo na Rede é feito de modo que não haja uma figura central. Marina se mistura e evita ser o foco. (Até na coletiva hoje, para desespero da imprensa, sentou-se na segunda fileira num emaranhado de fundadores.
- ''Estamos num processo de desconcentração'', alerta Marina, sobre o padrão Rede escolhido pela agremiação.
- ''Estamos à frente. Nem esquerda nem direita''. E sobre Dilma Rousseff, enrolou: ''Não sou oposição nem situação, mas teremos sempre uma posição''.
- Enfatiza ela: ''Vamos fazer alianças programáticas''.
Concomitantemente ao movimento ''solo'' de Marina, com dificuldade de convencer deputados e senadores a se filiarem na Rede, o Partido Verde ao qual ela pertenceu – e pelo qual teve 20 milhões de votos na disputa presidencial de 2010 – começou a ofensiva na TV. Os verdes usam em peso as inserções na televisão para segurar eventual debandada de insatisfeitos.
O movimento suprapartidário presente destacou-se mais pela admiração a Marina que pelo convencimento de que a Rede pode se concretizar um grande partido. Pelo salão circularam Heloísa Helena, fundadora do PSOL – que não garantiu deixar a sua legenda, embora escanteada e sem poder interno – Walter Feldman (PSDB-SP) e Domingos Dutra (PT-MA), entre outros. Do escrete político, somente estes dois estão dispostos, por razões diversas, a deixar seus partidos para segui-la.
Marina fez um discurso breve, de 10 minutos, em que lembrou sua trajetória política, a fundação do PT – evitou citar o PV – e amizade e admiração a Chico Mendes. Assista ao vídeo de parte do discurso: