Coluna Esplanada

Dilma e Marina Silva disputam doações dos bancos para 2014

Leandro Mazzini

Revela-se com a entrada de Marina Silva na corrida presidencial de 2014, contra a presidente Dilma Rousesff, uma disputa de bastidores por doações de campanha de grandes bancos privados – tradicionalmente alinhados com qualquer candidato que lhes garantir a manutenção da boa rentabilidade líquida.

Num efeito paralelo ao embate entre as senhoras, a Febraban, entidade que reúne as grandes instituições do setor, vê com cautela o governo petista desde que Dilma resolveu mexer no pote de ouro da receita trimestral dos bancões. Sem cálculos: ao forçar a redução dos juros via Caixa e Banco do Brasil numa medida popular, a petista mexeu com os brios do maior grupo de financiadores de campanhas (ao lado das empreiteiras).

Depreende-se do descerramento da cortina desses bastidores, com fatos recentes, estes movimentos: Itaú se alinha a Marina Silva. Enquanto Bradesco pode manter sua aliança com Dilma.

Assim que soube dos movimentos do tucano Aécio Neves para se aproximar dos financiadores, mês passado, a presidente Dilma apressou-se em costurar uma agenda para receber seus maiores patrocinadores de 2010: Cosan, Vale, Bradesco e Odebrecht (Leia aqui). Na campanha passada, apenas o Bradesco repassou para o comitê central petista a bagatela de R$ 1,66 milhão. Nas entrelinhas, a presidente não pediu só o compromisso do grupo com os programas federais pelo progresso do país.

Passado um mês, no último sábado, entra em cena do outro lado do palco a herdeira do Itaú como tesoureira do futuro partido de Marina Silva – a despeito de ser a única dos irmãos Setúbal sem ingerência nas atividades do grupo financeiro.

É inquestionável a admiração de Maria Alice Setúbal por Marina Silva, o engajamento em seu ideal político e a amizade entre as duas. A ponto de ser inevitável a associação da candidata que lançou a Rede Pró-Sustentabilidade com o Itaú, o maior banco privado do país, fundado por Olavo, pai de Maria Alice e conhecida como Neca.

Um: a cor da Rede é laranja, a mesma do bancão. Dois, Marina insistiu no termo Sustentabilidade; e qual o banco mais sustentável do mundo, como propala em anúncios? Três: Marina não incluiu na sua lista de doadores proibidos os bancos privados, que lucram bilhões por ano. Tampouco Dilma o fará.

A coluna procurou Maria Alice Setúbal. E ela dá sua versão: “Não tem nada a ver. Não tem dinheiro do banco na Rede”. Neca Setúbal admitiu, no entanto, que o banco de sua família “Pode ajudar, sim” Marina Silva com doação em 2014.

Pelo levantamento do blog, fica notório o interesse da instituição na presidenciável. Em 2010, o Itaú doou R$ 1 milhão para a campanha de Marina. E para o comitê nacional do PV, então partido dela, o Itaú Unibanco deu mais R$ 725 mil.

No mesmo ano, o grupo Itaú foi generoso e usou quatro CNPJs diferentes para doar para campanhas um total de R$ 36,2 milhões. Do Itaú Unibanco foram R$ 12.396.776,50 pelo CNPJ 24.130.411/0001-60; e R$ 23.6 milhões para candidatos diversos de vários partidos com o CNPJ 60.701.190/0001-04. O Itautec deu R$ 250 mil através de dois CNPJs.

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HOMEM-BALA

Deu no D.O.: O Ministério dos Transportes autorizou Bernardo Figueiredo, o chefe da Empresa de Planejamento e Logística – que só tem sete funcionários – a participar da “Brazilian Infrastructure Forum 2013”em NY e Londres. São aqueles eventos nos quais o ministro Guido Mantega (Fazenda), incumbido pela presidente Dilma, buscará investidores para PPPs em obras do governo.

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A outra autoriza é a Sra. Silvana Lúcia Castro Barros. Vai a Montevidéu com tudo pago pela ANTT para evento oficial. Ela é contratada pelo Exército, que por sua vez tem convênio com a agência, que por sua vez… deixa em Brasília técnicos em regulação.

NA PAREDE

Na primeira reunião com líderes ontem, o novo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), os encostou na parede. Quer o fim do pagamento dos 14º e 15º salários da turma, cuja tramitação parou. Só 29 dos 513 abriram mão em Janeiro.

DEMOROU 

Mal tomaram posse, Eduardo Cunha, o líder do PMDB na Câmara, e Henrique Alves estãoem colisão. Alvesprometeu ao PSD umas comissões, mas Cunha, para agradar a Garotinho (PR-RJ), neoaliado, trabalha para dar espaço ao PR. A disputa entre os caciques deu nisso: Henrique Alves vai criar três comissões, para alojar a todos, com desmembramento de Turismo e Esporte, Saúde e Assistência Social, Relações Exteriores e Defesa Nacional.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A equipe do CQC faz pesquisa entre jornalistas para saber quem é contra a atuação da turma do humorístico no Congresso. Com certeza, só as direções do Congresso.