Coluna Esplanada

Arquivo : janeiro 2015

O boi de R$ 1 bilhão agita o curral eleitoral de Goiás
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - http://aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

Tem boi na linha. Literalmente, e bilionário.

Os currais nunca foram mais os mesmos no Brasil desde que ascendeu ao cenário nacional e internacional a Friboi, marca da JF Holding, da família Batista. Por mérito de décadas de atuação no mercado, pioneiros no setor, e ajudados de anos para cá pelo BNDES, a empresa tornou-se a maior produtora de proteína do mundo – e na esteira desse extenso pasto de negócios, os desafios e problemas também vieram a galope.

O ano de 2015 nasceria coroado para a holding não fosse a lupa atenta dos procuradores do Ministério Público de Goiás. O grupo empresarial entra na mira por causa de uma lei estadual vista com desconfiança pelo mercado e pela promotoria.

Durante anos, a Friboi sonegou ICMS no nascedouro, na terra natal, o Estado de Goiás. A dívida tornou-se tão grande quanto o volume negociado mensalmente pela empresa. Chegou a R$ 1,3 bilhão até fim do ano passado, com juros, multa e correção.

No apagar das luzes de 2014, o governo de Goiás editou uma lei de renegociação de dívidas para empresas, a nº 18.709/14. Pela regra, que vigorou por três dias úteis, as devedoras de ICMS teriam isenção de 100% de juros, multa e correção monetária da dívida em aberto. E, bingo!, acertou quem apostou na brecha para a Friboi renegociar a sua – pagou R$ 170 milhões à vista aos cofres do governo Marconi Perillo, e renegociou R$ 150 milhões em parcelas mensais de R$ 2,9 milhões.

De acordo com o governo e a Friboi, a lei é reeditada todo fim de ano para facilitar renegociações de várias empresas, e para reforçar o caixa do Estado. Evidentemente, um bom acordo.

Festa no matadouro, mas.. uma investigação quer salgar a carne desse churrasco; Ou seja, é histórico e inédito no País (ainda investiga o MP se há casos similares) o perdão de dívidas em R$ 1 bilhão.

Provocado pelo PSOL e com apoio do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), o MP agora quer apurar se houve crime de responsabilidade do governo Perillo, quantas e quais foram as empresas de Goiás beneficiadas com a lei de três dias – vigorou de 22 a 29 de dezembro (excetuando-se o Natal e pontos facultativos). E se a ‘operação’ não foi lesiva aos cofres públicos.

Durante a campanha eleitoral do ano passado, o herdeiro do grupo, Junior ‘Friboi’, filiado ao PMDB sob as bênçãos do vice-presidente Michel Temer, abdicou da candidatura governo de Goiás. Deixou de concorrer contra Marconi. O candidato do PMDB foi o ex-governador Iris Resende.

CADÊ A MARCHA?

A Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta, e líderes mundiais continuam a fechar os olhos para o problema.

Com numerosas baixas civis – inclusive entre os médicos e enfermeiros – a MSF deixou o Sudão do Sul diante da interminável guerra entre etnias e milícias.

Agora, a MSF revela que bombardeios a civis em hospitais de campanha da Ucrânia – não se sabe se das forças russas ou locais – matam e isolam os locais de socorro. Os ataques também inibiram a chegada aos hospitais de medicamentos e suprimentos.

‘No dia 14 de janeiro, um hospício para pessoas com deficiência mental em Slavyanoserbsk, na região de Luhansk, que MSF tem apoiado com medicamentos e materiais de higiene, foi severamente danificado quando a cidade foi submetida a um forte bombardeio. A equipe de MSF conseguiu chegar ao principal hospital da cidade no dia 19 de janeiro para entregar suprimentos suficientes para tratar até 50 pacientes feridos. O hospital ficou sem eletricidade por dois dias devido ao bombardeio e a equipe de MSF viu, pelo menos, dez casas destruídas recentemente no centro da cidade de Slavyanoserbsk’, informa a MSF em nota.

Vale lembrar que a atuação da facção terrorista Estado Islâmico era algo distante do mundo ocidental até que a redação de uma revista foi atacada em Paris.

Não há notícias até o momento de que líderes mundiais se sensibilizaram com as vítimas de Slavyanoserbsk, tampouco de alguma marcha midiática por alguma cidade da Ucrânia.


Rollemberg busca equação para equilibrar governo do DF
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - http://aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

O PSB ganhou nome e sobrenome ‘no Sul’, com a morte do líder Eduardo Campos. Enquanto Paulo Câmara, o escolhido por Campos, governa Pernambuco, continua quieto no gabinete, estudando saídas e compenetrado, o governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg.

Rollemberg tornou-se a esperança de uma vitrine nacional para o PSB. Está em suas mãos a responsabilidade de tirar o DF da lama bilionária financeira deixada por Agnelo Queiroz (PT), que fugiu do País e cujo paradeiro é incerto.

Nesta semana deu um passo. Determinou o cancelamento da prova da Fórmula Indy em Brasília, um contrato fechado pelo antecessor em parceria com a Band. O governo empenhara ano passado R$ 60 milhões para obras emergenciais no autódromo Nelson Piquet – que poderiam chegar a R$ 300 milhões, diante da possibilidade da prova de Moto GP do circuito internacional.

A necessidade faz o homem, as contas fazem o gestor. Certa noite, no início de 2014, o repórter encontrou Rollemberg empurrando carrinho e fazendo compras sozinho para casa num supermercado da Asa Sul. Conferia atentamente os pedidos, na meta de melhor preço e produto – ou no bordão, custo-benefício.

Se seguir esta linha no governo, terá a chance de recuperar os cofres arrombados pela quadrilha que deixou o território com R$ 5 bilhões em déficit.


Com articulação em SP, chefe do PT manda recado a insatisfeitos
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O quiprocó sobre a permanência ou não da ex-ministra e senadora Marta Suplicy no PT tornou-se assunto prioritário na cúpula do partido – leia-se Luiz Inácio Lula da Silva, Rui Falcão e também a presidente Dilma Rousseff, que pode ser afetada diretamente, assim como o partido. Não apenas pelo desgaste escancarado nas relações entre os petistas, naturais pelos 12 anos de Poder nacional, mas em especial pela equação no Senado Federal.

Desde quando presidente da República, Lula se empenhou pessoalmente em controlar a bancada governista na Casa Alta, desde a eleição até a composição da base no início dos Anos Legislativos (contava, evidente, com a união do PT). Com Marta insatisfeita, a dúvida agora é se ela, independentemente do tempo que permanecer na legenda, vai votar com o governo no plenário ou se pode ser contabilizada na oposição – tanto nos votos quanto nos discursos.

Perder o apoio de uma senadora com significativa vitrine e representante do principal Estado do Brasil não estava nos planos do PT até poucas semanas atrás. A preocupação agora da cúpula do PT é se a gritaria de Marta, pela imprensa, passará despercebida pelos correligionários e colegas de partido, ou se ganhará eco, mesmo que velado, nos gabinetes de estrelados petistas – esse sim o risco não calculado por Lula.

Daí Lula voltar à ativa mais cedo do que o esperado, do alto de seu gabinete no Instituto em São Paulo que leva o seu nome, em telefonemas e recados, para neutralizar Marta. A senadora é aliada de primeira hora do ex-presidente, já o defendeu publicamente, mas isso não lhe garante imunidade no partido para girar a metralhadora contra Dilma e o governo a ponto de atingir também o projeto de Poder do partido. O retorno de Lula, discreto mas forte nas articulações, já soa entre os petistas um recado claro do chefe de que não quer discórdia entre mandatários e nas hostes.

Por isso Lula deu o primeiro passo. Ao saber que Marta iniciou um namoro com o PMDB paulistano, um partido atrás de bons nomes e que nem sempre é ‘aliado’, Lula fez uma jogada de mestre. Determinou ao prefeito Fernando Haddad que abrisse espaço no secretariado (e não qualquer cargo) para o PMDB. Haddad não só obedeceu como o nome certo, articulado, foi um golpe em Marta: Gabriel Chalita na Educação, como publicamos ontem, é um obstáculo no projeto de Poder de Marta. Se ela pensava em se candidatar à prefeitura pelo PMDB ano que vem, já repensa. Marta tornou-se um túmulo verbal desde o último artigo no qual criticou Dilma e o governo.


Processo que cerca deputado e presidente da OAB-DF já está com juiz
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Já está na mesa do juiz o processo tramitado na 5ª Vara Fazendária em que o MP do Distrito Federal denuncia um deputado, o presidente da OAB local e a esposa do ministro do STF Dias Toffoli por um prejuízo de R$ 25 milhões, em valores de hoje.

São réus na ação o deputado distrital Alírio Neto, o presidente da OAB Ibañeis Rocha, e a procuradora da Câmara Legislativa do DF Roberta Maria Rangel, entre outros.

O MP viu irregularidades no pagamento de juros e correção monetária a “centenas de servidores, ex-servidores e pensionistas” da Câmara Legislativa, referentes a perdas salariais na conversão do URV para o Real em 1994. A Câmara desembolsou pagamentos em 2008 aos servidores após pleito da Associação dos Servidores da Câmara – a ASSECAM. Foi na gestão de Alírio, com parecer da procuradora e o advogado da ASSECAM era o agora presidente da OAB, que foi remunerado em mais de R$ 3,3 milhões (lembre aqui)


Marta Suplicy e o PMDB
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - http://aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

Com a metralhadora giratória verbal na ativa, com o PT como alvo, a senadora e ex-ministra Marta Suplicy está a um passo de se filiar ao PMDB para se lançar candidata à Prefeitura de São Paulo ano que vem. Convites sobram de outros partidos da base e oposição ao governo. Ela ainda não decidiu.

O PMDB deseja Marta em seus quadros, embora às claras não tenha o aval do vice-presidente da República – e manda-chuva do partido – Michel Temer, aliadíssimo do PT e da presidente Dilma, os alvos figadais de Marta.

Revoltada com a atual situação do PT (em especial no noticiário negativo e nos desmandos do governo), a ex-prefeita paulistana, ao mirar a legenda que ajudou a fundar e ainda a acolhe, dá sinais de que a insatisfação é apenas o passo inicial para a debandada de seu pequeno séquito para outro partido. E que, alijada do governo Dilma, é capaz hoje de trilhar sozinha seu caminho sem as bênçãos do PT e do ex-presidente Lula, a quem admira e defende, conforme entrevista recente ao Estadão.

Ex-prefeita de São Paulo não reeleita, Marta tem um significativo potencial de votos na capital paulista, o mesmo que a levou ao Senado Federal em 2010. Tem pouco a perder: seu mandato eletivo na Casa Alta vai até 2019, e uma vez candidata, independentemente do partido, mesmo que eventualmente não vença a eleição, ela mantém o nome na vitrine no maior PIB brasileiro e no mais importante reduto eleitoral do País.

Mas uma recente movimentação política na capital, veladamente patrocinada pelo ex-presidente Lula, o conselheiro do prefeito Fernando Haddad (PT), envolveu o PMDB e pode ser um entrave num eventual projeto de Marta se filiar ao partido para se candidatar.

Gabriel Chalita, o quadro mais provável do PMDB para uma candidatura municipal, aliou-se ao prefeito Haddad como secretário de Educação. Os sinais são claros: É incoerente um secretário recém-empossado e a um ano da eleição se lançar contra o atual alcaide. O próximo ano pode evidenciar outro pré-acordo: Chalita é potencial candidato a vice na chapa de reeleição de Haddad, o que, obviamente, inviabilizaria uma candidatura de Marta.

Os próximos meses mostrarão quando Marta vai se desarmar, parar de atirar e concentrar-se num projeto político pessoal, independentemente do partido que escolher. Sua saída do PT é considerada inevitável por suas recentes declarações. A conferir.

Procurada através de sua assessoria, Marta não se pronunciou.


Seguro: Planalto estuda reduzir de 18 para 12 os meses trabalhados
Comentários Comente

Leandro Mazzini

A equipe da presidente Dilma Rousseff já tem o plano B para o recuo na MP que reforma o sistema trabalhista e mexe no Seguro Desemprego.

Em vez de 18 meses (hoje são 6 meses), no mínimo, de trabalho com carteira para o(a) cidadão(a) requisitar o direito, a exigência do governo pode cair para 12 meses. Os números ainda assim são animadores para a equipe econômica do governo: mesmo com esta nova alteração, a União economizaria de imediato cerca de R$ 2 bilhões.

Os estudos já estão na mesa da presidente Dilma – e abrangem também um plano C, para redução da exigência também para 10 meses. A palavra final será da presidente. A resposta pode sair em poucos dias, como uma blindagem ao governo.

A pressão trabalhista veio forte. As centrais sindicais, em especial a CUT e a Força Sindical, programaram para hoje manifestação em Brasília. Negociavam ainda ontem se o alvo seria o Ministério do Trabalho ou o do Planejamento (para a porta do Palácio ninguém falou em ir).

A despeito do cenário, o governo acerta sua blindagem em duas frentes. Bem orientada pelo marqueteiro João Santana, a presidente Dilma, que andava sumida e calada desde a posse, encontrou o termo certo para propalar sobre a mexida no Seguro Desemprego, o que causou maior alvoroço nas ruas: ‘medidas corretivas’ – o que de fato são – e não retirada de direitos trabalhistas. Na reunião ministerial ontem, na Granja do Torto, conclamou os 39 ministros a defender seu governo contra boatos na ‘batalha da comunicação’.

Em outra frente atua veladamente o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), que tem procurado a direção das centrais para pedir cautela e abrir o diálogo, a fim de minorar o que pode ser um eventual estrago na imagem do governo as manifestações na Esplanada programadas para hoje.

O provável e iminente anúncio do Planalto sobre o recuo nas mudanças do Seguro Desemprego pode ajudar no trabalho de Dias.

Em tempo, nos planos B e C do governo, se o governo decidir reduzir de 18 para 12 ou 10 meses o período mínimo exigido de trabalho para acesso ao Seguro, haverá naturalmente um efeito cascata na proposta original. Por ela, para segunda solicitação do Seguro, o trabalhador deve trabalhar 12 meses, e para a terceira, 6 meses. Vale repetir, pelas regras atuais, 6 meses de trabalho já garantem o benefício ao brasileiro.

O RECADO DE DILMA

Na reunião ministerial, a presidente Dilma disse que elencou como uma das prioridades junto ao Congresso este ano uma lei para fazer do caixa 2 um crime.

Em entrevista à TV Cultura em 2005, o então presidente Lula negou o Mensalão, mas admitiu caixa 2 no PT.

O então líder do PT na Câmara no início de 2014, José Guimarães (CE), em entrevista à REDEVIDA de TV em Brasília, disse que não acreditava no fim do caixa 2 mesmo com a reforma política.

O RECADO DO LADRÃO

Deu no Blog do Rigon: bandidos levaram R$ 20 mil de um cofre de uma farmácia em Maringá (PR), e de quebra, telespectadores dos programas policiais das TVs locais, mandaram recado para os apresentadores: :Parem de meter a boca nos bandidos e falem mal da Dilma e dos prefeitos que roubam.

Este caso lembra outro, surreal, revelado pela Coluna no início do ano passado, ocorrido em Paraipaba, litoral do Ceará. Na madrugada de 29 de Outubro de 2013, um bando explodiu os caixas da única agência bancária, e acordou o povo.

Na colheita do que sobrou do dinheiro arremessado aos ares, os ladrões pouco pegaram e o restante do ‘trabalho’ foi feito por moradores eufóricos.

Dias depois, conta um amigo próximo dos investigadores, chegou à delegacia uma carta dos criminosos. Nela, eles disseram que não voltam mais: ‘Gastamos R$ 71 mil com o assalto e só recolhemos R$ 36 mil. Esse povo da cidade é muito ladrão!’.

A polícia fez uma varredura na cidade. Foram devolvidos por ‘moradores-assaltantes’ um computador e uma TV Led levados no entra e sai na agência do Bradesco.


Cunha x Chinaglia, e o Petrolão na Câmara
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O caminho do Poder na Câmara passou por Minas Gerais nos últimos dias.

Candidato do Palácio do Planalto à Presidência da Câmara dos Deputados, o petista Arlindo Chinaglia (SP), que já ocupou o cargo, almoçou ontem com bancada suprapartidária de 15 parlamentares em Belo Horizonte. Repetiu assim o roteiro feito pelo rival Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que passou pela capital mineira na quinta e sexta-feira em encontros similares. Ambos foram pedir bênçãos da forte – e esquecida pelo governo federal – bancada de Minas Gerais para a disputa do dia 1º de fevereiro.

Mais que a rota traçada pelos adversários, a polaridade Cunha x Chinaglia traz à tona uma disputa até então velada ano passado: a ala independente do ‘aliado’ PMDB, junto à oposição, versus PT e a base governista.

Corre por fora o mineiro Júlio Delgado (PSB), como terceira via, e apoiado por descontentes não ligados a Cunha e Chinaglia, ou ao grupo oposição x governo (não se pode desconsiderar Delgado. Todos se lembram no que deu essa disputa de base x oposição de poucos anos atrás que trouxe da noite para o dia, do submundo da Câmara, a figura de Severino Cavalcanti sentado na principal cadeira da Casa. Obviamente, cenários e personagens não se repetem; Delgado não tem qualquer similaridade com o perfil do ex-deputado pernambucano apeado do cargo).

Cunha mostrou poder na quinta e sexta, em jantar e almoço, paparicado também por base suprapartidária. Mas Chinaglia, mais prestígio ainda, e mostrou ontem que surge como forte adversário do deputado carioca que já se gabava da eleição fácil. Ninguém menos que o governador Fernando Pimentel deixou o gabinete e juntou-se ao séquito num restaurante de BH para ouvir as propostas de Chinaglia.

No pano de fundo, não apenas tornou-se uma disputa entre oposição & ala da base descontente x base governista, mas em especial o debate norteia os rumos de como a Casa vai tratar o Petrolão.

A lista de parlamentares propinados do doleiro Alberto Youssef será revelada em breve pela PGR, e sabe-se que muitos são os envolvidos na Câmara, inclusive os com mandato renovado. Cunha propôs uma versão 2.0 da CPI do Petrolão especial na Casa, e já fala no linha-dura Jair Bolsonaro (PP-RJ) como relator. A turma aplaudiu.

Ontem, Chinaglia disse que não tem medo de CPI, mas deixou entrelinhas que atuará junto com o Planalto para barrar a investigação, ou controlá-la, para que o óleo sujo a propina jogado na Casa não escorra para o piso do terceiro andar do Palácio do Planalto do outro lado da avenida.

Enfim, Cunha x Chinaglia tornou-se também uma disputa de prós e contra a CPI do Petrolão e suas consequências.


O PT escancara sua autofagia
Comentários Comente

Leandro Mazzini

dom

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

Conhecido desde sua fundação pela coerência programática e aliança ideológica incondicional entre seus pares, o Partido dos Trabalhadores chegou a 2015 surrado por um 2014 que começou a mostrar as entranhas de uma legenda rachada entre Dilmistas – os seguidores da presidente da República – e Lulistas, o séquito fiel ao ex-poderoso comandante em chefe da nação. Entre eles, as duas maiores estrelas hoje do PT se aceitam, se admiram, discutem, embora nos bastidores se estranhem também, contam aliados próximos, o que é natural no jogo do Poder. Fato é que inevitavelmente o PT passou a escancarar sua inédita autofagia aos holofotes do País.

E isso causou consequências. Drásticas e imediatas. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, mal saiu da cadeia, publicou em seu blog recados de que a economia vai mal porque o governo erra na política de juros e aumento de impostos. Uma semana antes, a ex-ministra da Cultura Marta Suplicy já dera o seu, em entrevista ao Estadão: em outras palavras, o PT acaba se continuar assim.

Ela sabe o que acontece das hostes à cúpula do partido, e em especial referiu-se veladamente a este racha entre dilmistas e lulistas. Marta já não se dava bem, sem segredos, com o chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante, seu rival direto na disputa pela prefeitura ou governo de São Paulo. Além das críticas na entrevista ao governo, já saíra soltando veneno contra a presidente Dilma na nota oficial de seu pedido de demissão.

Foi Marta escancarar o embate interno para Paulo Vannuchi, o fiel escudeiro de Lula, vir a público dizer o que pensava em gabinetes fechados: Ela agiu de maneira sórdida, disse em entrevista.

Aliás, outro que usou entrevista para desabafar contra o jeito Dilma de ser, o então ministro Gilberto Carvalho, o olheiro de Lula no Palácio do Planalto, mandou na lata que faltava competência ao governo. E quem governa? A chefe na sala colada à dele. Foi chamado às falas e demitido dias depois da entrevista, em conversa ríspida com a comandante em chefe. Ele negou, negou veemente a demissão, que se confirmou no último dia do ano.

Sobe a cortina e luz no palco petista: em cena, a disputa pela indicação do candidato a presidente do País e do controle do partido a partir de 2018. Desde já, fica evidente que Dilma, ao imprimir o seu modelo de governo com sua equipe 100% escolhida por ela, torna-se uma figura de peso dentro do PT para indicar um candidato, ao passo que Lula, se não for candidato, também o fará. Obviamente Lula e Dilma não disputarão (espera-se) esse troféu de quem vai escolher o candidato; mas, voltemos ao teatro petista, o embate entre dilmistas e lulistas vai colocar fogo no palco.

Lula pode bater no peito e falar em alto e bom som, do jeito que gosta: Nunca antes na história deste País o PT brigou tanto pela imprensa.

OAB X DIRCEU

Após o Conselho Federal segurar e empurrar para São Paulo o caso, a seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil deu seguimento à tramitação de um processo de cassação da carteira de advogado José Dirceu – protocolado quando era apenado, há mais de ano.

A OAB deu prazo de 15 dias, a partir do último dia 16, para Dirceu apresentar sua defesa, e então marcará o julgamento.

Ainda cumprindo pena, agora em regime aberto, Dirceu conta com o registro para advogar e até como credencial para consultoria – pela revelação de sexta, a atividade de abre-portas no governo para empreiteiras amigas tem rendido milhões.

Tags : PT


Petrolão é meio caminho. Youssef tem a lista de ouro dos paraísos fiscais
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - http://aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

Toda essa encrenca que mobiliza o Poder político e empresarial da nação começou com uma cirúrgica operação da Polícia Federal em Brasília, a Miquéias, em final de 2013, que levou à cadeia o doleiro Fayed Traboulsi. O alvo da operação era uma lavanderia (sem trocadilho) que também operava como casa de câmbio dentro de um posto de combustíveis no coração da capital federal, e onde poderosos lavavam seu dinheiro. Um dos alvos era Carlos Habib Chater, o proprietário do posto e parceiro de Fayed.

À ocasião da Miquéias o mundo quase caiu sobre a cabeça de muitos engravatados de Brasília. Fayed é considerado o doleiro de 10 entre 10 abastados políticos corruptos e patriarcas de clãs conhecidos da província. É tanto dinheiro envolvido que o doleiro desfilava sem receios com uma Ferrari, uma Maserati, um Porsche, e navegava sobre o Lago Paranoá numa lancha considerada a maior do País, avaliada em US$ 5 milhões.

Mas Fayed, para a PF, era só um caminho, a trilha para o pote de ouro, ou o ‘boi de piranha’. Àquela altura, já trabalhava incessantemente em seu gabinete o juiz federal Sérgio Moro, e em parceria com os federais, conseguiu enfim chegar ao alvo em março de 2014: Alberto Youssef, considerado o maior doleiro do Brasil, para quem Fayed atuava em Brasília.

A Operação Miquéias foi uma ‘cortina de fumaça’ para não espantar o alvo principal e em especial apreender importantes documentos de Fayed que levariam a Justiça Federal a Youssef, e isso aconteceu. Com a Operação Lava Jato – em menção à lavanderia do posto de gasolina (lembram?) – a perícia da PF e o juiz Moro botaram a mão em pilhas e pilhas de documentos ainda hoje analisados pelos quais cai metade da República.

Foi pela Lava Jato que, coincidentemente, a PF chegou à ligação de Youssef com um dos seus principais clientes, Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras – e dali puxou o fio, prospectou, foi ‘furando o poço’ até achar a mina de corrupção na estatal e descobrir o tamanho do rombo que hoje chamamos de petrolão. Quase acidentalmente – digo quase porque Costa já era monitorado – o petrolão foi descoberto, trazendo à tona, através da operação de Youssef com Costa, a lavagem de dinheiro dos contratos fraudulentos da Petrobras. E dali revelou-se uma gama de importantes nomes de mandatários e empreiteiros.

Engana-se, porém, quem considera missão cumprida o cerco judicial a essa turma. O petrolão na verdade é o meio do caminho. O petrolão é um bom achado no mar de lama em que a Justiça pôs a mão. A Lava Jato pretende revelar, sob a força-tarefa do juiz Sérgio Moro, a maior rede de lavagem de dinheiro do País, com mapeamento e cerco à maioria das contas em paraísos fiscais operadas por Youssef para empresários e políticos – e não os mesmos do petrolão. São contas na Suíça, Ilhas Jersey, países do Caribe. Já tem tubarão com conta bloqueada no exterior e respirando veladamente por aparelhos no Brasil. Os advogados criminais nunca tiveram tanto trabalho – e nunca ganharam tanto dinheiro na defesa.Vem mais por aí.

Em suma, há dois tipos de pessoas muito preocupadas com o doleiro preso Alberto Youssef. Os da lista que o Procuradoria Geral da República e o STF vão revelar em breve e serão visitados pela PF às 6h de qualquer dia. Essa turma é a do varejo, da propina para pagar as continhas com o dinheiro do petrolao. E a lista maior, que a PF tenta arrancar, principal motivo da prisão do doleiro. Os poderosos que usaram seu serviço para abrir contas em paraísos fiscais e lavar dinheiro. Essa é a turma do atacado. É o pote de ouro. São clãs inteiros de empresários e políticos, alguns deles intimamente ligados.


Fundação de Amparo ao Preso no DF estuda linha de crédito para ex-apenados
Comentários Comente

Leandro Mazzini

A Fundação de Amparo ao Preso (Funap), subordinada à Secretaria de Justiça do DF, tem novo diretor. É o advogado Paulo Fernando Melo, que enumera à Coluna uma série de mudanças pré-aprovadas no âmbito da Fundação em prol do bem estar dos detentos e de familiares. A começar pelo nome. Paulo vai propor em projeto de lei à Câmara Distrital que seja titulada Fundação de Amparo à Pessoa – ‘É mais humano’, diz.

O maior desafio é aprovar uma ‘porta de saída’, uma lei que ofereça crédito de R$ 1 mil a ex-detentos e os que cumprem pena em regime aberto, para que possam empreender. Paulo Fernando tentará um convênio com o BRB – Banco de Brasília, e com o Banco da Providência, da Arquidiocese da capital.

Há no Distrito Federal 14 mil encarcerados nos regimes fechado e semiaberto – 13 mil são homens. A principal mudança a curto prazo será a melhoria do sistema de visitas, garante o novo diretor.

Hoje, familiares chegam a pernoitar junto ao muro do complexo penitenciário da Papuda em fila que alcança quilômetro, para visitar detentos no dia seguinte (são às quartas e quintas). A ideia é distribuir senhas nos postos Na Hora do GDF e em postos móveis a serem criados, espalhados pela capital e Entorno. ‘Com o tempo será feito pela internet’, adianta Paulo Fernando.

A Funap também prepara um pacote de benefícios aos detentos em regime semiaberto como programas de trabalho voltado aos presos deficientes físicos, reativação das oficinas internas, como as fábricas de bolas e redes (estão aos cacos, abandonadas pela última gestão) – ‘Vamos oferecer material esportivo para aproveitamento nos Jogos Olímpicos’, ensaia o novo diretor.

Mulheres poderão fabricar bijuterias – e algumas delas, em regime semiaberto, serão oferecidas como copeiras para cada gabinete de deputado distrital na Câmara Legislativa. A Funap também pretende empregar detentos do semiaberto como pedreiros e pintores nas reformas de escolas que o governador Rollemberg (PSB) pretende tocar.