Coluna Esplanada

Família de vítima da ditadura vai à Justiça por exumação e novo laudo

Leandro Mazzini

abelardo

Esta história revela a segunda morte de uma vítima do regime militar, mas desta vez sob a tutela da Comissão  Nacional da Verdade.

A família de Abelardo Rausch de Alcântara, tido como subversivo nos arquivos militares da ditadura, vai apelar à Justiça Federal para um novo laudo relatando a verdadeira causa da morte do ex-bancário da Caixa, em 12 de fevereiro de 1970 sob custódia da Polícia do Exército, em Brasília.

Com autorização da Justiça, legistas da Comissão Nacional da Verdade anunciaram que seria feita a exumação ano passado, mas a CNV entregou o relatório à presidente Dilma e nada foi realizado.

O mais curioso dessa história é que a CNV assumiu o caso após minuciosa pesquisa de 18 meses de estudante de jornalismo da Católica de Taguatinga (DF), Jussara Santos.

Diante do desdém de pesquisadores, historiadores e do próprio Governo, Jussara investigou a fundo, fez dezenas de entrevistas, ouviu a família, e descobriu a verdade.

Abelardo foi acusado de roubar dinheiro da agência. Preso pela Polícia do Exército, espancado até a morte. O dinheiro apareceu depois no banco, e a Caixa nunca explicou.

‘Não temos esperanças que façam alguma coisa para mudar a história inventada sobre meu pai. Só queríamos resgatar a dignidade dele, comprovando que ele não era um subversivo como afirmaram. Nossa paz só poderia ser alcançada por meio de uma nova certidão, com a exumação’, diz Adriano Magno, o filho mais velho de Abelardo.

VELÓRIO OFICIAL

Ninguém mais fala na Comissão Nacional da Verdade e seu relatório – ex-subversivos, nem entidades de direitos humanos, tampouco militares ou governo. É como se a CNV se tornasse mais um fantasma do passado enterrado no túmulo da Anistia.