Patriarca faz périplo aéreo pela libertação de Odebrecht
Leandro Mazzini
Num dia da última semana de Julho um jatinho rasgou o céu da Fazenda Estrela, sobre seus 2,3 mil alqueires em Canarana (MT), e aterrissou na pista da propriedade.
A bordo, Emílio Odebrecht, dono do maior grupo empresarial do País, fundado por seu pai, o falecido Norberto.
Foi recebido pelo dono da fazenda, Iris Rezende, ex-governador de Goiás. Na condição de pai, e não de empresário, Emílio foi pedir ajuda. Quis sensibilizar Iris na tentativa de caminhos para a libertação do seu filho, Marcelo Odebrecht, trancafiado num presídio de Curitiba, alvo da Operação Lava Jato.
O que o ex-governador goiano, repousando numa fazenda de Mato Grosso, a 1.784 quilômetros de Curitiba tem a ver com o caso desvela-se no episódio que se seguiu.
Emílio soube que Iris é um dos padrinhos de indicação da goiana Laurita Vaz ao Superior Tribunal de Justiça, Corte onde repousa o habeas corpus impetrado dias antes da visita à fazenda.
Tudo em vão.
Iris tentou contato com a ministra do STJ através de amigo próximo, mas Laurita Vaz não quis conversa. O HC está sob análise da Quinta Turma, da qual ela faz parte, após ser distribuído dia 24 de julho pelo presidente de plantão à época, ministro Francisco Falcão, que solicitou mais dados à defesa para análise.
Descoberta a visita, os envolvidos tecem uma cortina de blindagem na tentativa de apagar o caso constrangedor.
Questionado, o ex-governador Iris gaguejou, e desconversou. A assessoria de Odebrecht foi seca numa resposta por email: lamentou especulações e negou. A assessoria do STJ não respondeu – a Corte não tem tradição de comentar casos envolvendo ministros.