Cunha lê ritual de impeachment e provoca PT, que questionará STF
Leandro Mazzini
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), leu nesta tarde o ritual da abertura de um processo de impeachment da presidente em resposta a uma questão de ordem do líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Foi o suficiente para o plenário lotar de súbito e começar a confusão.
Opositor do governo mas contra o impeachment, o deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) fez uma reclamação do plenário. Lembrou que a leitura por si só neste momento, com o governo fragilizado, pode parecer um golpe.
Foi a deixa para em seguida o líder do PT, Sibá Machado (AC), pedir o tempo da liderança para protestar. Indicou para discurso o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB seccional Rio, que já tinha uma defesa pronta.
Wadih lembrou que o presidente atropelou a pauta, porque o tema não estava na ordem do dia, e ele não poderia usar o tempo da sessão para responder a questão de ordem com teor dessa magnitude. Recordou ainda palavras do então deputado Nelson Jobim, de 1992, que não cabe ao presidente da Casa dar opinião sobre tal questão em sessão.
O PT vai entrar com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar esta sessão. A oposição vê com naturalidade a leitura da resposta. Partidos governistas apontam uma tentativa de mandar recado a Dilma e criar um clima para uma eventual abertura do processo.
A presidente Dilma viaja para Nova York para participar da assembleia geral da ONU e volta até o fim da semana que vem.