Presidente da CPI do Carf acusa Lula e PT de manobra para blindar Lulinha 2
Leandro Mazzini
Atualização Terça, 8/12, 18h30
Presidente da CPI do Carf, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) está irado com a entrevista do ex-presidente Lula à GNews, quando disse que o filho terá de provar sua inocência. Ataídes já tentou convocar Luís Cláudio duas vezes e o PT barrou.
''Esse cidadão é mentiroso e demagogo de marca maior'', solta Ataídes sobre Lula. ''Disse que o filho vai ter que provar que não cometeu crime algum. Mas tem feito pressão pesada nos bastidores para o rapaz ser convocado pela CPI''.
O filho foi apontado pela PF como suspeito de ganhar R$ 2,4 milhões de um escritório de consultoria, ligado a montadoras de automóveis, que foi beneficiada por medida provisória nº 471 editada no governo de Lula. (A Coluna errou ao citar anteriormente a suspeita de triangulação entre a edição da MP, o escritório e o serviço prestado por empresa de Luís Cláudio ao escritório de lobby).
O escritório de Luís Cláudio em São Paulo foi alvo de operação de busca e apreensão pela Polícia Federal, na Operação Zelotes (que apura crimes relacionados ao Carf). Luís Cláudio também depôs à PF, por ordem da Justiça Federal. Ele não foi indiciado e a PF não encontrou provas que o ligassem ao caso da MP.
O Instituto Lula não quis se pronunciar.
A assessoria de Luís Cláudio divulgou a seguinte nota para elucidar o caso, assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins:
''Os advogados de Luís Cláudio Lula da Silva vêm a público reiterar que seu cliente prestou, em 4/10, esclarecimentos ao Delegado de Polícia Federal Marlon Cajado – que preside os inquéritos da “Operação Zelotes” – e forneceu sólidos fundamentos que permitem afastar as suspeitas que foram de forma injusta e precipitada lançadas sobre a prestação de serviço executada por sua empresa, a LFT Marketing Esportivo, à Marcondes & Mautoni. O depoimento concentrou-se em fatos. Não em declarações contraditórias e vazias, como se quer fazer crer agora.
Depois de sete meses de investigação, a PF não havia atribuído a Luís Claudio qualquer conduta ilícita no relatório apresentado à Justiça. Na instauração do inquérito, na Portaria correspondente, também não há qualquer descrição de conduta irregular de nosso cliente. O que existe é a mera ilação do Ministério Público, como apontou a Desembargadora Nilza Alves, que considera ''suspeito'' o recebimento de valores da Marcondes & Mautoni. Nada mais. A razão desse recebimento já foi apresentada.
A LFT jamais teve qualquer relação, direta ou indireta, com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). A simples observação da data de sua constituição basta para afastá-la de qualquer envolvimento com as suspeitas levantadas de relação espúria com os fatos investigados no âmbito da Operação. A LFT foi constituída em 2011 e a prestação de serviços da LFT para a Marcondes & Maltoni ocorreu entre 2014 e 2015 – mais de 5 anos depois da edição da MP 471 e sua atuação está restrita ao âmbito de marketing esportivo.
Luís Cláudio confirmou:
1. Ter prestado serviços para a M&M, através da LFT e informou ter chegado a essa empresa quando procurava patrocínio no setor da indústria automobilística, medida necessária pela perda do patrocínio da Hyundai, após 2 anos de participação no “Torneio Touchdown”. Registrou nunca ter tido, até então, nenhum contato com o Sr. Mauro Marcondes e que foi no campo estritamente profissional a natureza da relação que se estabeleceu;
2. A existência de contratos entre a LFT e a M&M, o que ficou provado pelo confronto com material de informática apreendido pela PF, quando da busca e apreensão nesta última empresa. Ao final dos trabalhos, foram entregues relatórios sobre cada um dos projetos elaborados. Luís Cláudio ressalvou que os trabalhos eram originais dentro de sua área de atuação, demandando horas de pesquisa, avaliações setoriais e elaboração propriamente dita. O foco, em grande parte, estava relacionado à Copa do Mundo FIFA 2014 e às Olimpíadas 2016. O material foi colocado à disposição da PF no dia 4/10 e efetivamente entregue, por seus advogados, na Superintendência de São Paulo, no dia seguinte ao depoimento;
3. Ter recebido pagamentos – e não repasses – da Marcondes & Mautoni entre junho de 2014 e março de 2015, à medida que os trabalhos contratados foram executados. Disse que todos os valores foram declarados à Receita Federal e que houve a emissão de notas fiscais, com os devidos impostos recolhidos. Informou também que já usou parte substancial para viabilizar o “Torneio Touchdown” e continuará a dispor do capital para essa finalidade, porque acredita no negócio e no seu potencial de desenvolvimento no País.
4. Mostrou que sua expertise não se restringe à formação superior em Educação Física, mas tem lastro na prestação de serviço, por 5 anos ininterruptos, em 4 dos mais destacados clubes de futebol do País – São Paulo Futebol Clube, Sociedade Esportiva Palmeiras, Santos Futebol Clube e Sport Club Corinthians Paulista. Já como proprietário da LFT Marketing Esportivo, nosso cliente prestou, por cerca de 2 anos, assessoria ao Corinthians, trabalho que teve por objeto, dentre outras frentes, o desenvolvimento do esporte amador e a captação de patrocínio privado. Ele mencionou também a experiência de organização, nos últimos 4 anos, de um campeonato nacional de futebol americano, conhecido como “Torneio Touchdown”. Desta liga participam, dentre outros, os seguintes times: Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama, Santos, Portuguesa e Corinthians;
5. A LFT não tem corpo de funcionários no regime CLT e, para os trabalhos em questão, não houve subcontratação ou terceirização de outras empresas, o que poderia ter ocorrido, se houvesse a implementação dos projetos ofertados.
Se havia alguma dúvida, o depoimento – como o ocorrido e relatado – mostra-se suficiente para superá-la e afastar a existência de qualquer ilegalidade. As suspeitas, estas sim, são vazias. De qualquer forma, Luís Cláudio sempre colaborou e continuará a colaborar com as autoridades''