Ex-presidente da Câmara escreve livro “Barrigadas da imprensa”
Leandro Mazzini
Meia à brinca, numa primeira referência, mas sério na segunda citação, o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS) fez uma revelação na noite de terça-feira, 5. Vai escrever um livro sobre “as barrigadas da imprensa” e já faz pesquisa. Os interlocutores foram este repórter e a jornalista Denise Rothenburg, no making off do programa Frente a Frente, na REDEVIDA.
No jargão jornalístico, barrigada significa notícia falsa ou mal apurada. Acontece, embora a imprensa, ele próprio reconhece, acerta muito mais do que erra. Apesar da página virada ao deixar o terceiro cargo mais importante do país, o parlamentar não perdoa alguns jornalistas e veículos que publicaram notícias consideradas fantasiosas a seu respeito. “Não coloco toda a imprensa no mesmo balaio”, ressalta.
Ele nega que tenha tido relação difícil com a presidente Dilma: “Chegamos a nos ligar diariamente para negar isso; Trabalhei com ela em Porto Alegre” (na administração Alceu Colares). Ficou irado quando blogs divulgaram nota falsa de que criaria uma engraxataria de luxo na Câmara, e também que pedira ministério à presidente, ou em outro caso, cargo para apadrinhado no Banco do Brasil. Nega tudo veemente.
Por essas e outras, diz Maia, ele vai escrever a sua versão e eternizar em livro sua crítica ao jornalismo inventivo.
Entre os 513 deputados federais, Marco Maia teve ascensão meteórica. Ex-metalúrgico e torneiro mecânico, surgiu político e foi eleito deputado em 2006. Com discurso lapidado no movimento sindical, o filho de Canoas (RS) deixou de ser mais um entre tantos com longos mandatos e grandes poderes no Congresso. Em 2007, no primeiro mandato, surpreendeu ao tocar com rigor a relatoria da CPI do Apagão Aéreo, que o alçou aos holofotes. No segundo mandato enterrou as pretensões de Candido Vaccarezza (PT-SP) tornar-se presidente da Casa e subiu ao posto.
De volta ao plenário, Maia afirma que está feliz com sua carreira política. E que não cobiça algo por ora. Sem vaga para o Senado em 2014, deverá se dedicar à reeleição para deputado. Questionado sobre o salário de deputado, acha um valor justo os R$ 26 mil. Daqui a dois anos, se apresentará às urnas com pompas de quem sentou na cadeira da Presidência da República por três ocasiões nos últimos dois anos, por força do cargo e da ausência dos titulares.
O dia mais feliz da sua vida? “Quando ocupei a presidência pela primeira vez, numa viagem de Dilma, e recebi uma ligação do (ex-presidente) Lula, que me disse: estou te ligando para parabenizar porque tu és o segundo torneiro mecânico a sentar nesta cadeira”.
Liberto das dezenas de compromissos do cargo que ocupou, o parlamentar agora se debruça sobre a mesa para destilar no papel o que vem por aí. Sem revelar detalhes, qualquer previsão seria uma barrigada.