Coluna Esplanada

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Paraguai também quer verba do BNDES para obras
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Leandro Mazzini

Com a generosa oferta presidencial, com o talonário do BNDES, para obras em países de governos amigos – como Cuba e alguns da África – não seria surpresa que o apetite das empreiteiras e de outros chegasse a Brasília.

Agora é a vez dos paraguaios reivindicarem um lugar na lista das benesses. Baixaram ontem em Brasília os ministros da Indústria, Gustavo Leite, e de Obras Públicas, Ramón Jiménez. Segundo boletim de suas assessorias, ‘manteriam várias reuniões a fim de captar recursos para o País’ vizinho.

O périplo dos ministros ontem e hoje envolve em especial a sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a sede do BNDES. A incursão à CNI naturalmente suscita uma agenda de interesses comerciais e empresariais, mas ao bancão remete ao apetite por fomentos diretos.

A novidade é que de anos para cá todas encontraram no BNDES e no aval da Presidência da República – sob as gestões de Lula e a atual, de Dilma Rousseff – a anuência para financiamentos bilionários nem sempre transparentes, como é o caso do porto de Mariel, em Cuba, que recebeu US$ 682 milhões do bancão via Odebrecht. A América Latina vive uma efusão de grandes obras públicas, muitas delas tocadas por grandes empreiteiras brasileiras como OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa.

Para citar dois casos, a Odebrecht amplia o metrô de Caracas, na Venezuela; Pepe Mujica, presidente do Uruguai, abriu licitação para construção via PPP de uma penitenciária em Montevidéu, e brasileiras entraram na disputa. Equador, Bolívia e Colômbia completam o rol de obras das brasileiras que recorrem ao banco. Os paraguaios sabem onde pisam e querem entrar para a patota.

A vinda dos ministros é mais um passo da tentativa de aproximação do novo presidente, Horácio Cartes, com a presidente Dilma. Cartes é um figurão bilionário no país hermano. Dono da Tabesa, tarimbada na lista secreta das autoridades policiais brasileiras na remessa de cigarros contrabandeados para o Brasil. Concorrentes brasileiras indicam que a empresa de Cartes sonega descaradamente uns R$ 3 bilhões por ano em impostos no Brasil – imagine, então, quanto deve faturar.

Um detalhe, na posse de Cartes ano passado baixou em Assuncion no jatinho do clube o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell, que caiu esta semana. São amigos de longa data. Em suma, é plausível dizer que a relação de Cartes com Rosell é tão misteriosa quanto a doação do BNDES para obras no exterior.

PONTO FINAL

No País da piada pronta: Sobre o golpe de R$ 20 milhões na Educação do Governo do DF, em 2004, 10 anos atrás, a Polícia Civil já desconfiava de encomenda de creche de 1.900 fraldas em….açougue. Mas a investigação só começou em 2011 e só ontem a quadrilha foi presa.

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Dinheiro brasileiro mergulha no Caribe
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Leandro Mazzini

Hoje é o Dia do Cooperativismo em Cuba, toda terça o é. Foi uma maneira de os Castro iniciarem a abertura para a esperada transição – a volta ao capitalismo, após a utopia socialista de um feito histórico contra o imperialismo. Mas a ideologia ficou lá atrás, os irmãos Castro enriqueceram e o povo não, e naturalmente entenderam a pressão popular por melhores condições de vida, a despeito da idolatria ao mito vivo. E gradativamente os donos da ilha vão cedendo ao modelo que rege o mundo, enquanto contam com as colaborações de presidentes amigos (e generosos), com dinheiro alheio.

Um destes amigos é o governo brasileiro. Em Cuba, a presidente Dilma Rousseff acaba de inaugurar o porto de Mariel, a 70km de Havana, construído pela Odebrecht com financiamento de US$ 682 milhões do nosso BNDES – ontem na inauguração a presidente anunciou disposição de conceder mais US$ 300 milhões. Ou seja, o dinheiro do povo brasileiro nada de braçadas no Caribe, enquanto os portos brasileiros afundam na própria infraestrutura ruim, propala a oposição. Já governistas apontam que o porto poderá ser entreposto de produtos brasileiros para os EUA e México, com a aguardada abertura comercial e o fim do embargo americano.

Um amigo da Coluna voltou este mês de Cuba, esteve com oposicionistas e governistas. Diz que a abertura é questão de tempo – talvez após a morte de Fidel, não o fazem ainda por respeito. O irmão, o presidente Raúl Castro, é incentivador convicto. Promove paliativos econômicos para os cubanos – como autorização para comprar táxis, carros usados e novos. E às terças, os trabalhadores podem comprar a produção para revender por 50% do valor. Os produtores rurais (campesinos) podem levar uma parte da produção para venda no comércio local ou em feiras.

O curioso em Cuba é notar que a idolatria a Fidel se transfigurou também no falecido Hugo Chávez, considerado por eles ‘o nosso melhor amigo’. Cartazes e outdoors com fotos do bolivariano se espalham pela capital, exaltando o apoio petrolífero à ilha caribenha. Chávez doava milhões de barris de petróleo por ano a Cuba.

Com o presente brasileiro para Cuba no porto de Mariel, uma decisão do então presidente Lula, não é exagero dizer que o petista quer entrar para o hall da fama – ou dos outdoors – nas ruas do regime aliado. A situação é essa: nosso dinheiro mergulha bonito no lindo mar do Caribe, e o brasileiro se vira aqui – a alto preço – com a sua caixa d’água. Quando não falta água.

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As amigas do bancão e a chance do MPF
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Leandro Mazzini

Um caso que faria do Ministério Público um herói nacional, se for a fundo na trilha dessa mata repleta de armadilhas com o dinheiro popular.

As trilhas sinuosas desembocariam neste cenário: as grandes empresas amigas e financiadoras do governo engendraram triangulação para ganhar dinheiro do BNDES sem precisar se endividar com o bancão. Em suma, o financiamento vira doação.

Essas empresas pegam o empréstimo com o BNDES à vista – com valor bem superior ao que vão usar numa aquisição – e aplicam o restante em LTN (Letras do Tesouro Nacional). Como é um título de renda fixa e retorno garantido mensal, as empresas usam o lucro para pagar as parcelas do empréstimo ao… BNDES.

Um caso recente: um conglomerado tupiniquim conseguiu US$ 300 milhões do bancão para comprar uma empresa na Argentina, que lhe custou US$ 100 milhões. Com os US$ 200 milhões restantes, a empresa aplicou em LTN, cuja alta rentabilidade tem garantido não apenas honrar as parcelas do empréstimo como enche de bônus os bolsos de seus executivos.

A Coluna procurou a assessoria do BNDES com as seguintes questões:

Uma empresa com plano de financiamento aprovado pelo BNDES para aquisição de outra pode receber à vista um valor superior ao estabelecido? Se positivo, quais os critérios para isso? O BNDES, ao conceder um financiamento vultoso, para empresa nacional adquirir outra, deve acompanhar a transação, mesmo quando não sócio? O BNDES tem ciência de casos de aplicação de verba direta de financiamento adquirido por uma empresa em LTN?

A assessoria se resumiu a responder que não ficou clara a demanda. Talvez o MP, numa visita aos papéis do bancão, possa explicar melhor.

MR. PALOCCI

Até os próprios petistas da cúpula do partido estão intrigados. Há alguns meses Antonio Palocci mora em Londres, e suas atividades são um mistério. Certeza é de que, de lá, tem falado muito ao telefone com o ex-presidente Lula.

Palocci foi ministro da Fazenda de Lula, até cair por mandar violar o sigilo bancário de um caseiro de Brasília, e ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, até cair, novamente, desta vez por uma compra de apartamento em São Paulo não condizente com seus ganhos (R$ 6 milhões, vale lembrar, são o custo de um sinal para o tipo de imóvel que escolheu).

O recente histórico de biografia de Palocci o inseriu no grupo da estirpe de José Roberto Arruda, o ex-governador de Brasília. É a turma do poder que não se regenera. Tal como Palocci, Arruda teve duas chances de cravar seu nome no Poder nacional, sem manchar a imagem. Em vão. Quando senador, afirmou da tribuna que não havia lido a lista do painel violado na votação que cassou Luiz Estêvão. Pego na mentira, renunciou. Numa reviravolta política e eleitoral, foi alçado a governador de Brasília em 2007. Vida nova, nova chance.. que nada. Foi filmado com dinheiro de caixa 2 e depois tentou coagir testemunha de operação policial. Sucumbiu novamente.

ASSALTO À HERDEIRA

Quem revelou foi a Coluna do Dr. Petta, publicada no conhecido Jornal Pequeno, o mais lido do Maranhão: uma filha da governadora do Estado, Roseana Sarney (PMDB), foi assaltada há duas semanas em São Luís. “A filha de Roseana estava chegando ao restaurante Kitaro, em companhia de uma amiga, na noite de terça-feira, 14, quando foi atacada pelo assaltante identificado como ‘De Menor’, que levou dela uma bolsa com documentos, dinheiro e um IPhone”. Segundo o colunista, a assessoria de Roseana negou a informação, mas o jornal foi a fundo:

“A Polícia tomou conhecimento do fato e conseguiu rastrear o assaltante pelo GPS do celular da vítima, chegando a ir à casa dele, na Ilhinha, onde foi informada de que ‘De Menor’ tinha fugido para a área da Vila Embratel.   Não houve registro do fato, mas a CPTUR (Companhia de Policiamento de Turismo) tomou conhecimento do assalto”.

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Gasto com projeto do trem-bala pagaria 1,3 mil casas populares
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Leandro Mazzini

Anunciado com pompa pelo ex-presidente Lula há seis anos, o trem-bala Rio-São Paulo virou uma locomotiva  de gastos antecipados. Apenas o estudo de viabilidade de R$ 28,9 milhões para respaldar a malsucedida licitação de Maio de 2011 pagaria 1.313 casas populares do ‘Minha Casa, Minha Vida’ – ao custo básico de R$ 22 mil, cada.

O projeto saiu de novo dos trilhos abstratos: O estudo milionário corre risco de ser anulado e até hoje ninguém se interessou pelo plano de parceria. Nem aqui, tampouco em Nova York e Londres.

Detalhado para investidores estrangeiros em dois eventos titulados “Brazilian Infrastructure Forum 2013” , não houve nenhum interesse concreto pelo projeto no roadshow de Nova York, dia 26 de Fevereiro, e Londres, no último dia 1º de Março, ambos promovidos pelo governo.

O evento em Londres contou com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no lugar de Guido Mantega, ministro da Fazenda. Por dois motivos cruciais. Mantega seria o apresentador dos megaprojetos do governo para investidores, mas alvo da imprensa britânica – com pedra e gravador na mão – ele foi preservado. E a presença de Coutinho foi um sinal claro do governo de que o bancão pode literalmente bancar a obra e concedê-la para operações.

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INTERVENÇÃO BRANCA

Um acordo discreto na poderosa Assefaz, o plano de saúde de cinco categorias de servidores federais, manteve por ora a entidade longe da mira do MP. O novo conselho administrativo, presidido por Carlos Viriato, pressionou o presidente da Associação, Hélio Bernardes, e conseguiu a saída de Rosana Ribeiro da Superintendência-Geral.

ROMBO

Operadora da gestão Bernardes, ela e o presidente ficaram na mira do conselho, que acusa gestão temerária. O novo conselho deliberativo deve fazer auditoria nas contas. Há suspeita de perdas de R$ 30 milhões apenas em 2012.

ALERTA

Os hospitais de Alagoas entraram em alerta. O estado é o que mais amputa pés de vítimas de diabetes – são mil por ano – segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, registrou o Tribuna Independente.

CADÊ ELE?

Sumido dos holofotes desde que o Pibinho passeia pelas páginas, há dois anos, e a indústria cambaleia, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, deu uma boa nova para Juiz de Fora: a megafábrica da Mercedes pode voltar a produzir.

IMAGINE A CENA

Dia 1º de Março, um lavrador entrou numa delegacia de Simão Dias (SE) e denunciou sujeito que transou com sua mula. O tarado atende pelo nome de Val Aleijado.

SOM NA CAIXA

Os organizadores dos shows de Paul McCartney estão preocupados. Sem grandes patrocinadores, há risco de ele ficar no alambrado. A Fiat recusou pagar R$ 5 milhões.

MIT BRAZUCA

O Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA) prepara seu primeiro grande evento internacional extra-salas. Promoverá o AEROBRASIL 2013, com debates, palestras, workshops sobre soluções e tendências tecnológicas para o setor aeroportuário brasileiro. No auditório da Fecomércio dia 27 de Junho.

MUNDO & INOVAÇÃO
O Professor da Columbia University e Ibmec, Marcos Troyjo, fala nesta terça em Copenhage, Dinamarca, sobre “O Futuro da Inovação nos Mercados Emergentes”. A palestra se dá no âmbito da conferência Front End of Innovation 2013, um dos principais eventos de novas tecnologias da Europa. Troyjo mostrará como alguns mercados emergentes estão deixando para trás a fase de crescimento por adaptação criativa e inaugurando uma nova era intensiva em inovação.

PONTO FINAL

E o governo continua a acreditar que alta de consumo é qualidade de vida.