Coluna Esplanada

Arquivo : Eduardo Braga

Confraria do Jaburu não desiste do Ministério da Integração
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Leandro Mazzini

A Confraria do Jaburu está de plantão em Brasília desde sábado e reuniu-se na noite de domingo para um jantar na residência oficial do vice-presidente Michel Temer.

Completam o time os senadores Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do Governo no Congresso, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do partido, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Do cardápio saíram cenários para o Parlamento este ano, para as eleições e em especial a demanda da legenda para tentar abocanhar o Ministério da Integração – antigo celeiro do PSB e agora mais para o neoaliado PROS dos irmãos Ciro e Cid Gomes.

Os caciques da confraria esperam que a presidente Dilma chame o vice Temer para conversar nos próximos dias. Se ela tocar no assunto, o nome indicado da bancada para a Integração, como notório, é o senador Vital do Rego (PMDB-PB). Do contrário, os pemedebistas descobrirão o que os ventos palacianos sopram na Esplanada: que o partido não tem mais essa bola toda com a dona da caneta.

‘Não vamos cobrar nada’, diz Eunício. ‘Mas nosso consenso de bancada (do Senado) é o senador Vital do Rego’. O problema é que a bancada do PMDB da Câmara não topa.

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À PAISANA

Sem o bottom, a senadora Vanessa Grazziotin (AM) não foi reconhecida e gastou o latim para almoçar num restaurante da Câmara. O gerente foi à mesa para comprovar.

NOVA (VELHA) INFRAERO

A Infraero vai promover a granel a sua reestruturação, redesenhada pela consultoria de Vicente Falconi, o pai do ‘Choque de Gestão’. O plano inicial era corte e enxugamento de custos, mas a gritaria da boquinha mudou o rumo. Começa em março e vai até setembro, em quatro etapas. Ninguém será demitido, apenas redirecionado.

Serão extintas as Diretorias de Administração, de Operações e de Planejamento; mas a turma ganha as Diretorias de Aeroportos, Desenvolvimento Operacional e de Gestão. A estrutura terá os níveis Corporativo (sede), Negócios (nos aeroportos) e Suporte.

A ELEIÇÃO EXPLICA

A tucanada bateu asas para Cascavel (PR) e deu bicadas em Dilma. Ao lado de Aécio Neves, Beto Richa reclamou do tratamento. O Paraná luta para destravar R$ 4 bilhões em empréstimos pré-aprovados. Com Gleisi Hoffmann (PT) candidata, ficará difícil.

A SUCESSORA 

De olho na eleição, a ministra Maria do Rosário (PT-RS), da Secretaria de Direitos Humanos, quer fazer a secretária-executiva Patrícia Barcelos sua sucessora na pasta.

RIO 40º

Veja como o Rio vai se ‘profissionalizando’ para a Copa e Jogos 2016: Flanelinha agora se autodenomina ‘Orientador de Vaga’. E banca de bicho tem até fila organizada.

EL MINERO 

Os ministros paraguaios de Finanças e Obras, que passaram por Brasília há dias atrás de verbas do BNDES para seu país, foram levados pelo ministro Fernando Pimentel para Belo Horizonte. Lá se reuniram com empresários amigos do petista.

CARGA NA VIATURA

Após a prisão do dono do Novo Jornal, Marco Carone – o homem da famigerada Lista de Furnas, indiciado como estelionatário – o opositor ao governo tucano teve uma devassa na redação na Sexta em BH. Agentes da Deoesp fizeram a limpa nas salas.

RANDOLFE NA ÁREA

O senador Randolfe (PSOL-AP) se esqueceu de avisar aos institutos de pesquisa de que é pré-candidato a presidente da República. Fará isso a partir deste mês. Não espera, claro, mudanças significativas. Mas é bom marcar território.

FUMAÇA PRESIDENCIAL 

Foi um corre-corre entre os assessores da presidente Dilma em sua passagem por Cuba quando ela pediu para lhe comprarem boas caixas de charuto, a poucas horas da partida. Dilma é inveterada degustadora. Aviso aos bajuladores: ela prefere os dominicanos.

ALERTA

A ONG Repórteres Sem Fronteiras alerta para o sumiço do fotógrafo espanhol Lázaro Borja em Cabo de La Vela, Colômbia. Há suspeita de que foi sequestrado pelas FARC.

DE PT@BASE:

Aloizio Mercadante trabalha para empurrar Ideli Salvatti para a Secretaria de Direitos Humanos, e cravar em seu lugar no Palácio um negociador congressual de sua turma.

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Cúpula do PMDB desconfia de perseguição do Judiciário
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Leandro Mazzini

Os expoentes do PMDB nacional vão se reunir em breve para afinar um discurso em defesa do partido sobre as sucessivas denúncias de seus quadros no Supremo Tribunal Federal.

Falam até em nota oficial. Em um mês, desde que Renan Calheiros (PMDB-AL) assumiu a presidência do Senado denunciado pelo procurador-geral Roberto Gurgel, entraram na lista os líderes Eduardo Cunha (RJ), da Câmara, Eduardo Braga (AM), do Governo no Senado, e o presidente da Comissão de Finanças, deputado João Magalhães (MG).

Seus processos, que investigam diferentes problemas, dormitavam nas gavetas da PGR. Mas uma certeza: não faltou motivo para as denúncias.

Ontem à noite, o presidente da Câmara, Henrique Alves, jantou com o vice-presidente Michel Temer, mas não se tem notícias da pauta.

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AMÉM 

Do deputado e ex-governador Garotinho (PR-RJ), que tem diploma de pastor, em comentário para um amigo: ‘Feliciano (Direitos Humanos) é pastor, não político’.

DNA DA CESTA 

De Levy Fidelix (PRTB) sobre a presidente Dilma: ‘Ela se aproveita das ideias dos outros’. Ele diz que a desoneração da cesta básica foi ideia sua, na campanha.

BAILE DO COTURNO 

Como praxe, os militares vão comemorar o 31 de março, data do início da ‘contra-revolução’. Em seu blog, o coronel Lício Maciel, que combateu a Guerrilha do Araguaia, lembra que o governo ‘impediu os comunistas de dominarem nosso país’. ‘A campanha comunista para a dominação – propaganda, terror – estavam em plena ação’.

S.O.S. HERMANO

O senador Roger Molina, opositor de Evo Morales e exilado na Embaixada do Brasil em La Paz, enviou email para o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço, pedindo que o visite. Ele está proibido de deixar a Bolívia.

ROSA CHOQUE 

Recém-nomeada procuradora da Mulher, a senadora Vanessa Graziotin já tem uma meta: fazer valer a cota de mulheres candidatas para o Congresso. O Brasil é o 158º de 193 no ranking de participação na política. “Teremos que lutar por quotas. Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia avançaram com reforma da lei eleitoral’, frisa a senadora Vanessa Graziotin.

TUUUU..

O deputado Edinho Bez está uma fera. Concedia entrevista a uma rádio de Santa Catarina quando a ligação caiu por falta de sinal. Pra quê! Presidente da Comissão de Fiscalização, falava justamente do convite que fez a diretores das operadoras. Agora vai cobrar de cada um deles como está a qualidade do serviço e a fiscalização da Anatel, que terá representante também na audiência pública do dia 2.

PONTO FINAL

E o Lula, heim! De estadista conferencista a lobista patronal.


Comissão da Verdade pode descobrir como a compra de calcinhas levou a PanAir à falência
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Leandro Mazzini

Ao anunciar que pretende investigar o caso da falência da PanAir durante o regime militar no Brasil, a Comissão Nacional da Verdade terá a oportunidade de descobrir, se ouvir tantos personagens de um lado quanto de outro, como um episódio pitoresco e pessoal deu início ao processo de cassação das rotas da companhia aérea.

A PanAir voou por 35 anos, dominou os céus do país até ser fechada em 1965 por canetada do brigadeiro Eduardo Gomes. Da noite para o dia, os aviões da concorrente Varig, então uma miúda mas muito próxima do regime, assumiram os trechos, operações e passageiros da voadora.

Mas nos bastidores, entre o início da conhecida perseguição à aérea e o fim das linhas, há um curioso roteiro que envolveu o dono da empresa, Celso da Rocha Miranda, o ex-presidente João Goulart, o depois presidente general Castelo Branco (1964-1967) e o brigadeiro Eduardo Gomes, segundo relata à coluna conhecido pesquisador que soube desta história.

No auge de suas operações, a PanAir ficou conhecida pela suas ligações com o ex-presidente Goulart, que fez toda a sua campanha pelo país com aviões cedidos pela empresa. Notoriamente, quando os militares tomaram o poder, se associaram à Varig e a distinção entre os grupos ficou além da concorrência comercial.

Celso Miranda era conhecido entre os amigos por misturar contas pessoais com as da PanAir. Em meados da década de 60, após a renúncia de Goulart e a ascensão dos militares, numa viagem a Paris, Celso comprou na conta da empresa umas calcinhas para presentear – a amante, na versão extraoficial.

Não se sabe ainda por qual via, mas suspeita-se muito que pela espionagem patrocinada pelos militares in loco na Europa, a nota fiscal da compra foi parar nas mãos da cúpula do governo federal. Descoberto o segredo dos amantes, dias seguidos o empresário da voadora viveu sob forte chantagem dos oficiais, a ponto de perder o rumo das atividades na empresa e prejudicá-la em suas operações.

Foi o momento em que o brigadeiro Eduardo Gomes aproveitou a turbulência administrativa e cassou as linhas da PanAir, num decreto presidencial, e as cedeu para o concorrente Ruben Berta, dono da Varig e suspeito também de ter patrocinado a espionagem. Centenas de funcionários ficaram sem empregos, e famílias sem sustentos; aviões enferrujaram nos pátios. E a Varig – hoje também falida – decolou.

A falência oficial da PanAir saiu em 1969 , durante o governo do presidente Costa e Silva (1967-1969). Àquela altura, ao herdar as rotas da PanAir, a Varig já era a maior da América do Sul – operava para os destinos latinos (Argentina, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai), europeus (Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Suíça, Reino Unido) e para países da África, América do Norte e Oriente Médio.

Um dado curioso: Castelo Branco, o primeiro presidente militar do regime que patrocinou a suposta perseguição à PanAir, morreu dia 19 de Julho de 1967 num ainda inexplicado acidente aéreo, quando seu monomotor se chocou com um caça da FAB. Outra curiosidade: o caça era pilotado por um oficial de nome Malan, filho de um general, e irmão do economista Pedro Malan, ex-ministro de FHC. O piloto está vivo.

Uma boa oportunidade para a Comissão da Verdade, que faz amanhã no Rio a primeira audiência pública sobre o caso PanAir. Seria interessante incluir no check-list esse hangar de mistérios a ser aberto.

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O troco do PMDB no Orçamento
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Leandro Mazzini

O desinteresse do PMDB no Orçamento de 2013, apesar do esforço do relator-geral, senador Romero Jucá (PMDB-RR), conota um troco da cúpula do partido contra a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT). Foi dela a ideia, em meados do ano, de tirar Jucá da Liderança do Governo no Senado e nomear Eduardo Braga (PMDB-AM). Ideli comprou briga com a dupla que comanda a Casa: Renan Calheiros e José Sarney. Nos bastidores Braga está isolado. Deu nisso: Orçamento adiado.

FOI ASSIM. Jucá caiu da liderança após o PMDB se rebelar e não reconduzir o chefe da ANTT, Bernardo Figueiredo. Ideli anunciara um rodízio de líderes, até hoje uma promessa.

PARA VARIAR. A presidente Dilma ficará refém do calendário: Senado e Câmara voltarão em campanha para eleição dos novos presidentes e podem atrasar ainda mais a votação.

TIRO N’ÁGUA. Na sexta, Braga indicou que a bola estava com Jucá. No esforço, Jucá telefonou ontem para membros da comissão representativa. Em vão. Havia orientações para freá-lo.

É A CAMPANHA. Com o líder do Governo, Eduardo Braga, fritado até por ‘aliados’, o relator-geral do Orçamento 2013, senador Jucá, ficou abandonado. Sarney lavou as mãos, e dois expoentes do PMDB, Renan Calheiros (AL) e Henrique Alves (RN), focam suas campanhas para presidir Senado e Câmara.