Coluna Esplanada

Arquivo : fazenda santa monica

Genro na Anac e MST na fazenda: as duas missões do senador Eunício
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Leandro Mazzini

Foto: ABr

Foto: ABr

Líder do PMDB, o senador Eunício Oliveira se vê atualmente em duas missões extra-parlamentares ligadas diretamente a seu nome: emplacar o genro recém-casado com sua filha numa diretoria importante da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e se livrar o Movimento Rural dos Trabalhadores Sem-Terra na sua Fazenda Santa Mônica, em Goiás.

A missão-genro está avançada, com aval da presidente Dilma que, uma semana depois de prestigiar o seu casamento numa festa no Lago Sul, descobriu que Ricardo Fenelon das Neves Junior entende tudo de aviação. Resolveu escolher o prodígio para diretor da Anac e ganhar ainda mais a simpatia do senador padrinho.

Recém-graduado em Direito, em 2011, na particular UniCEUB, Fenelon fez TCC (Trabalho de Conclusão de Curso, a antiga monografia) sobre ‘A autorização no transporte aéreo regular’. E só. O caso revolta pilotos que criticam a nomeação, em fóruns online. Procurada sobre a situação e o contato do indicado, a Anac avisou que ‘não possui informações’. Procurada, a assessoria do senador informou não ter o contato de Fenelon.

O novo diretor, se aprovado na sabatina no Senado, terá salário de mais de R$ 20 mil, gabinete com uma dezena de assessores e carro com motorista. Além de passe livre nas companhias aéreas.

A regra da Anac é clara: ‘Os diretores serão de reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos’. Genro de político ou não.

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MST

Já o MST é uma dor de cabeça para o senador peemedebista. Mil famílias de sem-terra reocuparam a Fazenda Santa Mônica, que consideram improdutiva e ‘grilada’ – o que o senador já contestou.

A caixinha mensal dos sem-terra é de fazer inveja a muitos parlamentares colaboradores de seus partidos. O MST recebe R$ 20 por mês de cada família, o que se converte em ‘segurança’ no local e compra de sementes e plantações. Também recebem doações de cestas básicas de entidades.


Com seguranças armados, MST fatura R$ 30 mil em fazenda de senador
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Leandro Mazzini

Quem passa pela rodovia que liga Brasília a Alexânia (GO) às margens da Fazenda Santa Mônica, se assusta com a cena: guaritas em torres de eucalipto com ‘seguranças’ armados com espingardas. São os sem-terra que ocuparam há meses a mega propriedade do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O Movimento Rural dos Trabalhadores Sem Terra já cadastrou cerca de 1.500 famílias interessadas em um pedaço de terra em caso de desapropriação, e cada uma delas paga R$ 20 por mês para manter o nome na lista.

Os sem-terra acusam o senador de omitir informações sobre a fazenda, que tem cerca de 20 mil alqueires. De acordo com o MST, Eunício pagaria ITR – o Imposto Territorial Rural sobre apenas 200 alqueires.

Para o leitor ter noção do tamanho, cada alqueire goiano mede 48,4 mil metros quadrados – ou quase 5 campos de futebol. A Fazenda Santa Monica aportaria então 100 mil ‘campos’.

CONVOCAÇÃO 

O MST tem tanta confiança na desapropriação que convoca militância na região. Muitos profissionais autônomos, que nunca pegaram numa enxada, entraram na lista.

A coluna tentou contato por telefone com o senador, sem sucesso. Procurada, a assessoria do MST não se manifestou.


MST infla fazenda ocupada de senador com peões, pedreiros e autônomos
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Leandro Mazzini

Parte da nova geração de 'sem-terra' possui carro, moto e casa na cidade. Foto: vermelho.org.br

Parte da nova geração de ‘sem-terra’ possui carro, moto e casa na cidade. Foto: vermelho.org.br

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) recruta peões, pedreiros, lavradores e profissionais autônomos da região – alguns deles possuem casas e até veículos – para inflar o acampamento dentro da Fazenda Santa Mônica, em Goiás, de propriedade do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O depoimento à Coluna é de um dos ‘sem-terra’, sob anonimato, que deixou serviço na região para se juntar aos militantes. Há repetidos casos na propriedade.

O MST espalha a promessa de que, quanto mais persistente e maior for a ocupação na fazenda, mais chance o INCRA terá de promover um assentamento no local.

A ocupação ocorre há quatro meses, com o forte apoio da Pastoral da Terra, da Igreja, e contou até com a simpatia de líderes políticos adversários de Eunício no Ceará.

Foto: mst.org.br

Foto: mst.org.br

Há três semanas, num discurso numa grande assembleia na fazenda, um dos líderes sem-terra avisou que ‘caiu o castelo’ de Eunício, e que o movimento não descarta promover ocupações em outras propriedades do parlamentar – que teria, nas contas dos sem-terra, 91 fazendas pelo Brasil.

A Santa Mônica é uma mega propriedade em Goiás cujas terras se estendem pelo perímetro rural de três cidades. Parte da propriedade é murada por quilômetros à beira de uma rodovia. Mas não é improdutiva. Tem plantações e criação de gado para corte.


MST quer invadir outras fazendas de Eunício: ‘Caiu o castelo’, diz líder
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Leandro Mazzini

O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), descoberto pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como o maior fazendeiro do Brasil, terá mais problemas.

Em reunião da militância neste domingo, dentro da Fazenda Santa Mônica, de propriedade do parlamentar, em Goiás,  um líder em discurso disse que agora ‘Caiu o castelo de Eunício’.

O MST ocupa com 3 mil famílias há quatro meses a fazenda, considera pelo grupo ‘improdutiva’  – a mega propriedade estende-se por terras de três municípios.

O MST agora pretende indicar aos sem-terra de outros Estados lista para a invasão de outras. Eunício tem 91 propriedades rurais.

COM BÊNÇÃOS 

O movimento conseguiu um aliado de peso. Um líder da Pastoral da Terra, que se diz representante do Vaticano, acampou com eles e participou da reunião no domingo.

LINHA DIRETA (E MUDA)

Cauteloso, o senador não tem se pronunciado e evita ataques ao grupo. Eunício mantém contato direto com o governador Marconi Perillo (PSDB).

O senador e o governador aguardam o melhor momento (político) para acionarem a Justiça e despejar o grupo. Dúvida é o preparo da PM de Goiás para o caso.

Eunício não esconde para aliados a indignação com o caso. Aponta movimento político de petistas do Ceará na organização da invasão.

A Fazenda tem plantações de soja, de perderem de vistas, que são arrendadas. E criação de 7 mil cabeças de gado para corte, negociados com um frigorífico.


Eleição evitou despejo do MST em fazenda do senador Eunício
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Leandro Mazzini

A Fazenda Santa Mônica, do senador Eunício Oliveira, no interior de Goiás, foi ocupada há dois meses e quatro dias pelos sem-terra.

São mais de 3 mil famílias. O governador Marconi Perillo (PSDB), acionado por Eunício, mandou a tropa de choque com despejo para desocupá-la, mas no meio do processo eleitoral.

A presidente Dilma soube da tentativa de desocupação e pediu cautela. Marconi e Eunício também recuaram. Todos estavam no segundo turno e a ação era uma tragédia (principalmente política) anunciada.

O MST permanece no local. A PM de Goiás apenas escolta. E ontem chegou um caminhão com cestas básicas.


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