Coluna Esplanada

Arquivo : greenhalgh

Justiça Federal cobra de ex-deputado o paradeiro das ossadas
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Leandro Mazzini

Clima quente a portas fechadas. O ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) deporia ontem na Justiça Federal em Brasília sobre o sumiço de ossadas de guerrilheiros na capital, encontradas no Araguaia em 2001, mas faltou energia no Tribunal. Greenhalgh coordenou a expedição à época.

A coluna revelou o sumiço das ossadas em Janeiro deste ano e a encrenca federal em que o governo se meteu. A PF entrou na investigação. Quer saber, principalmente, porque apareceram ossos de crianças nos armários, sem qualquer ligação com a guerrilha.

No sábado, o Corpo de Bombeiros de Brasília, durante combate a incêndio em terreno da UnB, encontrou ossadas de cinco corpos no campus  que podem ser dos guerrilheiros desaparecidos.

A Polícia Civil do DF vai investigar o caso e não descarta que sejam os corpos sumidos nas caixas que transitaram sem protocolos entre armários do Ministério da Justiça, UnB e IML.

As famílias dos três guerrilheiros tentam reaver as ossadas que sumiram para pedir a indenização ao governo.

O depoimento de Greenhalgh será sigiloso. Mas há indicações de que a Justiça já mira duas ex-guerrilheiras trapalhonas que carregaram as caixas com os ossos por Brasília.

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JÁ COMEÇOU

Paulo Bernardo deu largada para a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Foi visto em pizzaria de Curitiba com Ângelo Vanhoni e o marqueteiro do PT.

POR ÁGUA ABAIXO

O Comitê Rio 2016 bate cabeça. Bateu o desespero no Grupo de Trabalho (GT) de Infraestrutura, com representantes do Estado, prefeitura e União. Não sabem onde será, e não há projeto para a modalidade Canoagem para os Jogos Olímpicos. Uma ideia era construir corredeira artificial em Deodoro, mas fica caro.

PARLASUL

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) pretende regulamentar as eleições para o Parlamento do Mercosul. Apresentou projeto à CCJ para que os 74 brasileiros sejam escolhidos na eleição presidencial do ano que vem.

PASSA!

Há quem defenda na PGR e no STF o recolhimento imediato dos passaportes de todos os condenados a prisão no julgamento do Mensalão. Mas se algum condenado quiser fugir de jatinho, pelo menos para países do Mercosul, basta usar a carteira de identidade com foto. Dribla a PF e a alfândega.

RURALISTAS X ÍNDIOS

A Câmara dos Deputados instala hoje a comissão especial para apreciar a PEC 215, a que tira da Presidência e transfere ao Congresso o poder de demarcar terras para reservas indígenas. Os ruralistas vão dominar o debate.

MARCO DA MINERAÇÃO

O marco regulatório para a mineração não anda. A Câmara instalou duas comissões para debater a exploração mineral: em terras particulares e em terras indígenas. Há reclamações de que os nativos só deixam estrangeiros entrarem nas reservas.

FREIO DE MÃO

Até ontem, passados meses, não foram designados no Senado os relatores para a sabatina dos indicados para diretoria da ANTT. Há quem diga que vão ser rejeitados e não vão integrar de forma permanente a Diretoria da agência.

NO MAIS.. 

No Brasil, mártir é o que não teve tempo de fugir, herói é o que apareceu na hora certa, delator é o que foi traído pelo bando, e vítima, a abandonada pela quadrilha.

PONTO FINAL

O Secretário-Executivo do Trabalho deu.. trabalho para a PF, hein!


Justiça Federal intima ex-deputado sobre sumiço de ossadas do Araguaia
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Leandro Mazzini

Greenhalgh: ele vai a Brasília dia 10 para explicar sumiço de ossadas, mas Justiça mira trapalhadas de ex-guerrilheiros

O governo se envolveu numa confusão judicial sobre guerrilheiros do Araguaia (TO) durante o regime militar. O novo episódio beira uma tragicomédia: o segundo sumiço dos desaparecidos, e o surgimento de ossadas de crianças que não têm ligação com o histórico confronto na selva.

 

A coluna revelou em 18 de Janeiro que foram encontradas duas ossadas de crianças e de um jovem sob tutela do Ministério da Justiça, mas sem elo com a guerrilha, no lugar de três ossadas de ex-guerrilheiros.

 

Logo depois, famílias de desaparecidos impetraram ação na Justiça para cobrar o paradeiro dos ossos. Agora, a juíza Solange Salgado, da 1ª Vara Federal em Brasília, que preside o caso, intimou o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh para dar explicações para a Justiça e as famílias. A audiência está agendada para dia 10 de Setembro.

 

Greenhalgh, então deputado, foi foi responsável pela expedição em 2001. Ele coordenou o grupo de trabalho permanente de buscas do Araguaia junto à secretaria de Direitos Humanos, em companhia de historiadores e de ex-guerrilheiros. Lá encontraram ossos com apontamentos de serem dos guerrilheiros Walquiria Costa, Paulo Mendes Rodrigues e o italiano Giancarlo Castiglia.

 

Missão inédita e histórica, ossos recolhidos e levados para Brasília, iniciou-se então uma série de trapalhadas. Num vaivém das ossadas na capital, sem qualquer critério ou protocolos, transportadas inclusive por ex-guerrilheiros não autorizados, em caixas que correram pelo Ministério da Justiça, Instituto Médico Legal e UnB, elas simplesmente desapareceram.

 

O susto surgiu quando, no lugar das ossadas do trio guerrilheiro, foram encontradas as das crianças e do jovem, como publicou a coluna. Em suma, alguém ainda não identificado incluiu os ossos dos menores para justificar o sumiço dos restos dos guerrilheiros. E exames comprovaram a fraude.

 

O Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), da Secretaria de Direitos Humanos, e integrantes do Ministério da Justiça e da Defesa investigam o que houve. Sabe-se até agora que, quem mais transportou as caixas com os restos por Brasília, foi a ex-guerrilheira Criméia Almeida. Ela também será intimada para a acareação.

 

Greenhalgh, o cineasta Ronaldo Duque e o perito José Eduardo Reis, que participaram da expedição de 2001, foram convocados para a audiência dia 10. A despeito do imbróglio judicial, o governo se defronta com outro mistério, tão sério quanto o paradeiro dos restos dos guerrilheiros: não sabe quem são, de onde vieram e como devolver as ossadas das crianças e do jovem.

 

Neste ponto começa outra novela. Segundo relatos preliminares, há suspeita de que foram retiradas do cemitério de São Domingos, em Xambioá, um dos focos da guerrilha, numa missão extraoficial patrocinada por ex-guerrilheiros em 2001 (que antecedeu a ida do grupo de Greenhalgh). O ex-deputado está totalmente alheio a esta situação, explica à coluna. E disposto a colaborar com a Justiça, lembra que foi pioneiro nas buscas pelos desaparecidos:

“Em 1982, durante ainda o regime militar, eu impetrei ação para defender as famílias dos desaparecidos. Essa ação, do ponto de vista judicial e histórico, é a mais importante”

 

O processo judicial sobre as buscas por mais desaparecidos – são 45 no total, apenas dois corpos foram encontrados – corre em segredo de Justiça.

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