Vinte anos após matar colega, médico continua a clinicar no local do crime
Leandro Mazzini
Um caso que desafia a classe médica do Brasil, os preceitos éticos e a Justiça.
No último dia 30 de março completaram-se 20 anos do assassinato do médico Emilson Ribeiro Elias. Ele foi atingido por dois tiros pelo também médico e sócio Marcelino Pereira da Silva, na sala de cirurgia da Clínica São Lucas em Macaé (RJ).
A motivação foi banal – era madrugada de sábado, quando Emilson, em procedimento operatório, precisou de um medicamento que estava trancado num armário. As chaves ficavam com Marcelino, que foi acordado pela secretária da clínica. Irado, Marcelino rumou para a clínica e disparou os tiros.
O caso teve ampla repercussão na mídia nacional, à época, mas ficou por isso mesmo.
Em 1997, o Conselho Regional de Medicina cassou o registro de Marcelino, endossado pelo Conselho Federal no ano seguinte. Questionado sobre a atual situação do médico, o Conselho do Rio procura nos arquivos, não digitalizados, o processo em questão, e ainda não se manifestou.
Julgado e condenado, Marcelino ficou preso durante 10 meses. Numa reviravolta com embargos e manobras protocolares, a defesa do criminoso confesso conseguiu anular o júri. Marcelino também recorreu à Justiça para não pagar uma pensão vitalícia à viúva da vítima e seus dois filhos.
Em 1999 o médico assassino conseguiu liminar da Justiça do Rio, e aparece na clínica constantemente, segundo testemunhas. Em várias reviravoltas, o caso foi parar na Justiça federal, onde dormita.
Em contato com a Coluna, o gerente da clínica São Lucas, Edson Zucheran, não quis se manifestar. Solicitamos contato do médico, do advogado e assessoria de imprensa, e não houve retorno.