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Caso Feliciano: ‘Quero os dez, você está passando a perna em mim’
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Leandro Mazzini

> A íntegra do vídeo em que Patrícia Lélis conversa com o chefe de gabinete do deputado Feliciano é mais comprometedora, tanto para ela – pela evidência de que negociava dinheiro pelo silêncio -, quanto para o deputado, cuja equipe se esforçou em silenciá-la

> Patrícia se mostra revoltada em não ter recebido parte do dinheiro prometido

> Some do radar o suposto intermediário, Arthur Mangabeira, que se passou por agente da Abin e teria recebido R$ 50 mil.

> Em telefonema, Bauer, um ex-policial, diz que vai atrás dele, mas na paz..

pat-bauer

Patrícia, filmada por Emerson, e o chefe de gabinete de Feliciano ao fundo

A íntegra do vídeo da conversa comprometedora da jornalista Patrícia Lélis com o chefe de gabinete de Marco Feliciano, Talma Bauer, desmonta toda a versão da garota de que houve sequestro qualificado e coação.

Leia aqui – sete questões que Feliciano precisa explicar 

No material obtido há pouco pela Coluna e publicado no canal no Youtube, Patrícia reclama que um contato do Rio, que seria intermediador do pagamento feito por Feliciano, teria ‘passado a perna’ nela e ficado com o dinheiro. E repete, para Bauer e Emerson Biazon, que filma tudo escondido:

“O valor é os dez (sic), pode falar isso pra ele, o valor é os dez. (..) pilantra, quer passar a perna em mim? Eu quero ele morto!” (..) “Eu quero pegar ele, quero arrastar a cara dele no chão”.

Durante a conversa, no saguão do hotel San Raphael, em São Paulo, na semana passada, Patrícia se mostra bem descontraída. Ela tecla ao celular enquanto Bauer  supostamente conversa com o contato carioca de Patrícia ao telefone, identificado por eles como Arthur Mangabeira ( esse rapaz sumiu das redes sociais, seria ex-noivo de uma amiga de Patrícia, do Rio, que se dispôs a ajudá-la a resolver financeiramente o seu problema com o deputado federal e o PSC, para que ela não levasse a denúncia adiante ).

O que já está em questão nesta conversa é um pagamento de R$ 50 mil que Bauer teria feito a Arthur, como intermediário da negociação de Patrícia com Feliciano, para que ‘a deixasse em paz’. A parte da conversa que não foi revelada no vídeo divulgado pelo site da revista VEJA esclarece que a jovem estava nitidamente negociando:

Patrícia – “É o Arthur..” – diz  a Emerson Biazon, que filma tudo escondido, ao verem Bauer conversando ao telefone.

Bauer – “Eu vou devolver pra ela ( o dinheiro )” (..) fica tranquilo, eu falo isso pra ela. Eu vou aí buscar e fica em paz pra todo mundo”

Emerson  – “Mas o valor é os dez né? (dez mil reais)

Patrícia – “O valor é os dez (sic), pode falar isso pra ele, o valor é os dez. (..) pilantra, quer passar a perna em mim? Eu quero ele morto!” (..) “Eu quero pegar ele, quero arrastar a cara dele no chão”

Bauer – Qualquer coisa eu te ponho a par, fica tranquilo.

Patrícia – “Eu quero os dez porque você está passando a perna em mim e no Bauer”. ( Neste trecho, não está claro se ela comenta sobre Arthur ou se manda um áudio por whatsapp para ele )

Bauer – “Eu sei querida, mas olha, o bom cabrito não berra. não fica nervosa”

Patrícia: “Ele foi pilantra, Bauer”.

O que foi falado no restante do vídeo, já público, o leitor confere aqui .

DENÚNCIA

Patrícia Lélis acusou o deputado federal Marco Feliciano de assédio sexual, agressão e tentativa de estupro dentro do apartamento funcional em Brasília. O crime teria ocorrido dia 15 de junho, pela manhã.

A Coluna publicou com exclusividade a denúncia, com detalhes relatados pela jovem, e também divulgou as primeiras evidências de provas de que ela estaria negociando seu silêncio quando foi para SP. Ao mudar sua versão nas redes sociais, a Coluna aprofundou a investigação e descobriu sua mãe. Patrícia pediu uma conta com CNPJ à mãe ( veja aqui ). Anteontem, surgiram as evidências, em prints de conversas de aplicativos, de que ela negociava R$ 300 mil em parcelas.

A mãe foi peça fundamental no suposto castelo de cartas que a filha foi montando para se blindar contra o PSC e Feliciano. Maria Aparecida Lélis viajou para SP assim que soube de detalhes e convenceu a filha a sair do hotel e ir para a delegacia. Nisso, surgiu sua versão de que era coagida por Emerson e Biazon – o que surpreendeu a ambos.

Bauer, na última sexta, chegou a ser detido para esclarecimentos no 3º DP, e depois liberado pelo delegado Luís Hellmeister, que com a cautela necessário, preferiu investigar a todos. Deu no que deu. Patrícia deve ser indiciada por falsa comunicação de crime, e Bauer pode ser enquadrado por favorecimento pessoal.

COM NEGOCIAÇÃO, FELICIANO É FORTE SUSPEITO

Todo o cenário da negociação malfadada complica o próprio deputado federal Feliciano. A questão na cabeça da Polícia – e isso caberá à Procuradoria Geral da República e ao STF, se acolher a denúncia – é: por que ele pagaria alto pelo silêncio da garota se se diz inocente da acusação.

O relato detalhado da garota do dia da suposta agressão, e com as investigações avançando em Brasília – já há procura pelas imagens do prédio de Feliciano, onde Patrícia garante ter passado – podem comprometer o parlamentar.

Por ora, Feliciano, após quatro dias de silêncio desde que divulgada a denúncia, resumiu-se a gravar um vídeo ao lado da esposa se defendendo. Disse que a denúncia é uma invenção da garota, e que a perdoa.

O advogado de Patrícia,  o criminalista José Carlos Carvalho, sustenta que a todo momento ela foi coagida, inclusive em vídeos e áudios supostamente gravados em sigilo.

 

Confira aqui a primeira denúncia

Ouça aqui o áudio em que ela confirma a agressão

Assista o vídeo que comprova encontro da garota com assessor

Leia aqui os prints das conversas sobre negociação de R$ 300 mil

Feliciano telefonou para ela, e pediu para caprichar em vídeo em sua defesa

Veja aqui o cronograma da denúncia

 


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