Coluna Esplanada

Arquivo : pacaraima

Itamaraty e Justiça desdenham da invasão de venezuelanos no Norte
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Leandro Mazzini

Enquanto Roraima sofre a diáspora de venezuelanos em busca emprego, comida e até produtos de necessidades básicas, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) faz vistas grossas.

Centenas continuam a entrar no Brasil ilegalmente todos os dias. Por ora, o Conare não soltou uma nota ou previsão de reunião do colegiado vinculado ao Ministério de Relações Exteriores, chefiado pelo ministro José Serra (PSDB), ácido crítico e rival declarado do governo venezuelano.

A Coluna denunciou há dias a crise humanitária no extremo Norte: mais de 3 mil venezuelanos famintos cruzaram a fronteira e ficaram nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, como ilegais.

A Polícia Federal, com pouco contingente na área, tem se desdobrado para identificá-los nas ruas e extraditá-los.

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Três mil venezuelanos famintos invadem o Brasil e aquecem comércio em RR
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Leandro Mazzini

Os governos do Brasil, da Venezuela e a Organização das Nações Unidas fecham os olhos para uma crise humanitária no Norte do País.

Nos últimos meses, mais de 3 mil venezuelanos famintos atravessaram a pé a fronteira com o Brasil e entraram em Roraima, na região de Pacaraima – onde já existe uma pequena favela, contam duas fontes do Estado que acompanham a situação.

Os que não ficam na cidade, rumam em direção à capital Boa Vista. Fogem de uma Venezuela em crise econômica, atrás de comida e trabalho. São jovens, adultos e até famílias com crianças, cenas que lembram os refugiados sírios.

Os grupos chegam em número maior a cada dia e utilizam a BR-174, que corta o Estado até o Norte, na fronteira. Eles usam a cidade venezuelana Santa Helena de base.

Algumas pessoas chegam a caminhar 50 quilômetros por dia, com a trouxa nas costas ou empurrando malas – tudo o que sobrou do lar abandonado na Venezuela.

MERCADO AQUECE

A crise econômico-social na Venezuela e a migração da população vizinha à fronteira para Roraima aqueceu o comércio em Boa Vista e em Pacaraima. Os números da Federação das Indústrias do Estado confirmam – além do evidente sotaque dos consumidores.

No mês de agosto, as exportações em Roraima registraram aumento de 7% em relação a julho, totalizando US$ 810 mil. A balança comercial apresentou superávit de US$ 101.354, divulgou o jornal Folha BV.

CAÇAS 

Essa migração forçada explica as informações extraoficiais de fontes militares sobre a invasão do espaço aéreo brasileiro por dois caças Sukhoi SU da força aérea venezuelana. O governo do país vizinho está monitorando a rota de fuga.

Sem aviso prévio, a Força Aérea Brasileira enviou para a base aérea da região sete caças AMX, de apoio operacional, e dois Hércules C-130, cuja missão ainda é um mistério, porque não foi anunciada pela Aeronáutica.

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Tensão com caças da Venezuela na fronteira com Roraima
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Leandro Mazzini

Os sobrevoos de dois potentes caças russos Sukhoi SU da Força Aérea da Venezuela na fronteira com o Brasil e a movimentação de caças da Força Aérea Brasileira (FAB) no dia seguinte causam tensão na região norte de Roraima.

A FAB enviou para a base aérea do Estado sete caças AMX – dois na terça e outros cinco na última quinta-feira – além de dois Hércules C 130. Em nota, a FAB informa apenas que trata-se de um exercício.

Mas fontes militares da base informam que os caças da Venezuela teriam invadido o espaço aéreo do Brasil no início da semana, na região de Pacaraima. E que o governo de Nicolas Maduro já teria pedido desculpas informais ao Ministério da Defesa e Aeronáutica comunicando ter sido um incidente involuntário.

Cobrada sobre a situação, ainda um mistério, a FAB informou em outro e-mail que não houve registros de invasão.

O que causou mais mistério é que a Aeronáutica costuma avisar a imprensa de exercícios, o que não ocorreu neste caso. Ontem o site da FAB saiu do ar, e equipe em Brasília trabalha com sistema operacional de emergência.

Os AMX são para apoio operacional. O Brasil está desguarnecido de poder militar aéreo, em parte. Os Mirage foram ‘aposentados’, e os atuais F-5 da frota têm pouco poder de fogo e alcance.

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Índios da Raposa Serra do Sol migram para favelas de cidades vizinhas
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Leandro Mazzini

Vista do horizonte numa tarde na reserva: onde havia plantações só há capim seco – FOTO : Comissão de Integração Nacional

Em tempos modernos, os nativos de várias etnias querem se engajar no mundo tecnológico e urbano. É o que se constatou há uma semana durante visita de parlamentares de Brasília: Um curioso fenômeno de migração pós-demarcação na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, de índios para cidades vizinhas.

A comitiva parlamentar que voltou da reserva está pasma: desde a demarcação, muitos índios preferiram deixar as terras e morar em Pacaraima, cidade de agricultores, em favelas perto de um lixão, e onde também se concentram os agricultores indenizados que perderam suas terras. Há também debandada para a capital Boa Vista, quase uma vizinha da reserva. São milhares, diz o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

Não há ainda um dado oficial sobre o quantitativo, mas segundo relatos aos parlamentares a migração dos nativos é constante, atrás de emprego, renda e moradia. A reserva está abandonada e sem plantações.

Outro dado diagnosticado: Os nativos que sobrevivem na reserva – praticamente metade do tamanho da Suíça  – concentram-se apenas em 35% da área delimitada, muitos sobrevivem do Bolsa Família e as poucas crianças que estudam são transportadas em picapes de luxo tração 4×4 alugadas pelo governo do estado.

A reserva ocupa 17 mil km² do total de 224 mil km² de Roraima. No estado, 46% do território – ou 104 mil km² – são de reserva indígena.

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Instalações abandonadas: no local se escoava o arroz da colheita para caminhões


Deputado fazendeiro prega a extinção da Funai
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Leandro Mazzini

Quartiero chuta viatura da PF durante protesto em Roraima, à ocasião da demarcação da Serra do Sol

Polêmico fazendeiro, eleito deputado federal em 2010 por Roraima, Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um notório desconhecido entre seus pares. Mais pela discrição com que circula no Congresso, porque nota-se facilmente sua verve aguerrida quando liga a metralhadora verbal.

Ele defende a extinção da Funai – Fundação Nacional do Índio. Na sua visão, a Funai “incorpora, na vida nacional, sentimentos como ódio racial, luta étnica, prejudica nossa economia e nossa soberania”.

Não bastasse a bomba solta, complementa que a entidade “cria guetos” e “os índios estão cada vez pior.”

Quartiero tem seus motivos pessoais para detestar a Funai. Ele é o polêmico agricultor que foi dono de vastos arrozais em Roraima, em especial no município de Pacaraima – que se estendiam até a fronteira com a Venezuela.

Conhecido da Polícia Federal, já foi detido em afrontas a agentes durante imbróglios nas invasões de nativos em suas fazendas – certa vez, para não ser preso, usou a estratégia de pular uma cerca. Se menos de um metro o separava do delegado, o mapa e a Constituição endossaram seu plano: estava no lado venezuelano.

Quartiero perdeu a briga judicial. Teve de vender suas terras, alvo da oficializada reserva Raposa Serra do Sol, mas ainda milionário comprou grandes áreas na Ilha de Marajó (PA), para onde migrou suas plantações e máquinas.

A mágoa com a situação permanece no seu ideário patriótico-pessoal. Para ele, todo o problema começou com a Constituição de 1988.  “Ali que foi começado o aparteid no Brasil. Começou quando foi aposentada a política do Rondon. E as ONGs influenciaram essa constituição cidadã que nós temos hoje”.

E conclui: “ A Funai cumpre seu papel de prejudicar o Brasil, de utilizar a questão indígena para trazer o neocolonialismo para o nosso Território”.

Detalhe: apesar do protesto, não há nenhum projeto em tramitação que trate do assunto no Congresso.

Com Maurício Nogueira

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