Coluna Esplanada

Arquivo : PDOT

Filha de Lúcio Costa ataca loteamento de Brasília por deputados
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Leandro Mazzini

Um crime contra o patrimônio público, ‘um desastre, uma salada completa’. Assim a arquiteta Maria Elisa Costa, filha de Lúcio Costa, classifica o novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).

O PPCUB – que autoriza edificações comerciais e residenciais no restante das áreas verdes do Plano Piloto – está prestes a ser votado na Câmara Distrital do DF, sem o aval da UNESCO – que mantém, por ora, o título de Patrimônio da Humanidade para a cidade projetada por Costa e Oscar Niemeyer.

A tramitação envolve obscuridades clássicas da pitoresca política brasiliense: especulação imobiliária de construtoras que bancam campanhas, e interesses pessoais dos parlamentares. O Governo do DF, maior interessado na aprovação junto à Câmara, tem a caneta atenta do secretário de Habitação, Geraldo Magela, entusiasta do projeto.

Ontem, a Coluna revelou que o presidente da Câmara, Wasny de Roure (PT), assumiu ter terras na satélite de Santa Maria. E foi além, disse que outros deputados também possuem propriedades com interesses em loteamentos. Tudo passa pela LUOS – Lei de Uso e Ocupação do Solo, que tramita junto com o PPCUB e deve ser aprovada a reboque. Ela libera o uso comercial e residencial dos lotes das excelências em várias cidades.

Com o novo PPCUB, Brasília corre risco de perder o título da UNESCO. A arquiteta filha do urbanista que planejou a capital desabafa: ‘O PPCUB resulta numa porteira aberta para que se faça do DF território livre para a especulação imobiliária’, disse Maria Elisa, em entrevista para a Coluna.

Ela alerta para a região considerada o filé mignon das construtoras: ‘O Centro Histórico , a Bacia do Paranoá, certamente não escapa, já que é o sonho de consumo dos especuladores! (E a medida preliminar proposta é… privatizar geral!)’

Pressionada por setores da sociedade, semana passada a Câmara retirou alguns pontos considerados ‘polêmicos’, como o loteamento do canteiro central do Eixo Monumental Oeste e a autorização para construção de hotéis de até 9 andares no setor de clubes às margens do lago Paranoá.

‘Retirar os chamados “pontos polêmicos” me lembra aquela história clássica de se colocar um bode na sala, e quando tira o bode… parece que está tudo em ordem…’, critica Maria Elisa. ‘Acho que deve ser retirado o projeto inteiro’.

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O mapa do Plano Piloto com as mudanças do novo PPCUB – As aéras em amarelo e laranja, hoje parques e áreas verdes com bosques, conforme prevê o projeto original de Niemeyer e Lúcio Costa, serão loteadas para construção de prédios comerciais e residenciais. O que hoje são descampados para lazer vão se tornar ‘selva de concreto’.

Precedente

O caso PPCUB remete a outro, similar, em relação às satélites do DF, ocorrido em Agosto do ano passado, quando a Câmara Distrital aprovou o novo PDOT- Plano Diretor de Ordenamento Territorial.

Através dele, áreas rurais tornaram-se urbanas e com autorização para parcelamento de lotes – há especulação de que deputados donos de terra lucraram muito com isso. O que não é exagero diante do revelado pelo próprio presidente da Câmara, de que parlamentares têm propriedades no entorno. Uma clara legislação em causa própria.

Colaborou Luana Lopes


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