Coluna Esplanada

Arquivo : PPCUB

Loteamento de Brasília surpreende membro da Unesco
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Leandro Mazzini

De passeio por Brasília no Sábado, o espanhol Carlos Sambrício ficou pasmo com protesto de moradores e urbanistas na Igrejinha da 307, na Asa Sul.

Membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), da Unesco, Sambrício é um dos fiscais que dão aval para o título de Patrimônio da Humanidade.

Ele foi surpreendido ao saber que a Câmara Distrital pretende votar novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico (PPCUB), sem consulta à ONU, lotear as áreas verdes do Plano Piloto.

O novo PPCUB em tramitação na Câmara Distrital autoriza loteamento para edifícios comerciais e residenciais no restante das áreas verdes do Plano Piloto, mudando completamente o traçado original da cidade.

Filha de Lúcio Costa, o projetista da capital, a arquiteta Maria Elisa Costa acha o PPCUB ‘um desastre’, ‘território livre para a especulação imobiliária’.

Na Sexta, quando se completa um ano de morte de Oscar Niemeyer, o grupo Urbanistas por Brasília fará novo protesto contra a especulação imobiliária na capital.

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e-PORTA ABERTA

Repousa na CCJ da Câmara dos Deputados a PEC 197/12, do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Aprovada por unanimidade no Senado, estabelece cobrança do ICMS nas operações do comércio eletrônico. Delcídio cobra andamento. O e-comerce movimenta R$ 20 bilhões/ano. Brasil já é o quarto país no ranking do setor até 2015.

REFORMA DO ICMS

No espectro do plenário do Senado, 24 Estados estão de acordo com a reforma do ICMS. Mas.. na hora de votar, três recuaram. Santa Catarina, Goiás e Ceará. ‘Um por razões políticas, outros por, supostamente, razões econômicas’, diz um senador.

AGORA VAI

Antes do escândalo da espionagem, o ministro Paulo Bernardo queria a fabricação com americanos e o lançamento em Cabo Canaveral. Mas ficou com os franceses da Embraer o satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações, de R$ 1,3 bilhão.

ALÔ, GENOINO!

Jacinto Lamas, um dos condenados no Mensalão, obteve a aposentadoria da Câmara como Analista Legislativo. Com vitalícios R$ 24,1 mil, e atrás das grades.

JEITINHO

Enquanto engordam o cofre, bancos oficiais federais lançam mão de terceirizados e estagiários para serviços de escriturários, em vez de chamar os concursados. Saem mais em conta.

M. NA HÉLICE

Delegado federal licenciado, o deputado Francischini (SDD-PR) está brabo com o presidente do partido, Paulinho da Força, que o desautorizou de público. Francischini pediu o afastamento do estadual Gustavo Perrella (MG), o do helicóptero com cocaína.

DISSE TUDO

‘A corrupção tem sido, infelizmente, uma constante da política e da administração pública brasileira, além da participação de segmentos privados’. Quem escreveu isso, num artigo, foi o senador Zezé Perrella (PDT-MG), que abasteceu seu avião com verba do Senado, e dono do helicóptero investigado após flagrante de 442 kg de cocaína.

PÉ NO FREIO

O consumo está alto, mas a economia estagnou, e a inadimplência cresceu. Quem fala são diretores de concessionárias de automóveis em Brasília – e onde se vende bem. Antes não cobravam entrada. Agora, o carro só sai com 40% de sinal.

ABRE TEU OLHO, DILMA

A Infraero perdeu a metade da receita de seus principais aeroportos, concedidos, concebidos para dar lucro e sustentar os menores. Rumo ao esvaziamento, a direção ainda quer alugar nova sede por R$ 528 mil por mês (!), como revelou a Coluna.

CONEXÃO BSB-NY

O ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento Econômico, baixou em Nova York. Faz palestra hoje no ‘Brazil Investment Conference’, ao lado do economista brasileiro Marcos Troyjo, de Harry Broadman e de Albert Fishlow. Vão discutir infraestrutura.

PÓS-TUFÃO

A coisa é tão feia nas Filipinas que até ontem a organização Médicos Sem Fronteiras montava mais unidades do hospital inflável em Tacloban. Só a imprensa foi embora.

PONTO FINAL

Importante quadro político, a morte de Marcelo Deda nos lembra que há bons políticos no Brasil.


Filha de Lúcio Costa ataca loteamento de Brasília por deputados
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Leandro Mazzini

Um crime contra o patrimônio público, ‘um desastre, uma salada completa’. Assim a arquiteta Maria Elisa Costa, filha de Lúcio Costa, classifica o novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).

O PPCUB – que autoriza edificações comerciais e residenciais no restante das áreas verdes do Plano Piloto – está prestes a ser votado na Câmara Distrital do DF, sem o aval da UNESCO – que mantém, por ora, o título de Patrimônio da Humanidade para a cidade projetada por Costa e Oscar Niemeyer.

A tramitação envolve obscuridades clássicas da pitoresca política brasiliense: especulação imobiliária de construtoras que bancam campanhas, e interesses pessoais dos parlamentares. O Governo do DF, maior interessado na aprovação junto à Câmara, tem a caneta atenta do secretário de Habitação, Geraldo Magela, entusiasta do projeto.

Ontem, a Coluna revelou que o presidente da Câmara, Wasny de Roure (PT), assumiu ter terras na satélite de Santa Maria. E foi além, disse que outros deputados também possuem propriedades com interesses em loteamentos. Tudo passa pela LUOS – Lei de Uso e Ocupação do Solo, que tramita junto com o PPCUB e deve ser aprovada a reboque. Ela libera o uso comercial e residencial dos lotes das excelências em várias cidades.

Com o novo PPCUB, Brasília corre risco de perder o título da UNESCO. A arquiteta filha do urbanista que planejou a capital desabafa: ‘O PPCUB resulta numa porteira aberta para que se faça do DF território livre para a especulação imobiliária’, disse Maria Elisa, em entrevista para a Coluna.

Ela alerta para a região considerada o filé mignon das construtoras: ‘O Centro Histórico , a Bacia do Paranoá, certamente não escapa, já que é o sonho de consumo dos especuladores! (E a medida preliminar proposta é… privatizar geral!)’

Pressionada por setores da sociedade, semana passada a Câmara retirou alguns pontos considerados ‘polêmicos’, como o loteamento do canteiro central do Eixo Monumental Oeste e a autorização para construção de hotéis de até 9 andares no setor de clubes às margens do lago Paranoá.

‘Retirar os chamados “pontos polêmicos” me lembra aquela história clássica de se colocar um bode na sala, e quando tira o bode… parece que está tudo em ordem…’, critica Maria Elisa. ‘Acho que deve ser retirado o projeto inteiro’.

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O mapa do Plano Piloto com as mudanças do novo PPCUB – As aéras em amarelo e laranja, hoje parques e áreas verdes com bosques, conforme prevê o projeto original de Niemeyer e Lúcio Costa, serão loteadas para construção de prédios comerciais e residenciais. O que hoje são descampados para lazer vão se tornar ‘selva de concreto’.

Precedente

O caso PPCUB remete a outro, similar, em relação às satélites do DF, ocorrido em Agosto do ano passado, quando a Câmara Distrital aprovou o novo PDOT- Plano Diretor de Ordenamento Territorial.

Através dele, áreas rurais tornaram-se urbanas e com autorização para parcelamento de lotes – há especulação de que deputados donos de terra lucraram muito com isso. O que não é exagero diante do revelado pelo próprio presidente da Câmara, de que parlamentares têm propriedades no entorno. Uma clara legislação em causa própria.

Colaborou Luana Lopes


Donos de terras, deputados do DF legislam por seus lotes
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Leandro Mazzini

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Wasny admite: muitos políticos têm terras onde se discute loteamento. Foto: CLDF

A drástica mudança no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), no tombado Plano Piloto, não passa apenas pela especulação do insaciável setor imobiliário em conivência com a Câmara do Distrito Federal, mas também por projetos pessoais dos deputados distritais que votarão o projeto.

O novo PPCUB vai abrir caminho para loteamentos de outras áreas em cidades satélites, as quais de propriedades dos parlamentares. É que a LUOS – Lei de Uso e Ocupação do Solo tramita junto com o PPCUB e deve ser aprovada a reboque, por interesses pessoais.

O presidente da Câmara Distrital, Wasny de Roure (PT), confirmou ser dono de terras na satélite Santa Maria, e requereu ao IBRAM, Instituto Ambiental de Brasília, autorização para parcelamento de solo e venda. Ele as adquiriu no fim dos anos 70.

Acuado, Wasny ainda soltou: ‘Muitos outros parlamentares possuem terras no mesmo local’.

Wasny é padrinho do administrador de Santa Maria. Suas propriedades são no setor Tororó, na DF-140. Ele, porém, não quis citar quais outros deputados têm lotes na região.

Segundo DAR 594/13, pág. 68 do Diário Oficial do DF, foi autorizada elaboração de estudo ambiental nas terras de Wasny. Aliado, o Governo do DF faz de conta que não vê, em troca da aprovação do PPCUB pressionado pelas construtoras.

O trator governista do PPCUB que será votado semana que vem prevê um crime contra Brasília: o loteamento do restante das belas áreas verdes do Plano Piloto. Pressão das construtoras e incorporadoras também sobre a Câmara.

Cobrado pela sociedade sobre a mudança no PPCUB no Plano Piloto, Wasny, em nome de parte da Câmara, faz jogo de cena e diz que talvez não votem a mudança no plano. A jogada é justamente para pressionar o apoio do GDF, para que avalize a aprovação conjunta do LUOS, que beneficiará as terras dos parlamentares para negociações com construtoras.

O descalabro do Governo de Brasília e da Câmara Distrital é tão grande que o projeto será votado sem a resposta da UNESCO, que mantém o título de patrimônio da Humanidade para a cidade por preservar seu projeto original – e seus parques.

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ppcub

O mapa do Plano Piloto com as mudanças do novo PPCUB – As aéras em amarelo e laranja, hoje parques e áreas verdes com bosques, conforme prevê o projeto original de Niemeyer e Lúcio Costa, serão loteadas para construção de prédios comerciais e residenciais. O que hoje são descampados para lazer vão se tornar ‘selva de concreto’.

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Casagrande, do ES: luta pela recuperação financeira após fim do Fundap. Foto: ABr

NA CANELA

Olha o que dá ser aliado de Eduardo Campos contra o atual governo. A Casa Civil da Presidência acaba de enviar para o Congresso a MP 628, que ‘autoriza a União a encerrar o Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo’ do Estado capixaba. O governador Renato Casagrande (PSB), que dará palanque para Campos, assinou há um ano contrato para ressarcimento de R$ 3 bilhões com as mudanças, pela Fazenda, do recolhimento do ICMS de importação – que dava lastro para o caixa. Agora que se vire.

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ACARAJÉ POLÍTICO

A conversa foi apimentada, os dois esbravejaram, mas na Sexta à noite Walter Pinheiro e Sérgio Gabrielli acataram a decisão de Wagner lançar Rui Costa ao Governo baiano.

TACADA NO PÉ 

O boa praça deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) incluiu na MP 627 emenda que isenta de tributação de IPI e Imposto Industrial equipamentos de golfe.

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O vice Luiz Fernando Pezão: com três na frente dele na corrida eleitoral, diz estar tranquilo. Foto: Alerj

TAMANHO DO..PASSO 

O vice de Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, diz estar tranquilo com o bombardeio dos pré-candidatos Garotinho e Lindbergh contra sua candidatura. ‘Deus me deu pé grande para saber o tamanho do passo que eu posso dar, está tudo direito’. Diz Pezão que não se preocupa em nada, por ora, com a futura candidatura pelo PMDB. ‘Eu e o governador lançamos obras. Só em Dezembro serão 200 ruas na Baixada e São Gonçalo’, diz o vice. Com Cabral em baixa, três partidos já têm candidatos certos.

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QUEBRADEIRA DE NATAL

Pesquisa da Farmus indica que 102 prefeituras do Rio Grande do Sul enfrentam dificuldades para pagar o 13º salário dos servidores. Passaram o pires para o governador Tarso Genro. Mas não é diferente. Minas tem 200 prefeituras quebradas.

BRASIL-LONDRES 

O ítalo brasileiro e atual CEO da British American Tobacco, Nicandro Durante, e ex-presidente da Souza Cruz, foi nomeado administrador independente do Reckitt Benckiser Group, líder global de bens de consumo em saúde.

ATÉ REQUIÃO 

O ‘abraço-assinado’ para José Genoino tem 11 mil assinaturas. Opositor do PT, Roberto Requião (PMDB-PR) está lá, mas petistas históricos deixaram Dirceu e Genoino.

EXCEÇÃO

Apesar da Rede e PSB no Paraná, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) fechou com a reeleição do governador tucano Beto Richa. A dupla afinada conversou bem na Sexta.

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Senador Delcídio: o perigo dos estados endividados. Foto: ABr

DÉBITO SOBRE DÍVIDA 

O senador Delcídio Amaral (PT) reclama: o Mato Grosso do Sul devia para a União R$ 2 bilhões em 1998, pagou R$ 6 bilhões e agora deve R$ 7 bilhões. ‘Não tem lógica, quanto mais se paga mais se endivida. E não é só em MS?’, desabafa.


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