Coluna Esplanada

Arquivo : reforma ministerial

Com Feijó na Secretaria de Trabalho, Lula e Dilma seguram fúria da CUT
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Leandro Mazzini

A posse do sindicalista José Lopes Feijó na Secretaria do Trabalho (ex-Ministério) foi articulada pelo ex-presidente Lula (seu amigo de chão de fábrica) e pela presidente Dilma para acalmar as centrais sindicais.

Em especial a Central Única dos Trabalhadores (CUT), de onde é egresso, que resistia à fusão do Trabalho com a Previdência e prometia fechar avenidas de capitais.


Pedido de Jader e indefinição na ‘Cidadania’ travam reforma ministerial
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Leandro Mazzini

Jader - O ex-presidente do Congresso voltou forte como senador e tem voz no PMDB. Foto: Band/UOL

Jader – O ex-presidente do Congresso voltou forte como senador e tem voz no PMDB. Foto: Band/UOL

A reforma ministerial não saiu ainda por dois entraves.

Um é protagonizado pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA), segundo os próprios parlamentares do seu partido.

No plano atual, o filho Helder perde o Ministério da Pesca. Após Jader protestar veladamente, a presidente Dilma cogita manter a pasta para o peemedebista. Mas agora Jader, afinado com o vice-presidente Michel Temer, reivindica a Secretaria de Portos para o herdeiro – uma jogada também para que Portos não perca status de ministério.

E na outra ponta do impasse na ‘reforma’ na Esplanada existe confusão na fusão de três pastas.

Dilma quer unificar Igualdade Racial, Direitos Humanos e Mulheres no Ministério da Cidadania. O desafio é encontrar uma “mulher, negra e homossexual” para comandar o ministério – brincam aliados.

Isso decorre das disputas internas, porque cada grupo dentro do Governo quer um ministro seu: os homossexuais (Direitos Humanos), os negros (Igualdade) e as feministas.

Na tentativa de resolver o problema, o nome por ora é de Miguel Rosseto, que não orbita em nenhuma das categorias – por isso mesmo foi apelidado de extra-terrestre.

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Na reforma ministerial, a autofagia Palaciana
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Leandro Mazzini

A iminente ida de Aloizio Mercadante para a Casa Civil da Presidência da República pode transformar a esperada reforma ministerial de fevereiro numa autofagia palaciana entre os petistas. Desde o início do governo Dilma, há uma velada disputa entre os Lulistas e Dilmistas.

Um grupo dentro do partido defende a volta de Lula como candidato a presidente já este ano. Esses lulistas passam longe da maioria na legenda, mas são muito fortes. Para eles, Dilma não tem traquejo político e não sabe ouvir. E como consideram ter Mercadante o mesmo perfil da chefe, vislumbram que a interlocução palaciana com o PT tende a piorar.

Esse mesmo grupo articula para levar a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC) para o Ministério da Educação, tão logo saia dali Mercadante. E, para o lugar de Ideli, os Lulistas defendem Aldo Rebello (PCdoB), hoje nos Esportes. Mas Aldo sair da pasta em plena Copa do Mundo seria surreal, ou o plano petista para o comunista é fogo amigo.

Só as próximas semanas e as decisões da presidente vão mostrar se esses petistas têm poder ou vão ficar com as barbas de molho.

Os Lulistas acreditam que o ex-presidente não está morto eleitoralmente, apesar de o próprio negar a candidatura. Para eles, num cenário com Aécio Neves crescendo, Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) numa chapa em ascensão, e Dilma derrapando nas pesquisas, Lula volta. Falta combinar com o homem. Um detalhe, o propalado ministro do STF Joaquim Barbosa tem até abril para deixar a corte e se tornar um vice de Aécio Neves, como querem alguns tucanos. Neste caso, falta combinar com o togado. Vontade ele tem, mesmo sigilosa.

UM RIO DE INFLAÇÃO

É notório o insaciável modus operandi de empreiteiros para ganhar dinheiro com obras, mas ninguém esperava que não poupassem nem o Cristo. Vai sair por R$ 1,8 milhão a restauração da ponta do dedo da estátua do Redentor, no Rio, atingida por um raio semana passada. Por esse preço, até Deus duvida! O dinheiro é público (virá da Lei Rouanet, via Pirelli), para pagar a construtora contratada pela Arquidiocese do Rio, que caiu no conto dos engenheiros.

O Rio anda muito inflacionado, desde que foi anunciado sede da Copa do Mundo da FIFA e dos Jogos Olímpicos de 2016. Dois anos atrás, uma chef de cozinha visitou um restaurante e pagou uma ‘porção de ar’, postou no Facebook. Isso mesmo, veio discriminada na conta, porque a cliente ficou na área interna com ar condicionado.

Até a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade sofre inflação. A Prefeitura do Rio informou já ter gasto mais de R$ 25 mil na restauração de uma pichação do ano retrasado e por reconstruir em bronze por duas vezes as hastes dos óculos, quebradas por vândalos. No fim do ano, outra pichação. Seriam mais uns R$ 3 mil de custos para a limpeza, mas um amigo do falecido, Herbert Parente, apareceu com pincel, lata de thinner e estopa, e limpou voluntariamente. Não gastou mais que R$ 50.

Nada mais plausível essa inflação gigantesca para uma cidade na qual quem puxa a inflação são os próprios órgãos de governo – e suspeitamente, claro. É coisa para o MP investigar. Em 2011, Estado e prefeitura deram R$ 4 milhões em patrocínios para o Athina Onassis Horse Show, na Lagoa. O Rio talvez seja a única cidade no mundo onde os cavalos de raça são melhor tratados que o cidadão nos postos de saúde.

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PROS aposta em Ciro Gomes no Ministério da Integração
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Leandro Mazzini

ciro

Se tudo sair como o planejado para o PROS, o novo partido aliado da presidente Dilma Rousseff, o cearense Ciro Gomes será o novo ministro da Integração Nacional. Ontem, o deputado federal Givaldo Carimbão (AL), líder do PROS na Câmara – o responsável por angariar mandatários para a legenda e, consequentemente, o tempo de TV – e o presidente do partido, Eurípedes Junior, se reuniram com a ministra das Relações Institucionais no Palácio do Planalto, Ideli Salvatti, para tratar do assunto.

Ideli não falou em nome da presidente, mas deixou a entender para a dupla a grande possibilidade de o PROS fincar os pés e as mãos na Integração – daí a rebelião velada do PMDB, para quem a pasta oficiosamente estava prometida, com o indicado senador Vital do Rego (PB), que por ora sobrou.

‘Vamos esperar o convite oficial, é a presidente Dilma quem vai decidir’, diz o líder do PROS, Givaldo Carimbão. Cautela, cautela é a palavra de ordem no partido, que não quer soltar fogos antecipadamente, mas tem ciência de seu poder junto ao Planalto. Pelos 17 deputados da bancada, pelo tempo de TV – menos de um minuto, mas preciosos segundos em tempos de eleição – e pelo poder dos irmãos Ciro e Cid Gomes, o governador do Ceará.

Em especial pelos irmãos Gomes. Dilma já teve melhores relações com Cid, mas nada que tenha abalado a aliança, que agora renasce com a debandada da dupla e uma penca de deputados e prefeitos para o PROS e a base governista, em vez de caírem nas mãos do futuro adversário Eduardo Campos (PSB).

Ciro Gomes já foi ministro da Integração, foi na sua gestão que saiu do papel a bilionária transposição do rio São Francisco, e Dilma, segundo um interlocutor dela em reunião recente, disse que tem ‘um enorme carinho por Ciro’. E também pelo Ceará, obviamente. O Estado controlado pelos Gomes soma 6,2 milhões de eleitores. Um diferencial e tanto para quem precisa de um aliado na Esplanada para ajudar nas urnas em Outubro. Detalhe: o Ceará tem grandes obras da transposição do rio Chico.

Carimbão saiu em defesa do partido ontem com a notícia de que o PSDB pretende subscrever ação jurídica por crime eleitoral contra o partido, na iminência de conquistar o ministério. Para os tucanos, a presidente Dilma usa da caneta para conquistar apoio eleitoral e tempo de TV para a campanha. ‘Somos aliados de Dilma com ou sem ministério’, diz Givaldo à Coluna.

RIO, A VITRINE

O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ficou a sós com a presidente Dilma Rousseff por duas horas e meia no Palácio da Alvorada, na noite de segunda. Saiu dali com três certezas: ele será candidato ao governo do Rio, Dilma pediu seu apoio e prometeu apoio ao candidato do PRB, e Crivella deixa o cargo dia 4 de abril.

Com o governador Sérgio Cabral (PMDB) submergindo no cenário político nacional e afogado na baixa popularidade, a presidente, segundo aliados do Rio, precisa de pelo menos outros dois palanques além do PMDB. O candidato do PT será Lindberghg Farias. Crivella lidera as pesquisas, seguido pelo petista.

O Rio é o terceiro maior colégio eleitoral do País. São Paulo e Minas, primeiro e segundo colégios, são dominados pelo PSDB. Dilma precisa do Rio para reduzir a esperada diferença eleitoral.

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O Rolezinho da base governista no Shopping Planalto
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Leandro Mazzini

Tradicionalmente todo verão o Brasil lança uma onda, quando o cotidiano ainda está em marcha lenta após as festas da virada, os estudantes e as famílias estão de férias. A onda desse Janeiro não vem da música, não é uma dança, passa longe de um personagem. É a massa, uma onda literal, de gente que escolheu os shoppings como alvos, num misto de diversão e protesto. É o chamado Rolezinho.

Apesar do nome, que soa ralé, o Rolezinho é apartidário, envolve todas as classes e, claro, surge com um viés de revolta e sarcasmo. Agora que ganha os shoppings – os templos do consumo – sai das páginas de cotidiano e conquista a atenção de cientistas sociais, que veem no movimento um filho bastardo do grito retido de 2013, algo como um resquício das manifestações de Junho unido à falta do que fazer nesse início de 2014.

Fato é que o Rolezinho é um movimento antigo, que tem outros nomes de acordo com seus cenários. O Rolezinho tem muito a ver, por exemplo, com o que faz a base aliada do governo. Tal como a turma de boné e calça legging, que se junta para zoar no shopping, os mandatários dos partidos governistas no Congresso tratam visitas conjuntas ao Palácio do Planalto (o seu shopping de luxo). Assim como a garotada entra nas lojas para pechinchar preços, os deputados e senadores percorrem os gabinetes dos ministros palacianos para cobrar suas emendas. A turma do shopping faz arruaça ou manifestação por seus direitos e contra a desigualdade social; não é diferente com os líderes e caciques partidários que se rebelam contra o Palácio (e como fazem bem) para garantir seus privilégios, o tratamento igualitário junto à presidente. Se algum ‘rolezeiro’ bate carteira no shopping, é preso pelos seguranças. Ah, no Palácio é igual, embora demore um pouco: haverá uma CGU, um MP e a Polícia Federal como seguranças para enquadrar os assaltantes de verbas.

E se a galera juvenil vai às compras no shopping, em Brasília também tem saldão. Com a reforma ministerial na vitrine e a queima de estoque na Esplanada, o Rolezinho da base aliada hoje ronda o Palácio para faturar uma aquisição. Cada uma delas bilionária. Só para citar os principais, PP, PMDB, PT, PTB, PROS, PSD vestiram seus ternos e tailleurs e começaram o arrastão nos corredores do Palácio.

Para citar os principais: Sai Alexandre Padilha da Saúde, e PT e PMDB estão de olho na cadeira. A Integração Nacional pode cair no colo do PROS, que indicou Ciro Gomes – ele já ocupou a pasta. (É como pegar um vendedor de amendoim na porta da galeria e presenteá-lo como uma boa loja na melhor ala do shopping). A Casa Civil terá rearrumação: como num shopping, o cogitado Aloizio Mercadante sai da papelaria escolar para a administração do complexo. Apesar das malas prontas de Gastão Vieira (Turismo), a agência de viagens deve continuar com o PMDB, assim como a praça de alimentação (Agricultura), caso Antonio Andrade queira disputar a reeleição para a Câmara ou se tornar vice na chapa de Fernando Pimentel ao governo de Minas.

Preocupada, a presidente Dilma convocou até reunião para discutir esses Rolezinhos e se há risco de ganharem as ruas. É porque ela conhece a base que tem.

OS PIONEIROS

Ocorreu dia 4 de agosto de 2000. Um grupo de 130 sem-teto, que acampava na beira da Av. Brasil, no Rio, reivindicando moradias, decidiu alugar três ônibus e rumou para o shopping Rio Sul, da elite carioca em Botafogo. Passearam por lojas, provaram roupas caras, se deslumbraram com as escadas-rolantes (muitos a estreavam). Houve princípio de tumulto com lojistas e clientes, contornados pelos seguranças. Tudo sem violência. Motivados pela desigualdade social, protagonizaram o primeiro Rolezinho do País. Este repórter estava lá e entrevistou o líder do grupo, Eric Vermelho.

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Reforma ministerial pode ser gradativa até Abril
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Leandro Mazzini

Além da gripe pós-praia que derrubou a presidente Dilma Rousseff, aquartelada no Palácio da Alvorada desde segunda-feira, outra certeza começa a rondar os ministros-candidatos prestes a sair: a minirreforma ministerial, ao que tudo indica, será a conta-gotas, e não de uma leva só como muitos imaginavam.

A presidente Dilma começou na segunda a acionar os ministros, através de Giles Azevedo, seu secretário particular no Planalto. Ela convocará cada um para reunião a sós. A ideia é negociar a saída a granel, até abril, para evitar crise de ciúme na base, e haver tempo para que os que partem possam indicar seus substitutos para análise.

Para alguns ministros, a locomotiva do primeiro escalão governista leva vagões com uma carga complexa de articulações que podem descarrilar a base se a freada for brusca. De imediato, até dia 30 de Janeiro, prevê-se, deixam os cargos os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Saúde, Alexandre Padilha – respectivamente candidatos petistas aos governos do Paraná e São Paulo.

Para seus lugares devem ser nomeados Aloizio Mercadante e a atual secretária-executiva da Saúde, Márcia Amaral  (por ora, até Dilma acalmar ânimos e acomodar um político que satisfaça partidos). Mas há candidatos de sobra no PT, PMDB e PROS para a vaga.

Uma vez na Casa Civil, a se concretizar a ida de Mercadante, abre-se uma vaga importante na Esplanada. O Ministério da Educação pode cair nas mãos do PMDB, e um dos mais cotados é o deputado federal Gabriel Chalita, apadrinhado pelo vice Michel Temer. Há muito Chalita está de olho na vaga. Ou o ministério continua nas mãos do PT.

São pelo menos oito ministros-candidatos que deixarão suas pastas rumo às disputas para a Câmara, Senado ou Governo. Entre eles Fernando Pimentel (Desenvolvimento Econômico), que disputará o governo de Minas; Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Gastão Vieira (Turismo), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades) concorrerão à reeleição para a Câmara; Marcelo Crivella (Pesca), que tentará o Palácio Guanabara no Rio.

PONTO FINAL

O presídio da Papuda em Brasília já tem uma bancada de políticos maior que algumas legendas no Congresso.

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