Relator da MP Mais Médicos acionará o MP por intimidação do Cremesp
Leandro Mazzini
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) entrou numa encrenca federal, com um documento que chegou às mãos da presidente Dilma Rousseff e em poucos dias vai para as mesas do Ministério Público.
O deputado federal Rogério Carvalho (PT-SE), relator da Medida Provisória que oficializa o programa Mais Médicos, recebeu um telegrama do Cremesp que considerou intimidatório.
O documento foi enviado justamente agora, em meio ao polêmico embate entre governo e a classe médica sobre a contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para atuação nas cinco regiões do País.
Carvalho é médico licenciado há anos, sem vencimentos, com registro no Cremesp. E logo depois de escolhido relator da MP, recebeu o telegrama do setor de Recursos Humanos com aviso de cancelamento de sua licença e com aviso de retorno imediato ao trabalho.
“Solicitamos manifestação para que reassuma Vossa atividade de médico fiscal no prazo de 30 dias” a partir de 27 de agosto. Veja abaixo.
O envio do telegrama coincidiu com a audiência já agendada do deputado com a presidente Dilma. Ela, segundo relatou o deputado à coluna, ficou revoltada ao ler o telegrama (foto), disse que discorda da decisão. Orientado pelo presidente do PT, Ruy Falcão, também presente à reunião, Carvalho vai acionar o Ministério Público paulista para investigar o caso.
O presidente do Cremesp, Renato Azevedo Junior, justifica o envio do telegrama como praxe administrativa:
“Ele está sob licença do cargo desde 2001, quando se elegeu, e a licença sempre foi prorrogada a cada dois anos. Mas a última é de 2007 e não houve mais”.
Questionado sobre a coincidência do envio do telegrama no momento em que o deputado relata a MP, Azevedo complementa:
“Temos mais cinco funcionários na mesma situação que foram avisados por telegrama. Precisamos contratar para a vaga de médico sindical e enviamos o pedido”.
O deputado federal não se convenceu. “É obrigação deste Conselho conceder a licença e não uma “gentileza” . O que eles estão fazendo é uma retaliação, um assédio moral porque sou relator do Mais Médicos”.