Coluna Esplanada

Arquivo : santa monica

Governo não cumpre acordo e MST volta a ocupar fazenda de senador
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Imagem da ocupação anterior, em março deste ano, feita por sem-terra.

Imagem da ocupação anterior, em março deste ano, feita por sem-terra.

Mais de 3 mil sem-terra voltaram a ocupar na manhã deste domingo (21) a Fazenda Santa Mônica, em Goiás, de propriedade do senador Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado.

A propriedade tem mais de 20 mil hectares e suas terras abrangem três municípios: Alexânia, Abadiânia e Corumbá (GO). É uma das maiores fazendas do Centro-Oeste. Para o MST, improdutiva. Para o senador, que já se defendeu em ocasiões anteriores, tem produção de soja, milho e atividades de pecuária para abate. ( Veja aqui o histórico )

A nova invasão ocorre no dia seguinte ao casamento de uma filha do senador, em Brasília, no Lago Sul, que reuniu a nata da política nacional. Contou com presenças de parlamentares e da presidente Dilma Rousseff, em companhia do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Prestigiaram também o evento o vice-presidente Michel Temer, e os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), entrou outros titulares do alto escalão do Governo.

A OCUPAÇÃO

Em nota, o MST avisa que retornou à fazenda porque o INCRA não cumpriu ‘diversos acordos’ prometidos para as famílias, que deixaram a fazenda num processo de reintegração de posse em março deste ano.

Por meses, mais de 3 mil famílias acamparam em parte da propriedade, num esquema muito organizado – havia cadastro por família, que deveria colaborar com R$ 20 mensais para caixinha; além de seguranças (alguns armados), guaritas improvisadas e distribuição de cestas básicas semanalmente. Chegaram a promover uma ‘pamonhada monstro’ com a primeira colheita de milho plantado pelo grupo no local.

SEM GARANTIAS

Segundo o MST, um dos acordos não cumpridos é ‘o assentamento de cerca de 1100 famílias até 60 dias depois do despejo’. Outra promessa, segundo os sem-terra, não teve retorno do INCRA: ‘a realização de estudo sobre a legalidade da posse do Senador Eunício Oliveira sobre as 21 mil hectares do complexo, já que há grande volume de informações na região sobre a grilagem da área’.

O MST batizou o acampamento de Dom Tomás Balduíno, e avisa que não sairá do local até ter garantias de cumprimento dos acordos.

Ano passado, a confusão foi tamanha que o senador Eunício apontou motivação política na ocupação da fazenda, justamente durante o período eleitoral, enquanto concorria ao governo do Ceará. Alguns políticos ligados ao PT daquele Estado teriam apoiado o movimento em Goiás.

 


‘Pamonhada’ do MST na fazenda de Eunício vai coroar estreia de Patrus
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já comemora a conquista da mega fazenda Santa Mônica, no interior de Goiás, de 20 mil alqueires, de propriedade do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Os sem-terra preparam uma ‘pamonhada monstro’ para as próximas semanas, como alguns deles definem a futura festa, com a primeira colheita da plantação de milho na parte da fazenda ocupada há cinco meses pelo movimento.

Outra novidade vem da ‘Casa Grande’ do parlamentar. Conforme noticiou a Coluna, ele avisou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) que está disposto a negociar a fazenda, disseram fontes do instituto. Já a assessoria do senador negou ontem qualquer negociação.

Detalhes surgiram ontem, por parte dos sem-terra: Eunício quer ficar com a sede (cerca de 200 alqueires) e negociar com o governo uma boa indenização pela desapropriação dos outros aproximados 19.800 alqueires. Ou negociar 80% da propriedade. Mas o INCRA não aceitou a proposta e quer a fazenda inteira. E nisso está o impasse.

Na Santa Mônica, há criação de milhares de gados para corte, e plantação de soja que seria terceirizada. A fazenda é tão grande que abrange terras em três municípios goianos.

A se confirmar o assentamento, como preveem os sem-terra e o INCRA, o episódio coroa a estreia do ministro Patrus Ananias no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Patrus, que andava sumido do mapa político, voltou ao governo na segunda gestão de Dilma.

Uma curiosidade, o petista é amante de literatura e mestre na obra de Guimarães Rosa.

Atualizada terça, 6, 15h15 – De acordo com a assessoria do senador, a Fazenda Santa Mônica é produtiva, inclusive lavrou-se certidão do INCRA a confirmando ‘altamente produtiva’, não podendo ser desapropriada. O INCRA está com edital para comprar (outras) terras na região como forma de resolver o impasse.


INCRA negocia maior fazenda do senador Eunício
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – aliedo.blogspot.com

O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) pode perder parte da sua mega fazenda em Goiás para a reforma agrária. Fontes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) afirmam que o parlamentar, proprietário da Fazenda Santa Mônica, estaria disposto a negociar a propriedade ocupada há quatro meses por mais de 1.500 famílias de sem-terra. A Santa Mônica abrange cerca de 20 mil alqueires de terras em três municípios goianos.

O INCRA comemora 22 novas desapropriações decretadas pela presidente Dilma no D.O. do último dia 31 – nenhuma delas é a Santa Mônica. Mas a propriedade de Eunício entrou na fila. O governo reservou R$ 76,7 milhões do Orçamento deste ano para pagar as terras desapropriadas pelo último decreto, uma média de R$ 3,48 milhões por propriedade.

Obviamente há grandes e pequenas fazendas, e os valores variam. A maior delas foi a Salgador, em Presidente Vargas (MA), com 26 mil hectares desapropriados e 655 famílias assentadas.

Não se sabe quanto valem as terras de Eunício, nem quanto reivindica o MST. O INCRA acompanha com cautela a situação. Fato é que, como revelou a Coluna, os sem-terra criaram um Quartel General armado em parte da propriedade invadida. Torres de vigilância erguidas ao longo da margem de uma rodovia mostram sem-terra armados com espingardas.

O grupo mantém uma caixinha de R$ 30 mil por mês com contribuições de R$ 20 por família – do contrário, o nome do pretendente a um pedaço de terra é excluído da lista. E as barracas montadas devem ter pelo menos um morador – muitos são residentes da região, de áreas urbanas ou rurais, e alguns têm propriedades.

De acordo com o INCRA, foram desapropriadas dia 31 cinco fazendas em Goiás, quatro no Maranhão, quatro em Pernambuco, duas em Minas, duas na Paraíba, e uma em cada um destes Estados: Sergipe, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rondônia.

Dilma comemora assim ‘66.658 hectares destinados à reforma agrária, que beneficiarão 1.739 famílias em 10 estados’, somente em 2014, informa o instituto. ‘No período de 2010 a 2014 foram decretados pela presidenta Dilma Rousseff 374 imóveis para fins de reforma agrária em área de 731.206 hectares’.

Os números felizes do governo são tão chamativos quanto desafiadores: resta saber se o INCRA vai inspecionar e acompanhar a esperada produtividade dos assentados, ou se continuará a reforma agrária sem saber se realmente empossou lavradores humildes ou trambiqueiros espertos donos de apartamentos e veículos que se passam por sem-terra e vendem as terras herdadas.

Resta saber também quanto Eunício vai pedir pelo pedaço da grande fazenda. Pouco não é. Naturalmente o senador tem dívidas de campanha pela derrota ao governo do Ceará, e pode fazer um grande negócio.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>