Coluna Esplanada

Arquivo : Sarney

Pirotecnia de políticos deixa hospitais na UTI
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Leandro Mazzini

Tema bem abordado hoje por Elio Gaspari, o Hospital Regional Norte, em Sobral (CE), acaba de dar entrada na UTI. Como tragédia pouca é bobagem no país da Piada Pronta, lembra José Simão, eis o inglório domingo do hospital que nem médico tem ainda, mas brilhou em inauguração fantástica com show de R$ 650 mil de Ivete Sangalo: após forte chuva neste domingo, caiu a marquise da fachada do prédio novo. Repito: novo. Leia aqui reportagem de O Povo, do Ceará.

Não é de hoje que a pirotecnia dos mandatários sábios em medicina deixa o povo sofrido sem hospitais – ou nos que existem, sem macas ou médicos. A literatura político-policial para a Saúde é tão vasta que, se a Justiça pusesse na cadeia todos os governantes que malversam a verba para o setor, faltaria camburão no país.

Outra tragédia é o desdém. Nota-se pelo histórico levantado pelo repórter – e publicado na coluna – que em caso de emergência, os mandatários confiam tanto em seus hospitais públicos a tempo de rumar para um particular.

Fim de Outubro do ano passado, o secretário de Saúde do Rio, doutor Sérgio Côrtes, foi levado às pressas para o Hospital Samaritano, em Botafogo, apesar de o da Lagoa, seu bairro, estar operando. Teve escola. Em 2010, o prefeito Eduardo Paes correu para cirurgia de emergência na tradicional Clínica São Vicente, na Gávea. Uma semana depois, deu entrada no Copa D’Or o governador Sérgio Cabral. Excelências em atendimento, nenhum dos hospitais acima é da rede pública. Leia a aventura do trio aqui. Cabral é o mesmo que vestido de presidente, em fins de 2010, anunciou como ministro da Saúde o Côrtes, sua cria, mas a dupla entrou no bisturi da Dra. Dilma Rousseff.

Em abril de 2012, o ministro do Turismo, Gastão Vieira, implantou um stent no coração no respeitado Sírio e Libanês, em São Paulo – onde por coincidência estava internado, naquela mesma semana, o presidente do Congresso e seu conterrâneo, José Sarney. Ambos maranhenses, não titubearam em pegar voos para a capital paulista. Naqueles dias, o repórter descobriu que um lavrador, senhor Pedro Nogueira, morreu de enfarte na Emergência do Hospital Nossa Sra. da Conceição, em Central do Maranhão (MA), por falta de atendimento. Em síntese, um abismo ético, estrutural, administrativo e tecnológico separou os destinos do senhor Nogueira de Sarney e Gastão.

Este hospital supracitado, público, fica na Av. Roseana Sarney, s/n. O nome é em homenagem à governadora do estado, que prometeu em sua campanha construir 72 hospitais. Quando mal de saúde, Roseana se interna no Sírio e Libanês, em SP. Ou, se emergencial, vai a um privado de São Luís e passa longe do Socorrão que o estado mantém (lotado). Foi o que aconteceu com a governadora no fim de janeiro.


Como Renan negociou a vitória
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Leandro Mazzini

Qualquer candidatura sucumbiria ontem às articulações do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Há dois anos ele negocia sua volta ao comando do Congresso, em conversas até com PSDB, DEM e PCdoB, partidos que ajudaram a derrubá-lo do cargo em 2007.

Para se consolidar e garantir o voto feminino suprapartidário, Renan chegou a ligar para a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) e prometer a ela criar a Procuradoria da Mulher, proposta que Vanessa apresentou sem sucesso quando deputada. Ainda reticente, ela ouviu o aval do vice-presidente Michel Temer.

VERMELHA

“Essa loura tá podendo”, brincou o colega Inácio Arruda (PCdoB-CE) quando Renan citou Vanessa no discurso de campanha. A senadora ficou vermelha. “É que desde a Câmara estamos (as mulheres) lutando por isso”, justificou Vanessa à coluna, para driblar constrangimentos sobre apoio a Renan, denunciado no STF.

BAIXO CLERO

Depois da posse de Renan e do séquito bajulador que o seguiu, poucos viram a cena:  José Sarney caminhar sozinho e sem atenção pelo plenário, como nunca antes.

 

EXPLICA, EXPLICA..
Outro ponto de Renan foi manter com o PSDB a bilionária 1ª Secretaria, que controla contratos e o Orçamento de R$ 3 bilhões. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o novo ocupante, se desdobrou por 20 minutos em plenário para explicar a um contrariado Aécio Neves os motivos da adesão. Contra Renan, Aécio pregou a renovação da Casa.

 


DOIS LADOS

No salão azul, Aécio soltou “O Senado se apequenou, a candidatura de Taques é o sentimento de mudança”. Mas o PSDB não abriu mão da 1ª Secretaria. O presidente do PMDB, Valdir Raupp: “As denúncias são requentadas”.  Mas Renan é um só.

 


CADÊ?

Três senadores faltaram ontem na eleição. Luiz Henrique e João Ribeiro, por motivos de saúde, e Humberto Costa, que faz curso nos Estados Unidos, explicou assessoria.

 


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PÉ NA ESTRADA

Causou ciumeira em Minas e Energia a escolha do ministro Guido Mantega (Fazenda) para liderar o roadshow que apresentará em São Paulo (terça), Nova Iorque (26) e Londres (1º de Março) o pacote de PPP e as rodadas do leilão da exploração do Pré-Sal.

TAPA DE LUVA

A decisão da presidente Dilma de escalar Mantega à frente da comitiva, com Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Bernardo Figueiredo (Trem Bala e rodovias), é justamente para mostrar à imprensa britânica que ele continua forte no governo.

CRISTO CONECTADO

Durante a Jornada Mundial da Juventude, a Embratur vai instalar no Cristo do Rio um centro digital para exibir para os estrangeiros os maiores pontos turísticos do país.


O troco do PMDB no Orçamento
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Leandro Mazzini

O desinteresse do PMDB no Orçamento de 2013, apesar do esforço do relator-geral, senador Romero Jucá (PMDB-RR), conota um troco da cúpula do partido contra a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT). Foi dela a ideia, em meados do ano, de tirar Jucá da Liderança do Governo no Senado e nomear Eduardo Braga (PMDB-AM). Ideli comprou briga com a dupla que comanda a Casa: Renan Calheiros e José Sarney. Nos bastidores Braga está isolado. Deu nisso: Orçamento adiado.

FOI ASSIM. Jucá caiu da liderança após o PMDB se rebelar e não reconduzir o chefe da ANTT, Bernardo Figueiredo. Ideli anunciara um rodízio de líderes, até hoje uma promessa.

PARA VARIAR. A presidente Dilma ficará refém do calendário: Senado e Câmara voltarão em campanha para eleição dos novos presidentes e podem atrasar ainda mais a votação.

TIRO N’ÁGUA. Na sexta, Braga indicou que a bola estava com Jucá. No esforço, Jucá telefonou ontem para membros da comissão representativa. Em vão. Havia orientações para freá-lo.

É A CAMPANHA. Com o líder do Governo, Eduardo Braga, fritado até por ‘aliados’, o relator-geral do Orçamento 2013, senador Jucá, ficou abandonado. Sarney lavou as mãos, e dois expoentes do PMDB, Renan Calheiros (AL) e Henrique Alves (RN), focam suas campanhas para presidir Senado e Câmara.