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Obras em aeroporto e recesso da FAB: o coração do menino não aguentou
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Leandro Mazzini

As autoridades omitem a verdade sobre a morte do menino G.L.A. de 12 anos que faleceu em Brasília no dia 1º de janeiro à espera de transplante de um coração.

A Força Aérea Brasileira, que foi procurada pela Central Nacional de Transplantes, alegou “questões operacionais” para justificar por que não fez o transporte de Itajubá, no Sul de Minas, para a capital federal.

Duas situações contribuíram principalmente para a tragédia humanitária. Apesar da equipe de plantão para emergências, a equipe da FAB para transportes especiais estava de recesso. Isso prova o quadro de cronograma de voos de transportes de autoridades, por exemplo, ter um intervalo sem operações entre 31 de dezembro e 4 de janeiro.

E mesmo que houvesse jatinho disponível e pilotos, havia outro problema – a logística e o tempo. O Aeroporto de Itajubá passa por obras de terraplanagem e reforma há mais de ano. Situado num brejo, a pista está há meses sendo remodelada. É num hospital da cidade que estava o coração doado para o transplante.

Pista em terraplanagem em Itajubá. Foto de divulgação da prefeitura

Pista em terraplanagem em Itajubá. Foto de divulgação da prefeitura

Na operação, então, seria necessário usar o aeroporto de uma cidade próxima – poderia ser Pouso Alegre, a 70 km de Itajubá, ou Varginha, a 176 km. Ou, respectivamente, aproximadamente 20 minutos e 50 minutos de um voo de helicóptero.

Curiosamente, Itajubá é sede de uma da maior fábrica de helicópteros da América do Sul, com helipontos de apoio e aeronaves novas paradas no pátio. Um telefonema de um mandatário aliado à boa vontade dos executivos da Helibrás poderiam ter ajudado no transporte do órgão para uma dessas cidades, onde um jato da FAB poderia pousar.

Na resposta à Coluna, embora não tenha detalhado os motivos operacionais, a FAB destacou o trabalho de parceria com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

“Segundo dados do SNT, em 2014, 2.486 dos 23.226 órgãos transplantados em todo o Brasil foram transportados por avião, o que representa 10,7% do total. Em média são realizados 20 transportes de órgãos por dia em aeronaves. A lista inclui órgãos como coração, rim, pulmão e fígado, além de tecidos como córnea e pele”.

Ainda de acordo com a assessoria, “em 2015, a FAB realizou 42 missões de transporte de pacientes e órgãos em todo o país. No ano passado, somente na região de Brasília foram transportados seis corações para transplante”.

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