‘Um dígito’ de Dilma para a Selic ficou lá atrás
Leandro Mazzini
Eram meses tranquilos para a economia brasileira em meados de 2009, País em ascensão, quando a pré-candidata a presidente do Brasil começou a sair da Casa Civil, onde batia ponto, para mostrar a sua cara e ficar conhecida, a pedido do padrinho.
Num discurso para centenas de sindicalistas no auditório Nereu Ramos, no subsolo do Anexo 3 da Câmara dos Deputados, Dilma Rousseff foi aplaudida pela turma ao garantir que os anos seguintes cravariam a taxa básico de juros, a famosa Selic, com apenas ‘um dígito’. Seria o início de uma era de grande e ininterrupto crescimento da economia em todos os setores.
Aplausos fracos, a turma deu de ombros, poucos entendiam a importância da taxa para o dia dia. A professora no púlpito então fez questão de frisar: ‘Vou repetir, a taxa Selic com um dígito apenas’. Foi ovacionada!
Em 28 de maio de 2010, a taxa básica de juros cravou seu menor patamar das últimas décadas: 9,5%. Quando a profeta assumiu a presidência no ano seguinte, a Selic já passava de 11%. De lá para cá, galgou degraus (alguns bem altos, como o de semana passada, de meio ponto percentual).
O Copom acaba de elevar a mesma a 14,25% ao ano. Dilma nunca mais tocou no assunto desde aquele discurso para os pelegos.
A culpa, provavelmente, foi dos sindicalistas que não souberam aplaudir. Ou da cartomante que auxilia a presidente no Palácio do Planalto.