Lula, Schumacher e a eleição de 2018
Leandro Mazzini
Com mania de se comparar a ídolos mundiais, coisa do seu egocentrismo peculiar (a vaidade, aliás, é adereço de todos os poderosos), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repete isso a quem o provoca sobre uma eventual futura candidatura à Presidência: ‘Schumacher foi campeão sete vezes da Fórmula-1, e quando resolveu voltar (às pistas), foi um fracasso’. Contou um aliado próximo dele.
A infeliz comparação vem sendo citada pelo petista há meses para quem o pergunta sobre se substituiria Dilma Rousseff na cmpanha de 2014. Ela explica duas coisas: uma, Dilma sempre foi a candidata à reeleição; outra, Lula realmente teme não voltar a ser o Lula que foi, se vencer uma eleição. Chances fortes para isso, atualmente teria.
Hoje, algo inimaginável, o ex-piloto Michael Schumacher agoniza numa maca de hospital. Não por acidente automobilístico a 300 km por hora, mas após um tombo de esqui. Peça do destino. Diferentemente da política, onde cada passo, ou manobra numa condução de articulações é um plano de meta para quem sabe fazê-la. É o caso de Lula. Ele também sempre foi candidato desde que lançou Dilma Rousseff.
O trato era, contam à boca pequena petistas históricos: Você vai, Dilma, mas em 2014 sou eu. Fato é que, assim com Schumacher não contava com este tropeço físico, Lula não esperava a surpresa de um câncer. A doença, apesar de curada, o debilitou. E Dilma vai bem no campo social, o carro-chefe dessa era petista, embora a economia derrape nessa pista cheia de buracos.
De uma situação o PT não pode reclamar nessa indefinição do pós-2014: Lula já é maior que seu ego, ele pensa no partido e no projeto de poder petista. Se em 2018, independentemente do resultado deste ano, ele estiver bem de saúde, e vir que o PT corre sério risco de ser extirpado do Poder até por seus aliados, ele se candidata. A idade é um detalhe. E ainda se compara a outros que passaram em alta idade pelos palácios, como Nelson Mandela e Fidel Castro.
Lula é candidato em 2018 se não der certo seu projeto de fabricar um nome por São Paulo, como Alexandre Padilha ou Fernando Haddad, ou via Rio, com Lindbergh Farias. O ex só deu uma escapada para o pit stop, e dali assiste atento à corrida, como reserva de luxo. Mas nunca falará de seu projeto. Conta um expert: ‘Em política, você nunca vai ouvir a verdade de um candidato até a véspera da eleição’.
A frase para este repórter foi dita pelo ex-senador Luiz Estêvão. Deve entender muito bem o que diz, para quem é condenado à prisão, continua livre, feliz e bilionário.