Coluna Esplanada

O Gigante acordou e põe Marina contra Marina

Leandro Mazzini

gigantevale

A cúpula do PT já admite veladamente a possibilidade de a candidata Marina Silva (PSB) surgir na frente da presidente Dilma Rousseff (PT) nas urnas, mesmo que em pequena vantagem, dia 5 de outubro.

Até lá, Marina será bombardeada pelos dois adversários, Dilma e Aécio Neves (PSDB). De trajetória bonita como a do ex-presidente Lula, sem processos, ficha-limpa, cujos aliados alardeiam ter sido injustiçada por forças ocultas na fundação da sua REDE, e na esteira da comoção nacional pela morte de Eduardo Campos, Marina tem hoje um único adversário: ela mesma, e suas contradições que começam a aparecer.

Até a eleição, naturalmente para agarrar a oportunidade, Marina vai ter de rever seu discurso considerado até agora radical. Como dizem no Acre, ''o cavalo só passa selado uma vez, ou monte e fica para trás''.

E em poucos dias ela já fez por onde: aproximou-se do agronegócio, tão criticado anteriormente; não é mais contra as sementes transgênicas pesquisas e criadas em laboratórios; e só falta dizer que é a favor da usina de Belo Monte, no Pará – a maior obra de infraestrutura em andamento no País.

É evidente que ela vai amansar o discurso, mas deve tomar cuidado, porque o povo não é mais bobo, e a internet com suas redes sociais, nas capitais e rincões, da classe A à classe D, tornou-se hoje a maior ferramenta de democracia – é o canal de críticas, sugestões, e principalmente desabafos.

Foi essa rede virtual que levou às ruas de todo o Brasil em junho de 2013 milhares de pessoas insatisfeitas com vários problemas, e não só contra a política. Aquele Gigante, que havia adormecido desde então, parece estar despertando: é este Gigante, sem cara, mas com milhares de cabeças e decisão de votos, que está reconhecendo em Marina a sua legítima representante.

Então, os adversários que se cuidem e tratem de acalmá-lo, com propostas concretas e viáveis. Marina que se cuide para domá-lo, já que está com as rédeas por ora, porque o Gigante tem a mão pesada. Em especial na hora do voto.