Aeroclube sem-teto compromete formação de pilotos para companhias
Leandro Mazzini
O secular Aeroclube do Brasil está literalmente sem-teto.
Fundado pelo pioneiro aviador Alberto Santos Dumont em 1911, o Aeroclube do Brasil, por ordem judicial, está despejado pela estatal Infraero desde ontem dos hangares que ocupa no Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
O impasse judicial dura um ano. O despejo não envolve apenas um fato histórico e sentimentalismo. Sem sede, os cursos de formação de pilotos vão paralisar e em poucos anos o mercado de aviação comercial pode sentir o baque.
Isso porque nas últimas décadas o Aeroclube foi responsável pela formação de 80% dos pilotos do Rio, Minas e Espírito Santo, a maioria deles atua nas grandes companhias aéreas.
A conseqüência pode abrir brecha para que o Congresso Nacional mude o novo Código de Aviação, em discussão, e abra as portas para pilotos estrangeiros serem contratados com a eventual futura demanda.
VAIVÉM
A direção do Aeroclube teve sucessivas derrotas judiciais em todas as instâncias no Rio. Apelará agora ao STJ. A assessoria da Infraero informou que não houve acordo comercial pela área cedida em 1972 ao ACB, e agora precisa do local para alocar cerca de 200 funcionários que serão transferidos do Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão, com a concessão para a iniciativa privada.
PAÍS SEM MEMÓRIA
Nos EUA, a situação é diferente. A pista e os hangares usados pelos irmãos Wright no primeiro voo foram tombados, e entregues a uma associação de pilotos.