PPA do Governo é uma piada e provocação aos fiscalizadores
Leandro Mazzini
O Plano Plurianual 2016-2019 aprovado pelo Governo e referendado pelo Congresso Nacional é digno de uma lupa policial: uma peça de piada pronta, acinte à inteligência do cidadão e provocação às instituições que fiscalizam o dinheiro público.
Entre alguns dos principais projetos destacam-se a destinação de R$ 14,8 bilhões para a implantação da Usina Nuclear Angra III (sim, após duas décadas ainda está em construção, com previsão para conclusão em 2018), além de R$ 613 milhões para o novo complexo do Instituto Nacional do Câncer, no Centro do Rio.
É para o mesmo Inca que o governo não tem dinheiro para manter máquina de radioterapia para combater câncer de mama (a mesma já foi consertada, veja abaixo)
O governo ainda fecha os olhos para o recente escândalo policial na Hemobrás: prevê R$ 2,7 bilhões para obras do novo complexo.
A Universidade Federal de Bauru (SP), prometida há anos e cuja criação depende de Projeto de Lei que vagueia na Câmara desde 2013, tem reservados R$ 300 milhões. Embora o MEC não tenha dinheiro para contratar professores.
Os valores para o complexo do Inca, de Angra III e das rodovias – uma pequena amostra do amontoado prometido de obras – trazem uma certeza: não há preocupação com equipamentos e pessoal especializado. O negócio é dar dinheiro para as empreiteiras.
Previsto na Constituição, o PPA, organizado pelo Ministério do Planejamento numa interface com outros órgãos, prevê o cronograma de investimentos de até quatro anos.
Atualização Quarta (23), 18h15 – Em nota, o INCA informou: ''O atendimento radioterápico está funcionando normalmente e não apresenta qualquer problema. O Instituto possui seis aparelhos de radioterapia: cinco no HC I e um no HC III.
''O equipamento do HC III quebrou no fim do turno do dia 16/11. No dia 17, logo no início da manhã, a assistência técnica da fabricante já estava no hospital. Pela complexidade da máquina, o diagnóstico do problema foi finalizado em 27/11, data em que o INCA foi informado sobre a necessidade de troca de peças (um conjunto de nove peças que trabalham integradas)'' . A máquina voltou a funcionar no último dia 15 de dezembro.
Atualização Quinta, 24, 12h – Citado anteriormente no texto, o ex-deputado Luciano Castro nega que tenha pedido a construção de duas rodovias no valor de R$ 314 milhões, cada. Diz que tudo o que está programado para Roraima, estado pelo qual foi parlamentar federal, já estava incluído no PPA. Castro atualmente é secretário nacional de Transportes do ministério.