Ex-mensaleiro vira aluno de ministro Gilmar Mendes em faculdade
Leandro Mazzini
Uma cena inusitada hoje numa seleta turma de alunos de uma faculdade particular de direito em Brasília. Na frente, o professor Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e na plateia, o ex-mensaleiro João Paulo Cunha, trocaram olhares e se cumprimentaram silenciosos com o breve balançar das cabeças.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados condenado na Ação Penal 470, o famigerado Mensalão do PT, e o ministro-professor que deu votos pela condenação, se reencontraram nesta manhã de sábado numa das salas do IDP – Instituto de Direito Público, onde Gilmar dá aulas.
A turma da disciplina de 'Especialização Constitucional' é formada basicamente por advogados. O grupo quis aplaudir o ministro em sua chegada, pela decisão liminar de ontem no STF, que devolveu para o juiz Sérgio Moro, da vara federal de Curitiba, o caso de investigação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ciente da presença de João Paulo entre eles, ficaram constrangidos e decidiram preservá-lo.
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PERDÃO DA PENA
João Paulo Cunha foi condenado a seis anos e quatro meses de prisão pelos crimes de peculato e corrupção passiva na AP 470. Pagou multa de R$ 909 mil e já cumpriu dois anos e dois meses da pena. Ele teve a pena total perdoada pelo plenário do STF no último dia 10 de março, após pedido da presidente Dilma Rousseff, por decreto presidencial.
O ministro relator do caso foi Luís Roberto Barroso, recém-nomeado para a Corte, que deu voto favorável – seguido por todos os colegas de toga, inclusive Gilmar Mendes.
Pelo inédito ocorrido para a turma e o professor, João Paulo ganhou o velado apelido de Aluno 'Kinder Ovo' – que traz sempre uma surpresa. A Coluna ainda não conseguiu contato com Cunha.