Coluna Esplanada

Arquivo : general azevedo e silva

APO, um general em seu labirinto (esportivo)
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Leandro Mazzini

A excelente obra de Gabriel García Marquez, O general em seu labirinto, conta sob olhar peculiar do saudoso escritor os últimos meses de vida de Simon Bolívar, o libertador da América.

O título é sugestivo para o atual momento do general Fernando Azevedo e Silva, comandante da APO – Autoridade Pública Olímpica, embora o personagem e o enredo do clássico literário passem longe da realidade vivida pelo oficial recém promovido a General de Quatro Estrelas do Exército Brasileiro.

Sugestivo, e aqui peço licença poética ao leitor, porque Azevedo e Silva, mal ou bem, tornou-se um libertador de amarras burocráticas e enfrenta um exército estrangeiro com datas cronogramadas para as batalhas ‘em campo’. Elogiado pela disciplina militar por uns e criticado por outros por não ser da área, vai comandar a equipe no dia 9 de fevereiro no encontro com os representantes do Comitê Olímpico Internacional no Rio. A turma vem conferir a quantas andam as obras para os Jogos de 2016.

Azevedo e Silva tornou-se o último técnico de um time político à frente das autoridades públicas nos três níveis – de prefeitura a federal – para monitorar as obras. O desafio é atualizar a Matriz de Responsabilidades junto ao COI e ainda prestar contas ao TCU. A APO tem vida ‘útil’ até 2018, quando entregará ao governo e ao tribunal o legado dos Jogos e as contas.

A Matriz engloba as obras exclusivamente voltadas à organização e realização dos Jogos Rio 2016 e a sua atualização é divulgada a cada seis meses. O desafio maior do general é a desconfiança que o COI ainda tem do Brasil e da capacidade do governo de entregar o que propõe.

Hoje, o general tem o primeiro encontro com o ministro do Esporte, George Hilton. Ambos vão colocar à mesa o ‘plano de defesa’ sobre o complexo de Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Há uma forte desconfiança, tanto do governo federal quanto do COI, de que as obras não serão entregues a tempo – o Rio 2016 se distribuirá por Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã, Lagoa Rodrigo de Freitas e Copacabana. Destes, a Zona Oeste, como provas como hipismo e canoagem, é apontada como a situação mais crítica.

E há mais obstáculos nesta maratona. Uma disputa velada pelo cargo de APO no governo a um ano do maior evento internacional da História do Brasil. Este é o receio dos envolvidos. Por um lado, a presidente Dilma pode dar como finalizada a missão de Azevedo e Silva, e por outro pode mantê-lo, apesar da pressão política.

Há os que defendem a entrada de profissionais ligados mais ao Esporte, e há os que apontam o risco de credibilidade do País junto ao COI e outros países na eventual troca do comando da APO. Fontes palacianas indicam que o PT pretende emplacar no cargo Thomas Traumann, ligado à presidente Dilma. Nada concreto, só boato do jogo político. Por ora.

Se o general será um bom gestor, o tempo dirá, saia ou não do cargo. Fato é que ele terá de provar nos próximos dias que têm fôlego para essa maratona, ou joga a toalha.
Um detalhe, a Matriz de Responsabilidades tem de ser feita até o próximo dia 28 e há 45 eventos testes este ano na capital.


Jogos 2016: APO cria força-tarefa para elaborar Matriz de Responsabilidade
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Leandro Mazzini

A 30 meses das Olimpíadas do Rio, com o ritmo quase parando das obras tanto na Vila Olímpica quanto em Deodoro, no complexo militar, o governo decidiu pressionar a Prefeitura e o Governo do Estado para a elaboração da chamada Matriz de Responsabilidade – nada menos que um cronograma de obras e planilha de custos.

A Matriz é fundamental para que não se repita o erro do Pan Americano de 2007, quando, sem uma, o governo federal teve de arcar com custos finais e obras para a realização dos Jogos – e o custo inicial de R$ 700 milhões passou dos R$ 3 bilhões. Foi a modalidade “Salto sobre Verbas”

Parece tão simples, mas não é. Desde que a Autoridade Pública Olímpica (APO) foi criada, há mais de dois anos, os governos federal e estadual – e a prefeitura, principalmente – batem cabeça numa maratona de empurra-empurra e colocam em risco o grande evento. Sérgio Cabral e Eduardo Paes, numa reunião em Brasília, chegaram a dizer que não precisavam de APO federal (cada um criou a sua).

O novo APO, general linha dura Fernando Azevedo e Silva, decidiu então montar uma força-tarefa com os entes. Enviou convites formais para o município e Estado. Pediu que enviem integrantes técnicos para que participem do grupo de elaboração da Matriz definitiva. Tornou-se a prioridade da APO. Paes, outrora reticente, já apoia a ideia.

A decisão da força-tarefa para a Matriz não foi apenas administrativa, mas política também. Foi ordem da presidente Dilma, preocupada com o cronograma das obras. Por mais que tenha tentado nos últimos dois anos, o ex-APO Marcio Fortes encontrou grande resistência no assunto junto ao Estado e prefeitura. Agora, militar com perfil conciliador, segue a linha militar de “Missão dada, missão cumprida”.

Hoje e amanhã, o general da APO participa de seu primeiro encontro oficial com os integrantes do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), que acontece segunda e terça no Rio, na sede do Rio 2016.

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