Coluna Esplanada

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Ex-‘clippadora’ de Brizola, Dilma detesta notícia distorcida
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Leandro Mazzini

Dilma com Brizola, nos anos 80. Foto extraída do blog bananeirasagora.com.br

Entre todas as rotinas sigilosas da presidente da República, há uma certeza de praxe matutina, informada à coluna por fonte próxima de Dilma Rousseff: ela lê diariamente todos os grandes jornais e as colunas. Não se trata apenas do relatório do clipping repassado pela Secom. Ela lê os jornais, entra nos sites.

O costume surgiu anos atrás, quando, acreditem, a recém-filiada ao PDT sulista foi escalada por Leonel Brizola para ser sua clippadora e analista de mídia. Dilma passou então a acompanhar os jornais, os articulistas, e bem antes de se falar em internet – começou, inclusive, a gostar de jornalistas, ou detestá-los, em alguns casos.

Ex-ministro da Comunicação e deputado de mandatos seguidos, Miro Teixeira (PDT-RJ) – frisa-se que ele não é a fonte – repete sempre para repórteres uma máxima de que ‘político não gosta de notícia, gosta de poder’.

Encaixa-se neste perfil, portanto, Dilma Rousseff que galgou por cargos na prefeitura de Porto Alegre, governo do Rio Grande, Ministério da gestão Lula e naturalmente despiu-se de clippadora-política para tornar-se política-clippadora.

Daí a cena na TV nesta quarta-feira, o seu semblante revoltado e olhar furioso para repórteres em Durban, ao falar entre dentes “Eu só repudio a manipulação de fala”. Não foi só a resposta da presidente, mas também da ex-analista de mídia brizolista.

O problema da presidente é que, apesar de boa técnica, não é de improviso como seu antecessor. Ela tentou relacionar um desafio a outro e conseguiu misturar dois problemas numa frase só. Assim se complicou na coerência oral. Eis aí: “Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico (…)”.

Ou seja, no calor do “quebra-queixo” (o momento em que os jornalistas esticam microfones e gravadores ao personagem), entre o improviso apressado e o entendimento da turma, também eufórica, depreendeu-se isso: ou ela combate a inflação, ou faz o país crescer.

O mercado leu, ouviu, e as bolsas quase desabaram há pouco – o que influenciaria a abertura das asiáticas daqui a duas horas. Antes do efeito dominó, o Planalto soltou nota oficial.

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