Câmara vira campo de guerra pelo comando da CBF
Leandro Mazzini
Com tantos cartolas e caciques partidários envolvidos em política e futebol, não é surpresa que a batalha pelo comando da Confederação Brasileira de Futebol seja disputada – veladamente – na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Com a informação de corredores de que o presidente Marco Polo Del Nero corre risco judicial ou pode se licenciar, dois vices-presidentes da CBF querem o cargo, se vago.
Um é o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), e outro é o ex-presidente da Federação Catarinense Delfim Peixoto – representado pelo deputado Espiridião Amim (PP-SC) na “partida”.
O pontapé foi a consulta à CCJ, feita por Marcus Vicente, sobre a possibilidade de assumir a CBF mesmo em mandato parlamentar. Ele é o vice e amigo mais próximo de Del Nero na entidade. Isso acendeu o alerta dentro e fora da CBF de que algo pode acontecer com o atual presidente.
Marcus Vicente teve aval técnico do relator da consulta, o deputado Rubens Pereira (PCdoB-MA). O parlamentar autorizou intenção de Vicente desde que a CBF não tenha contrato com poderes públicos. Está no Artigo 54 da Constituição, sobre vedações do cargo parlamentar.
Mas isso foi a deixa para Esperidião Amim pedir vista na consulta. Será mesmo que a CBF não tem contrato público em algum lugar do País? O deputado quer saber se a CBF se beneficia de verba oficial desde prefeituras até a União. Se houver, o caminho fica livre para o seu aliado Delfim Peixoto, o outro vice.
‘SÚMULA DA PARTIDA’
Como notório, o FBI prendeu dirigentes da FIFA – entre eles o primeiro-vice de Del Nero, José Marin – quem de fato poderia assumir caso o presidente se afaste.
No regimento da CBF, se Del Nero se licenciar, tem a prerrogativa de indicar o vice – que é o seu amigo deputado Marcus Vicente. Caso Del Nero seja demitido ou expulso do cargo, por qualquer circunstância, assume o mais velho – neste caso, Delfim Peixoto.
Um detalhe curioso. Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e outro na mira das investigações, que vivia em Miami, correu para o Brasil desde a operação do FBI e não sai mais do Rio de Janeiro. Apenas uma coincidência, os Estados Unidos não têm tratado de extradição com o Brasil.