Coluna Esplanada

Arquivo : porto

Apesar de operação, negócios de Miranda voam. E sem naufrágio em porto
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Leandro Mazzini

A despeito da operação Porto Seguro da Polícia Federal que o trancafiou, vão bem as finanças do ex-senador Gilberto Miranda.

Seguem as obras do porto de R$ 2 bilhões em Santos. E ele vai trocar de jatinho. Atualmente voa num Citation VII, como mostramos no sábado. Ele encomendou um Gulfstream de US$ 60 milhões. Considerado um apartamento de asas, é o melhor de autonomia intercontinental. Eike Batista tem um.

O inquérito da PF traz curiosidades de como Miranda cooptava servidores de diferentes órgãos do governo federal para se beneficiar rapidamente de pareceres favoráveis às obras do porto na ilha das Cabras. Em certo dia, ele liga para uma filha, dona de loja, e pede uma “bolsinha” para presentar “uma mulher de Brasília, de uns 50 anos, que tem ajudado muito”.

Os agentes federais focaram também as investigações em Santos, em trabalho de campana. Para seguir um investigado, agentes monitoraram um senhor taxista na cidade litorânea que transportou um contato de Paulo Vieira (ex-diretor da Agência Nacional de Águas) e Miranda. O motorista e seu carro foram fotografados e fichado. Uma dica, é um Vectra cor branca.


Quadrilha se reuniu na cúpula da AGU
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Leandro Mazzini

O inquérito da PF indica que se deu no segundo escalão da Advocacia Geral da União a negociação sobre parecer jurídico que libera porto de R$ 2 bilhões, do ex-senador Gilberto Miranda, preso na operação Porto Seguro. Dia 7 de junho deste ano, num telefone de Paulo Vieira (ex-diretor da ANA), Weber marca reunião na sua sala com os investigados e justifica: “À tarde para mim é melhor, porque acho que o chefe não vai estar lá à tarde e é mais tranquilo”. Na sexta, apareceram na sede da AGU Paulo Vieira, Miranda e Glauco Moreira (Procurador da Antaq) para encontro com Weber. O AGU Luís Adams não é citado nem monitorado. A investigação se concentrou no seu sub.

ESTRATÉGIA. O inquérito revela que foram cooptados os consultores dos principais órgãos que liberariam o porto: Agências de Águas, de Transportes Aquaviários e Secretaria do Patrimônio da União.

TIRO DE CANHÃO. Com a demora dos pareceres, dia 25 de Outubro, Gilberto pede a Paulo para “encher o saco de Weber” e dar “um tiro de canhão” para apressar o caso. E diz: “tem coisa maior vindo”.

BLINDAGEM. Sob fogo cruzado dentro da própria AGU, Adams foi mantido pela presidente Dilma porque ela soube do ministro da Justiça que tudo pode ter sido feito à revelia dele.

FALTA EXPLICAR. O que o Planalto não entende é como Adams assinou os pareceres, agora anulados, sem conhecer a complexidade no projeto bilionário, o sonho de Miranda.

BUNKER. O restaurante do subsolo do Hotel Naoum, em Brasília, era o ponto de encontro. Dia 30 de Outubro, Paulo, Gilberto e Evangelina Pinho se viram ali. Ela era da Secretaria de Patrimônio da União e teria dado parecer para obra na Ilha das Cabras, de Miranda, em Ilhabela (SP).

O grupo se reunia para negociar no subsolo do hotel

OVELHA NO CHURRASCO. Teve ovelha no churrasco ou churrasco de ovelha. Dia 25 de Outubro, Weber fala com interlocutor HNI – Homem Não Identificado. Mandou chamar “turma do cinema” para um “churrasco na casa do AGU” (Adams) no domingo (28), para acompanhar o resultado das eleições municipais. Inclusive o ministro do TCU José Múcio. HNI diz ainda que levará “a ovelha”..

PALESTRANTE OCULTO. Dia 29 Weber aparece nas gravações falando ter “uma notícia boa” e que “ele confirmou a palestra”. Não se sabe quem é “ele”. Minutos depois, a PF flagra Paulo Vieira e Gilberto Miranda. Diz o ex-senador: “Pelo amor de Deus, tenta convencer o homem amanhã”, sobre o caso Ilha de Bagres.

BOBO DA CORTE? O servidor do TCU Cyonil Borges, o delator do esquema que teria negado propina, revela ansiedade em e-mails trocados com investigados. Insiste em pedir “publicações”, reclama fazer “papel de otário” pelo silêncio. Véspera do Réveillon (30/12/10) pedia publicações para “emergência”.

NA COLA. Na lista de endereços do ex-senador para prisão, constava o endereço da casa de Miranda em Barcelona, no bairro nobre de Matadepera. Foi monitorado também em endereços das salas em São Paulo e no seu apartamento nos Jardins.

Casa do ex-senador em bairro nobre de Barcelona foi monitorada

GOL CONTRA. Em Fevereiro de 2011, num e-mail interceptado, Cyonil afirma que teve “pane intestinal por causa da vitória do Coringão”.

PULOU FORA. O ministro José Múcio era o responsável no TCU do processo envolvendo o servidor Cyonil Borges, o delator do esquema, e meses atrás deixou a relatoria por questões de foro íntimo.

Miranda oferecia caronas no seu jatinho aos servidores, para facilitar operações

BASE AÉREA. A base secreta era o Naoum. Evangelina tinha suíte no hotel. No dia seguinte, ela pegou carona no jatinho Citation VII prefixo PT-XFG de Miranda, para Congonhas (SP). Além dela e Miranda, foi o advogado consultor jurídico dos investigados.

DINHEIRO VOA. A despeito da operação da PF que o trancafiou, vão bem as finanças de Miranda. Seguem as obras do porto de R$ 2 bilhões em Santos. E ele vai trocar de jatinho. Encomendou um Gulfstream de US$ 60 milhões. É o melhor de autonomia intercontinental. Eike tem um.


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