Dilma se despe de Dilma, e repete antecessores no jogo pelo Poder
Leandro Mazzini
Durou dois anos e três meses a figura de gerentona independente da presidente Dilma Rousseff, a que não governa com a faca no pescoço de aliados famintos por cargos.
Um ano após fechar o ciclo de demissões de seis ministros enrolados, os quais por pouco não desfilaram pelas páginas policiais dos jornais, Dilma Rousseff se despiu da figura de faxineira e repete atos políticos dos antecessores ao trocar três ministros pela simples pressão de partidos aliados.
Desta vez, com uma diferença básica para os outros presidentes: ela não estava ameaçada pelo que chamam de ausência de governabilidade.
Como a maioria dos antecessores, a presidente Dilma cansou e se entregou ao jogo eleitoral, revelou assim o pacto pelo Poder – e não pela gestão – e gratuitamente troca ministros apenas para agradar a aliados visando ao seu projeto de reeleição.
Se fica evidente a manobra eleitoreira em plena metade de seu mandato, o jogo jogado consolida seu palanque daqui a 18 meses, por ora. A volta de Carlos Lupi ao Ministério do Trabalho, na figura de Manoel Dias, amarra o partido com o PT e enterra as pretensões do grupo que propala candidatura própria ao Planalto.
A entrada de Antonio Andrade na Agricultura prende o PMDB de Minas ao projeto de governo do ministro Fernando Pimentel (PT), candidato ao Palácio da Liberdade, e evita fuga da bancada mineira para o palanque de Aécio Neves (PSDB), eventual opositor de Dilma.
E a decolagem de Moreira Franco, até então apagado na Esplanada, é um afago pessoal da presidente ao vice Michel Temer – e paralelamente agrada a todo o PMDB. Moreira é da cota de Temer e agora comandará as concessões bilionárias de mais aeroportos.
O PMDB nunca foi tão feliz. E, pelo visto, Dilma nunca foi Dilma.