Encontro dos prefeitos tem de “Faz tudo” a passeio em shopping
Leandro Mazzini
O encontrão de prefeitos realizado em Brasília de segunda a ontem foi um programa eclético e além da política.
Foi demasiado o assédio de consultores aos alcaides no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A ponto de um escritório denominado MixBrasília anunciar em folder a “Prestação de Serviços em Geral junto a órgãos federais (Faz Tudo)”, para elaboração de projetos para captação de verbas federais.
Como notório, muitos administradores municipais perdem verbas federais ou não aderem a programas do governo porque se perdem no emaranhado burocrático da papelada ou evitam encarar o desafio.
O encontrão diário foi seguido de um ''estica'', com jantares por restaurantes tradicionais da capital ou festas noturnas nababescas em apartamentos funcionais dos deputados, que hospedaram muitos prefeitos. A conta, o eleitor sabe quem pagou. Uma revista bancada pela famosa Feira dos Importados – a Feira do Paraguai, famosa por ter produtos sem nota fiscal – foi distribuída anunciando promoções. Muitos foram lá fazer compras.
Economia de fato , só no discurso da presidente Dilma Rousseff. Não é mistério o silêncio total dos prefeitos quando a presidente disse que poderão receber verba federal após renegociação e pagar R$ 500 mil de parcela. É que mais de 3.800 municípios estão no ''SPC'' da União por dívidas com 13º salário, PASEP e Previdência. E a maioria – mais de 75% das prefeituras – entrou o ano com saldo no vermelho, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios.
Prefeitos devem cerca de R$ 22 bilhões, embora tenham a receber cerca de R$ 30 bi da União em repasses do Fundo de Participação dos Municípios, obras contratadas do PAC ou verbas empenhadas, mas não executadas, via ministérios. Eles pedem equalização de dívidas, que aumentou com redução na arrecadação do FPM.