Líder do PMDB dá chance a dois deputados alvos da Justiça
Leandro Mazzini
Os últimos atos da política congressual protagonizados pelo PMDB da Câmara dos Deputados revelam um show à parte – e o que se pode esperar da bancada para este Ano Legislativo: polêmica.
Sem rodeios, o novo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), decidiu encampar a defesa de dois colegas na mira da Justiça Federal.
Cunha indicou pelo partido João Magalhães (MG) para novo Presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, uma das mais importantes da Casa. Pela ordem pré-definida entre líderes e o tamanho da bancada, o PMDB tem a primazia da escolha, que acontece amanhã.
Ocorre que João Magalhães desfila na lista de suspeitos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal como negociador de emendas, e tem bens bloqueados pela Justiça Federal, alvo de participação no esquema de desvio descoberto na Operação João de Barro.
Na quarta-feira passada, Eduardo Cunha entrou num plenário quase vazio e foi ao microfone. Defendeu, em aparte, o colega que se pronunciava na tribuna: era Colbert Martins (PMDB-BA), que acaba de tomar posse como suplente.
Colbert foi preso na Operação Voucher, que apeou do cargo parte da cúpula do Ministério do Turismo na gestão do ex-ministro Pedro Novais. Colbert tem andado de cabeça erguida no Congresso – na maioria das vezes solitário – e se diz inocente. Na tribuna, disse que quer ‘olhar nos olhos da Justiça e ser julgado’.
Eduardo Cunha prova que é líder muito macho. O PMDB que comanda na Câmara tem 83 deputados – 19 não estão em exercício – a maioria deles sem rolos com a Justiça.