Sem verba do PAC, Andrade Gutierrez descarrila em obra de ferrovia na Bahia
Leandro Mazzini
A Andrade Gutierrez (AG) deixou obras do lote 4 da ferrovia Oeste-Leste em Brumado (BA) sob risco de quebrar a cadeia produtiva da cidade, da quitanda às subempreiteiras contratadas.
Apenas uma empreiteira, a Conep, segundo consta na praça, tem crédito de R$ 3 milhões. Mais de dez empreiteiras pequenas tinham contratos com a AG para motoristas e equipamentos, e levaram calote.
Em nota, a Andrade Gutierrez ''esclarece que a construção da Ferrovia Oeste-Leste está paralisada desde julho de 2015 por falta de recursos financeiros federais suficientes para sua continuidade''. A empresa jura que não deve ninguém: ''A Andrade Gutierrez afirma ainda que não há dívidas com subcontratadas''.
A AG tocava a obra em consórcio com a Barbosa Mello e a Serveng. Para o trecho de 178,28 km, levaram da União R$ 739,8 milhões.
A obra é uma locomotiva de empreiteiras enroladas na Lava Jato. Outros lotes são tocados, desde 2010, pela Mendes Junior, Galvão Engenharia e OAS. A obra tinha previsão de conclusão até início de 2013, mas avançou pouco.
A ferrovia foi idealizada pela Valec, braço do Ministério dos Transportes, para escoar grãos e minério do Oeste baiano e do Tocantins até o litoral sul da Bahia. Ao custo de R$ 4,2 bilhões, a ferrovia descarrilou na crise econômica. Para piorar, mais de 8 mil operários foram demitidos e o motivo da obra, o porto de Ilhéus, não saiu.