Coluna Esplanada

Arquivo : conselheiros

PF chega ao pote de ouro do PT e PMDB e cerca fundos de pensão
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Leandro Mazzini

> É a maior operação da PF de todos os tempos – são 560 agentes nas ruas de nove capitais

> Mais de uma centena de mandados

> São R$ 8 bilhões em desvios, mas fraudes podem passar de dezenas de bilhões

> Operação, nesta primeira fase, cerca empresários e apadrinhados de senadores e deputados nos conselhos dos fundos

A Operação Greenfield da Polícia Federal deflagrada nesta segunda-feira (5) é a maior já realizada pela corporação num só dia, pelo volume de fraudes e valores investigados – podem passar de R$ 10 bilhões -, e pela mobilização de 560 agentes e delegados federais em nove capitais. E também pela importância: a PF chegou ao pote de ouro dos partidos e grãos caciques, cujo mapa deste tesouro era cantado nos bastidores há anos.

O cerco a conselheiros dos fundos Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios) pode resvalar em grãos senadores, deputados e dirigentes do PT e PMDB que apadrinharam estes conselheiros. Estes são alvos da investigação por fraudes e gestão temerária, cujo resultado é a perda de bilhões de reais para os fundos.

Em agosto do ano passado, a Coluna cantou a bola sobre as suspeitas de fraudes bilionárias e as ingerências políticas nestes fundos.

Confira detalhes na nota distribuída pela assessoria da PF:

“A Polícia Federal, com o auxílio técnico do Ministério Público Federal, Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC e Comissão de Valores Mobiliários – CVM, deflagrou na manhã de hoje (5) a OPERAÇÃO GREENFIELD com o objetivo de apurar crimes de gestão temerária e fraudulenta em desfavor de quatro dos maiores fundos de pensão do país: FUNCEF, PETROS, PREVI e POSTALIS.

Estão sendo cumpridos 127 mandados judiciais expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília/DF: sete de prisão temporária, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal. A decisão judicial ainda determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que são alvos da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões.

A ação é ancorada em 10 casos revelados a partir do exame das causas dos déficits bilionários apresentados pelos fundos de pensão. Entre os 10 casos, 8 são relacionados a investimentos realizadas de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações).

Durante as investigações, alguns núcleos criminosos restaram configurados: o núcleo empresarial, o núcleo dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos FIPs.

Os investigados responderão, na medida de suas participações, por gestão temerária ou fraudulenta, além de outros crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, previstos na lei nº 7.492/86.
Participam da operação cerca de 560 policiais federais, além de 12 inspetores da CVM, quatro procuradores federais da CVM, oito auditores da PREVIC e sete procuradores da República.

O nome da operação faz alusão a investimentos que envolvem projetos incipientes (iniciantes, em construção), ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios. O contrário de investimentos Greenfield é o Brownfield, no qual os recursos são aportados em um empreendimento/empresa já em operação.

DISCRIMINAÇÃO DOS MANDADOS POR ESTADOS

Brasília – 20 mandados de busca e apreensão, 6 conduções coercitivas e 5 mandados de prisão temporária;

São Paulo:

São Paulo/SP – 44 mandados de busca e apreensão, 17 conduções coercitivas e 1 prisão temporária;

Campinas/SP – 1 mandado de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Santos/SP – 1 mandado de busca e apreensão

Rio de Janeiro:

Rio de Janeiro/RJ – 28 mandados de busca e apreensão, 7 conduções coercitivas e 1 prisão temporária;

Niterói/RJ: 3 mandados de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Espírito Santo:

Vila Velha/ES – 1 mandado de busca e apreensão e 1 prisão temporária;

Bahia:

Salvador/BA – 1 mandado de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Ilheus/BA – 1 mandado de busca e apreensão;

Paraná:

Curitiba/PR – 1 mandado de busca e apreensão;

Rio Grande do Sul:

Porto Alegre/RS – 2 mandados de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Santa Catarina:

Florianópolis/SC – 3 mandados de busca e apreensão, 1 condução coercitiva e 1 mandado de prisão temporária;

Amazonas

Manaus/AM- 2 mandados de busca e apreensão”


Postalis tem rombo com ‘papéis podres’ da Venezuela e Argentina
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Leandro Mazzini

A Polícia Federal descobriu um rombo surreal no Postalis, o fundo de pensão dos Correios, após colocar as mãos na papelada apreendida na última operação que prendeu conselheiros.

O fundo adquiriu centenas de milhões de reais em papéis das dívidas públicas da Venezuela e Argentina, países quebrados e sem condições de honrar os débitos. Foi durante a gestão do PT.

Os investigadores rastreiam as canetadas para saber quem deu a ordem que causou prejuízo e se houve – há indícios fortes – ingerência política na decisão e qual instância teria partido.

Outra descoberta da PF é a de que os conselheiros, apadrinhados políticos, passaram por cima do grupo de análise de risco, cuja maioria dos pareceres eram contrários aos investimentos que deram problema. Na última operação conselheiros foram presos e agora uma diretora está na mira.

O Postalis tinha R$ 6 bilhões em caixa. Com as maracutaias descobertas pela PF, tem pouco mais que R$ 1,5 bilhão de reserva e patrimônio.

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