Coluna Esplanada

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O Maranhão não sai da UTI
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Leandro Mazzini

Tragédia pouca é bobagem nesse país de desastres intermináveis – e em vários setores. Não bastasse a crueldade da morte por queimaduras da pequena Ana Clara, aos 6, a mãe, Juliane Carvalho, segue internada em quadro grave num hospital de Brasília sem saber da morte da filha. O avô da menina morreu de infarto ao ser avisado.

E a governadora Roseana Sarney acha que tudo acontece porque o Maranhão está mais rico – controlado pela família há 48 anos, e por ela em quarto mandato intercalado. Evidentemente, para poucos – ela e seus aliados. Quem não é da prole ou amigo, que se vire. O pai, o experiente senador José Sarney, queimou a língua numa atitude de amador: ‘Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua’, disse na véspera de Natal em entrevista à sua rádio, em São Luís. Depois do cheiro de pólvora na esquina, desapareceu como mágica. Ex-governador do Maranhão, hoje é senador do Amapá, não tem nada a ver com isso, claro, claro.

Provavelmente o Maranhão está mais rico pelo fato de, no dia 19 de Dezembro, o secretário de Saúde, Ricardo Murad, fretar um jatinho-UTI para transportar o cunhado Alexandre Trovão para um hospital particular de São Paulo. Murad é cunhado de Roseana (não marido, como publicado antes), irmão de Jorge; Trovão é presidente da Câmara de Coroatá (MA), e a conta de R$ 83,7 mil saiu do cofre público – mais R$ 20 mil apenas pagariam um leito de UTI Neonatal, tão em falta em dezenas de hospitais.

Em abril de 2012, o senador José Sarney e o ministro do Turismo, Gastão Vieira, aliados e maranhenses, voaram para o Sírio Libanês em SP quando sentiram fisgadas no coração. Ali ficaram internados, após cirurgias que lhes salvaram a vida. Já o senhor Pedro Nogueira não teve a mesma sorte. Na véspera da cirurgia de Sarney no Sírio, o lavrador Seu Pedro teve um infarto. Ele estava a 2.930 km da capital paulista. Após horas de espera para desobstruir a coronária, sucumbiu na emergência do hospital municipal da cidade de Central do Maranhão, que fica na Av. Roseana Sarney, s/n.

Foi no Sírio que a governadora Roseana fez algumas de suas cirurgias. Já o Albert Einstein acolheu o senador maranhense aliado dos Sarney Lobão Filho (PMDB-MA) quando acidentado, mesmo hospital onde o pai, ministro Edison Lobão, faz seus exames periódicos.

E justo agora, em meio a esse cotidiano incendiário de São Luís, por força de contrato o Governo do Maranhão terá de fazer nova licitação de agência de comunicação para cuidar da imagem do Estado – e de quebra, de Roseana, pré-candidata ao Senado. Fato é que, antes de a bomba estourar no Maranhão, os Sarney já estavam preocupados com a imagem da família na política nacional.

A licitação, com desculpa de assessorar o Palácio dos Leões, se não for adiada, deve ocorrer até a primeira semana de fevereiro. O contrato envolve clippagem dos grandes jornais e de TV, e pesquisas quantitativas e qualitativas sobre a gestão de Roseana. Um serviço similar não é cobrado por menos de R$ 2 milhões por grandes agências. Enquanto isso as ruas pegam fogo, porque o Maranhão está mais rico.

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Com o Maranhão rico, Roseana será presidenta do Senado, prevê o papai
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Leandro Mazzini

Por mais que o País avance em todos os campos sociais na maioria dos Estados – apesar do índice tímido da economia – a declaração da governadora Roseana Sarney (PMDB) de que o Maranhão está mais rico é um tiro certo no próprio pé. Representante de uma família que domina a política do Estado há 40 anos, o Maranhão, comprovam os números e fatos, pouco mudou desde a estreia do pai no Palácio dos Leões – aliás, de uma riqueza impressionante a sua iluminação noturna.

O Maranhão é o Estado onde a governadora prometeu na campanha eleitoral construir 72 hospitais – ganha uma UTI quem encontrar metade disso (UPA não é hospital). É de lá que partem jatinhos com seus políticos – do clã ou aliados – quando alguém passa mal. Confiam tanto nos hospitais de São Luís que voam para o Sírio Libanês em São Paulo. É a capital onde uma facção chamada Bonde põe para correr as viaturas da PM; onde o pau come na penitenciária repleta de regalias, assim como no palácio, onde se come lagostas e camarões VG. É onde o trio herdeiro de Sarney é apresentado como santos num memorial, enquanto grande parte da população desfia um rosário de críticas à família. São fatos, não meandros textuais.

José Sarney foi um presidente que segurou a transição democrática, valorizou em especial dezenas de carreiras de servidores públicos. Mas descontou no Maranhão a sua incompetência, e hereditária. Apegado ao Poder (é uma peculiaridade dos políticos, mas pelo visto é o pioneiro), agora cansado e em retirada, quer fazer da filha Roseana a primeira mulher eleita para a Presidência do Senado, na carona do sucesso de Dilma Rousseff. Foi o que tratou há meses, eis o bastidor:

Num ensolarado domingo de setembro passado, José Sarney reuniu em sua mansão em Brasília um petit comitê de poderosos aliados, entre eles o atual presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente da República, Michel Temer. Renan e Sarney combinaram o seguinte em trato de cavalheiros: Sarney usa sua força política em Alagoas e em Brasília para ajudar Renan ou seu filho, Renanzinho, a se eleger governador do Estado este ano. Em contrapartida, Renan angaria o apoio de seu grupo suprapartidário que o reconduziu ao comando do Senado para eleger Roseana, em 2015 ou 2019, presidente do Congresso.

Porque, sim, Sarney dá como certa a vitória da filha à Casa Alta na disputa de 2014. Mas o que o Maranhão tem a ver com o projeto político-pessoal do grupo? É só o entreposto eleitoral.

Roseana candidata vai investir no discurso de que revolucionou a saúde do Maranhão. Precisa combinar um bom discurso com o seu pai e o ministro aliado Gastão Vieira, do Turismo. Em abril de 2012, Gastão e Sarney encontravam-se internados, por problemas cardíacos, no Sírio Libanês paulistano.

Já o senhor Pedro Nogueira não teve a mesma sorte. Naquela mesma primeira quinzena de abril, na véspera da cirurgia de Sarney em SP, o lavrador Seu Pedro teve um enfarte. Seu infortúnio é que estava longe de São Paulo, na entrada da Emergência do Hospital Nossa Sra. da Conceição, na pequena cidade de Central (MA).

O hospital público fica na Av. Roseana Sarney, s/n. Sarney e Gastão têm, cada um, mais de 40 anos de vida pública. Não há qualquer registro de internação da dupla num hospital público de São Luís. Ressalte-se, internação.

Foi no Sírio que a governadora Roseana fez algumas de suas cirurgias. Já o Albert Einstein acolheu o senador Lobão Filho (PMDB-MA) quando acidentado, mesmo hospital onde o pai, ministro Edison Lobão, faz seus exames periódicos.

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Estado paga agência para cuidar de imagem de Roseana, candidata ao Senado
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Leandro Mazzini

Os Sarney estão preocupados com a imagem da família na política nacional.

Com a saída de cena do senador José Sarney (PMDB-AP) e da governadora RoSeana, no Maranhão, querem contratar uma grande agência de comunicação, mas quem pagará será o governo do Estado – é o prosseguimento de um contrato já existente, mas com novos serviços.

A licitação, com desculpa de assessorar o Palácio dos Leões, ocorrerá até Janeiro. O contrato envolve clippagem dos grandes jornais e de TV, e pesquisas quantitativas e qualitativas sobre Roseana, que será candidata ao Senado. O governo não se pronunciou.

Um serviço similar não é cobrado por menos de R$ 2 milhões por agências da estirpe da FSB e CDN, hoje as grandes concorrentes para esse tipo de contrato com governos.

Em Setembro, a coluna revelou que Roseana será candidata ao Senado. Foi trato informal de José Sarney, com Renan Calheiros, durante almoço na mansão do clã em Brasília.

Pelo acordo, Sarney usa sua força política para apoiar Renan ou seu filho ao governo de Alagoas, e Renan ajuda Roseana, se eleita, a chegar à presidência do Senado.

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FERIADÃO É ISSO AÍ

Com a desculpa de não interromper ‘os trabalhos da Justiça Eleitoral’ na Quarta, o TRE de Alagoas mudou o feriado da Consciência Negra de 20 de Novembro para 18, uma Segunda. Para o restante dos mortais, como nós, não haverá feriado prolongado.

CANETA JUSTICEIRA

O juiz Marcone Pimenta, de Macapá, obrigou a família de menor a pagar R$ 6 mil imediatos de custos de hospital. O menino atropelou três – matou um e internou dois.

BOLO NA GREVE

A turma da EBC em São Paulo entrou em greve ontem. Teve até bolo temático no café da tarde. A EBC informa que foi surpreendida, porque negociou reajuste com sindicato.

OLHO VIVO

O Senado quer lupa no edital de licitação para outorga do Contrato de Partilha de Produção de gás e petróleo, da ANP, para o próximo leilão. Vem aí o da bacia do Paraná. O senador Requião (PMDB) apresentou Proposta de Fiscalização e Controle.

VOLTA ÀS CINZAS 

Terceira no rank nacional, a Phoenix, fabricante de cigarros, foi fechada por decisão do TRF da 3ª Região por sonegação de mais de R$ 300 milhões. A empresa já fora autuada pela Receita em Abril, e funcionava por liminar.

DILMISTAS X LULISTAS 

A disputa pelo comando do PT nacional e pelos regionais vai muito além dos dois principais protagonistas, Rui Falcão – o atual presidente – e Paulo Teixeira, desafiante. São respectivamente representantes dos Lulistas e Dilmistas, cuja batalha vem à tona.

LÁ E CÁ

Lembra o médico José Arcângelo, do Amapá, sobre a polêmica do Mais Médicos: No Reino Unido 40% dos médicos são estrangeiros. Nos EUA 25,9% vêm principalmente da Índia, México e Canadá, ‘de qualidades comprovadas’.

MEIA CADEIA 

A polícia lançou um respaldo jurídico para preservar da algema poderosos e políticos envolvidos em maracutaias. É a Condução Coercitiva – o mandado para depoimento na delegacia. Foi o caso ontem do ex-vice governador do DF Paulo Octávio. Foi só um entre dezenas de casos recentes. Para a cela vão os bagrinhos. Em tempo, PO, rei dos imóveis em Brasília, é suspeito de fraudes em licenças em alvarás.


Deputado federal contrata ex-prefeito preso duas vezes pela PF
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Leandro Mazzini

Aldenir Santana

O deputado federal Chiquinho Escórcio (PMDB-MA) contratou para seu gabinete o ex-prefeito de Urbano Santos (MA) Aldenir Santana Neves, seu apadrinhado político.

Neves é figura conhecida mais por delegados que parlamentares. Ele foi preso duas vezes em operações da Polícia Federal – em 2007, durante mandato de prefeito, e novamente este ano, no cargo de secretário municipal de Gestão.

Curiosamente Aldenir é servidor da Polícia Federal e foi requisitado pelo deputado para trabalhar como assessor parlamentar em seu gabinete de apoio, em São Luís (MA).

Eis os fatos: Licenciado da corporação, Aldenir se elegeu prefeito de Urbano Santos para o mandato de 2005 a 2008. Em dois anos, o Ministério Público descobriu crescente enriquecimento do alcaide. Tudo se elucidou em 2007, na Operação Rapina da PF, em conjunto com a CGU e o MP. Aldenir e outros 10 prefeitos do Maranhão e Piauí foram detidos por desvios de verbas federais.

No último dia 18 de abril, agora como secretário da atual gestão na cidade, foi novamente levado para a Superintendência da PF. Ele foi denunciado pelo MP Federal por não repassar pelo menos R$ 8 milhões de INSS recolhidos da folha de servidores em parte de sua gestão (2006-2008).

Antes, o TCE já reprovara suas contas e o condenara a devolver R$ 11,4 milhões aos cofres públicos.

“Eu só requisitei o Aldenir. Ele é um funcionário da Polícia Federal e se ele presta para a polícia, ele presta para mim”, explica o deputado Chiquinho Escórcio. “Não há nenhuma condenação, foi uma perseguição política e ele tem amplo direito a se defender”.

Escórcio também ressaltou que Aldenir sofre perseguição política de um ex-prefeito de Urbano Santos, seu opositor.

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