Coluna Esplanada

Arquivo : presídio

Gasolina e Serguei, veteranos de cela, têm muito a ensinar aos da Lava Jato
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Leandro Mazzini

O detento 'Gasolina' com a máscara com a qual tentava escapar. Foto: UOL

O detento ‘Gasolina’ com a máscara com a qual tentava escapar. Foto: UOL

Vez ou outra aparecem nas redes sociais charges ou textos espirituosos sobre os empreiteiros detidos em Curitiba, na operação Lava Jato da Justiça Federal. Combinam construir um túnel para a fuga em massa, mas nunca dá certo porque até nisso eles tentam ‘superfaturar a obra’.

Piada à parte, os presos de Curitiba têm muito a aprender com os do Centro-Oeste, aos quais sobra criatividade. Para citar apenas dois casos:

Para quem achou surreal a tentativa de fuga, com máscara de mulher, de Clodoaldo ‘Gasolina’ em Aparecida de Goiânia (GO), não lembra de César dos Santos.

Em abril de 2001, Dos Santos rendeu carcereiros com faca, emendou dois canos e tentou atravessar o muro do Instituto Penal de Campo Grande (MS) num salto com vara.

Não é exagero dizer que os dois presidiários deram com a cara no chão. Literalmente. Dos Santos passou a ser apelidado de Sergei Bubka, o grande atleta croata medalhista olímpico na modalidade.


Em carta, GDF garante à Itália que pode acolher Pizzolato na Papuda
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Leandro Mazzini

Foto: ABr

Foto: ABr

O mensaleiro condenado Henrique Pizzolato deve ser encarcerado na Penitenciária da Papuda, em Brasília, se o Governo da Itália decidir pela extradição já aprovada pela Justiça daquele país.

Com aval do Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do Advogado Geral da União, Luís Adams, o secretário de Justiça do DF, João Carlos Souto, já tem carta redigida que será enviada à Justiça e ao primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi.

No texto, endossado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o GDF dá garantias de que Pizzolato terá segurança no sistema penitenciário do território e será tratado com os direitos de cidadão italiano no Brasil.

O destino é a novinha Ala dos Vulneráveis, recém-construída pelo último governo, de Agnelo Queiroz (PT), por onde passaram os mensaleiros José Dirceu, Genoino e João Paulo Cunha, entre outros.

Se extraditado, uma vez na Papuda Henrique Pizzolato terá companhia de ilustres inquilinos como o ex-deputado Natan Donadon e o economista José Carlos Alves, acusado de matar a esposa no escândalo dos Anões do Orçamento.

O mensaleiro foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão. Antes da condenação no STF, ele fugiu para a Itália em 2013, e foi preso em Maranello em fevereiro de 2014. Mês passado a Corte de Cassação de Roma decidiu pela extradição do ítalo-brasileiro, mas a decisão agora será o primeiro-ministro, que aguarda a carta com garantias do Governo do DF.


‘Presos de Pedrinhas tinham chaves das celas’, diz governador do Maranhão
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Leandro Mazzini

Foto: Jornal Pequeno

Foto: Jornal Pequeno

O Carnaval de 2015 não será mais o que passou. É o fim da folia para detentos ‘poderosos’ do Maranhão.

Não bastasse o cenário negativo imposto pelos capítulos sangrentos do complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, a Secretaria de Segurança Pública do Estado descobriu que presos tinham chaves das próprias celas e circulavam livremente pela unidade.

A revelação à Coluna é do governador Flávio Dino (PCdoB).

Os presos foram identificados e neutralizados. Agora a secretaria investiga quem deu as chaves, a que partes do presídio os delinquentes tinham acesso e se o pior acontecia: a saidinha para crimes nas ruas da capital.

Desde janeiro a situação se acalmou no complexo, pela atuação do governo e do xerife Jefferson Miller Portela, o secretário de Segurança, com carta branca do governador.

MEMÓRIA

Cenário de rebeliões sangrentas desde o fim de 2013, com episódios infelizes que se arrastaram pelo ano passado, Pedrinhas ganhou a vitrine nacional a ponto de o ministro da Justiça visitar o Estado na tentativa de ajudar a então governadora Roseana Sarney (PMDB). Em vão.

A pedido do Departamento Penitenciário Nacional, o governo fizera uma lista aleatória de supostos líderes de facções para transferência para outros Estados. Lista que virou piada na Justiça porque ninguém sabia quem era líder ou comandado.

A situação chegou a ser tragicômica em alguns casos. Durante um flash ao vivo em rede nacional para TV, enquanto um repórter falava, dezenas de presos ao fundo pulavam o muro do presídio em fuga.

BOAS-VINDAS

Quem conhece rumos da investigação da Operação Lava Jato, que estreou em São Luís, tem certeza de que os detentos de Pedrinhas ganharão novos colegas. Cedo ou tarde.


Com o Maranhão rico, Roseana será presidenta do Senado, prevê o papai
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Leandro Mazzini

Por mais que o País avance em todos os campos sociais na maioria dos Estados – apesar do índice tímido da economia – a declaração da governadora Roseana Sarney (PMDB) de que o Maranhão está mais rico é um tiro certo no próprio pé. Representante de uma família que domina a política do Estado há 40 anos, o Maranhão, comprovam os números e fatos, pouco mudou desde a estreia do pai no Palácio dos Leões – aliás, de uma riqueza impressionante a sua iluminação noturna.

O Maranhão é o Estado onde a governadora prometeu na campanha eleitoral construir 72 hospitais – ganha uma UTI quem encontrar metade disso (UPA não é hospital). É de lá que partem jatinhos com seus políticos – do clã ou aliados – quando alguém passa mal. Confiam tanto nos hospitais de São Luís que voam para o Sírio Libanês em São Paulo. É a capital onde uma facção chamada Bonde põe para correr as viaturas da PM; onde o pau come na penitenciária repleta de regalias, assim como no palácio, onde se come lagostas e camarões VG. É onde o trio herdeiro de Sarney é apresentado como santos num memorial, enquanto grande parte da população desfia um rosário de críticas à família. São fatos, não meandros textuais.

José Sarney foi um presidente que segurou a transição democrática, valorizou em especial dezenas de carreiras de servidores públicos. Mas descontou no Maranhão a sua incompetência, e hereditária. Apegado ao Poder (é uma peculiaridade dos políticos, mas pelo visto é o pioneiro), agora cansado e em retirada, quer fazer da filha Roseana a primeira mulher eleita para a Presidência do Senado, na carona do sucesso de Dilma Rousseff. Foi o que tratou há meses, eis o bastidor:

Num ensolarado domingo de setembro passado, José Sarney reuniu em sua mansão em Brasília um petit comitê de poderosos aliados, entre eles o atual presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente da República, Michel Temer. Renan e Sarney combinaram o seguinte em trato de cavalheiros: Sarney usa sua força política em Alagoas e em Brasília para ajudar Renan ou seu filho, Renanzinho, a se eleger governador do Estado este ano. Em contrapartida, Renan angaria o apoio de seu grupo suprapartidário que o reconduziu ao comando do Senado para eleger Roseana, em 2015 ou 2019, presidente do Congresso.

Porque, sim, Sarney dá como certa a vitória da filha à Casa Alta na disputa de 2014. Mas o que o Maranhão tem a ver com o projeto político-pessoal do grupo? É só o entreposto eleitoral.

Roseana candidata vai investir no discurso de que revolucionou a saúde do Maranhão. Precisa combinar um bom discurso com o seu pai e o ministro aliado Gastão Vieira, do Turismo. Em abril de 2012, Gastão e Sarney encontravam-se internados, por problemas cardíacos, no Sírio Libanês paulistano.

Já o senhor Pedro Nogueira não teve a mesma sorte. Naquela mesma primeira quinzena de abril, na véspera da cirurgia de Sarney em SP, o lavrador Seu Pedro teve um enfarte. Seu infortúnio é que estava longe de São Paulo, na entrada da Emergência do Hospital Nossa Sra. da Conceição, na pequena cidade de Central (MA).

O hospital público fica na Av. Roseana Sarney, s/n. Sarney e Gastão têm, cada um, mais de 40 anos de vida pública. Não há qualquer registro de internação da dupla num hospital público de São Luís. Ressalte-se, internação.

Foi no Sírio que a governadora Roseana fez algumas de suas cirurgias. Já o Albert Einstein acolheu o senador Lobão Filho (PMDB-MA) quando acidentado, mesmo hospital onde o pai, ministro Edison Lobão, faz seus exames periódicos.

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