Coluna Esplanada

Arquivo : rubens santos

Por R$ 1 bi, apadrinhado político destitui conselho de fundo da Conab
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Leandro Mazzini

Atualização Segunda, 24, 10h09: Num ato surpresa na última sexta-feira, o presidente do Conselho do Cibrius, Luciano Padrão – recém-empossado – conseguiu apoio para destituir os diretores da parte do conselho eleito com o objetivo de empossar membros de seu grupo.  O Cibrius é o fundo de pensão dos servidores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o enredo não envolve apenas uma troca administrativa. O script tem apadrinhamento político, manobras e o mote: um iminente aporte de até R$ 1 bilhão do Tesouro.

O conselho do Cibrius é um órgão independente da Companhia, composto por seis membros – três eleitos pelos funcionários, e três indicados pela presidência da Conab. Há anos vem sofrendo com um déficit por conta do alto número de aposentados e o baixo de beneficiários – e negocia com a Secretaria de Previdência Complementar, desde o fim do governo de Fernando Henrique, um aporte do Tesouro Nacional para evitar um rombo em 2016. Agora, o Tesouro indicou que o depósito sairá. Algo entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão.

É este montante que arregalou os olhos dos conselheiros e, em especial, dos padrinhos políticos – sobre quem pesam as suspeitas das articulações nos bastidores para a mudança do Conselho. Administrar o fundo, com saldo hoje perto de R$ 900 milhões, e que pode dobrar, é também ter domínio sobre aplicações do dinheiro que lhe garantam rendimentos e direcionamentos para investimentos em outras áreas, como acontece com fundos previdenciários estatais. E só o Conselho pode decidir isso.

A manobra de Luciano Padrão contaria com o apoio de um poderoso grupo de políticos, desde o presidente da Conab, Rubens Santos (padrinho de sua indicação), passando pelos deputados Jovair Arantes (GO) – líder do PTB e o padrinho de Santos na presidência – e Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. Na reunião, Luciano falou também em nome do ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

Procurado pela Coluna, Cunha diz que não conhece Luciano. “Nunca ouvi falar dele, nunca vi tão gordo”. O líder reconhece que ajudou Jovair a apadrinhar apenas o atual diretor financeiro da Conab, Lineu Olímpio, egresso do PTB de Goiânia, ligado a Jovair e a Roberto Jefferson (que será preso nesta segunda-feira, condenado na AP 470 no STF). Jovair e Luciano não foram localizados pela Coluna. A assessoria de Jefferson ligou para a Coluna nesta segunda, 24, e informou que ele não apadrinhou ninguém no governo a não ser Benito Gama, hoje vice-presidente do BB.

Mas o presidente da Conab, Rubens Santos, abre o jogo. Se diz surpreso. “Ele (Luciano Padrão) me procurou há duas semanas e contou que teria de fazer mudanças, mas não explicou o que era. Na sexta à tarde recebi uma ligação, enquanto a reunião do Conselho ocorria, e fui informado”. Segundo Rubens, no mesmo momento ele ligou para Luciano e pediu que suspendesse sua decisão. Relatou que o mesmo fez a chefia de gabinete do Ministério da Agricultura.

“Luciano disse que era preciso fazer mudanças porque ‘as coisas’ não andavam. O Conselho é independente, não sou contra mudar, mas tudo deve ser discutido melhor”, explica o presidente da Conab.

Pois à revelia do presidente da companhia e do ministro da Agricultura, a ata do Conselho registrou a destituição dos três conselheiros eleitos pelos servidores, com mandatos. São eles: Rachid Mamede Filho, Fabrício Pereira Garcia e José Carlos Grangeiro.  Luciano Padrão quer nomear para as vagas três aliados próximos seus, entre eles Alberto Nogueira Araújo, ex-assistente da Superintendência de Administração da Conab, e José Portugal. Todos ligados ao quadro de servidores, mas afinados com seu projeto de poder.

Esse novo trio se uniria ao grupo recém-nomeado pelo presidente da Conab, os três da conta de indicações: o próprio Luciano Padrão, presidente do Conselho; Eurípedes Malaquias (egresso de Goiás) e Alfredo Colli (de SP) – este votou contra as mudanças, mas foi vencido.

Todos seriam oficializados na própria Sexta. Seriam, porque diante da repercussão entre servidores, tanto o presidente da Conab quanto o ministro Antônio Andrade ordenaram suspender o ato. E nesta segunda, Luciano Padrão será chamado ao Ministério para dar explicações. Antes dele, os três conselheiros eleitos que levaram a rasteira também serão recebidos, para detalhar o episódio.

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Senador do PTB e presidente da Câmara disputam diretoria da Conab
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Leandro Mazzini

dupla

Gim quer emplacar um ex-prefeito goiano na diretoria financeira. Mas PMDB apelou a Henrique Alves por procurador da Conab. Fotos ABr

Os três partidos que dominam a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um braço bilionário do Ministério da Agricultura, protagonizam uma disputa que remete a uma autofagia na colheita (de cargos). O alvo é a Diretoria Financeira, hoje nas mãos do PMDB.

A Conab atualmente sofre auditorias da Controladoria Geral da União (CGU), e em Setembro foi alvo de operação da Polícia Federal após indícios de fraudes em programas e contratos. A peneira da CGU e da PF passa pela Secretaria de Políticas Agrícolas, sob tutela do PT, com Sílvio Porto, e a Diretoria Financeira, comandada por João Carlos Bona Garcia.

Mas nem isso intimidou a saciedade dos partidos, e de certa forma até abriu caminho para essa disputa suprapartidária.

A briga envolve figuras de peso do Congresso Nacional. O líder do PTB, senador Gim Argello (DF), saiu na frente e pode emplacar Lineu Olímpio na diretoria Financeira. Ele é um ex-prefeito de Jaraguá (GO). O seu nome já chegou à Casa Civil e estaria tudo certo para sua nomeação.

Mas o grupo de Gim enfrenta o de Henrique Alves (PMDB-RN). O presidente da Câmara dos Deputados almeja no mesmo cargo o procurador-geral da Conab, Daniel Odon. Ele também tem padrinhos fortes no órgão. Foram a Henrique pedir por Odon o diretor de Pessoal, Rogério Abdala, e o diretor de Operações e Abastecimento, Marcelo Melo – ambos da cota do PMDB na companhia.

A situação só não avançou ainda porque o atual diretor financeiro, Bona, tem madrinha forte. Ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff. Ele é ex-colega de cela de Dilma no período da ditadura, e foi posto no cargo avalizado pelo ex-ministro da Agricultura Mendes Ribeiro – muito benquisto por Dilma.

Planta do celeiro

Hoje a Conab é comandada por Rubens Santos, um técnico de carreira da Caixa apadrinhado pelo PTB de Goiás, em especial pelo líder do partido na Câmara, Jovair Arantes. Com a indicação de Lineu Olímpio por Gim Argello, o PTB tenta expandir seu domínio pelo órgão, agora através da bancada no Senado.

PT e PMDB dividem as diretorias: Rogério Abdala (Pessoal), Bona (Financeiro) e Marcelo Melo (Operações) são da cota pemedebista. E o PT do Sul mantém Sílvio Porto na Políticas Agrícolas.

Porto foi indiciado pela PF numa operação de Setembro, por indícios de fraudes nos contratos de sua diretoria no Sul do País. Embora acuado, ele tem apoio dos funcionários. A PF pediu sua prisão por duas vezes, mas a Justiça não concedeu, porque o MPF não teria encontrado provas de sua participação.

Já a disputa pela diretoria financeira é tão grande que as bancadas na Câmara se envolveram diretamente, numa onda de acusações pessoais e profissionais veladas a fim de queimar um ou outro diretor. A polícia já descobriu que um diretor tem abastecido com informações truncadas um colunista de Brasília na tentativa de derrubar um colega.

As brigas entre os diretores são tão latentes que já vieram à tona aos olhos dos parlamentares. Além da disputa pela diretoria financeira, motivadas também por ajustes internos. O presidente Rubens Santos, com apoio de Sílvio Porto (Políticas Agrícolas), tirou da aba da diretoria de Operações o setor de Fiscalização do estoque público e passou para a diretoria financeira. Por lógica administrativa e isenção, segundo relataram a aliados: não se podia deixar a fiscalização por quem fazia a operação.

Lupa

Enquanto isso, os auditores da CGU continuam a varrer o celeiro, desde Agosto, quando aportaram ali para passar a lupa nos contratos e programas. Conforme a Coluna revelou semana passada, a cúpula da Controladoria fez uma reunião com a direção da Conab no fim de Outubro e alertou que o rombo pode ser mais de R$ 200 milhões.

Para evitar desgastes na imagem da companhia, a CGU e a Conab evitam polêmica e informam que há uma parceria entre os dois órgãos para ajustes e melhoramentos nos programas e licitações.

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Em e-mail, presidente da Conab alerta para a quebra da estatal
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Leandro Mazzini

Santos, da Conab – com Orçamento contingenciado, situação é crítica. Foto ABr

Desabastecida do Orçamento prometido, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), tradicional braço do Ministério da Agricultura, está quase quebrada.

Em carta de tom lamentador enviada a colaboradores na estatal na intranet, no ConabMail, o presidente Rubens Santos admite fechamento de ‘polos de atendimento de Vendas de Balcão em regiões de seca’, revela ‘restrições na execução de programas’ e, pedindo ‘compreensão de todos’, diz que busca solução junto à Casa Civil, Planejamento e Agricultura.

Entrelinhas, quis dizer que o governo vai deixar na mão pequenos e alguns grandes produtores de grãos e outros alimentos, sem poder comprar a produção e estocá-la.

A despeito da situação dramática da Conab, Santos ressalta que os limites de repasses de verbas atingem todo o governo, decisão de duas portarias do Planejamento em Julho.

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DRAMA 

Com a saída do PSB do prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, o partido abre as portas para o senador Lindbergh Farias, que encontra resistência dentro do PT para sua candidatura ao Governo. Mas ele terá só mais seis dias para decidir se troca – com o risco ainda de perder o mandato no Senado. Eduardo Campos o sondou.

SOFTWARE TURÍSTICO

O ministro do Turismo, Gastão Vieira, foi ao TCU a convite do Augusto Nardes na Sexta. Mostrou ao anfitrião os sistemas de gestão e acompanhamento das obras do Turismo, elogiados pela presidente. Nardes vai sugerir padronizá-lo para ministérios.

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Romário – ele colocou seu nome em leilão, mas Campos deu tudo que quis no PSB. Foto ABr

JOGADA

Até decidir ficar no PSB, o deputado Romário (RJ) peregrinou por vários partidos, da esquerda à direita, leiloando seu potencial de votos e pedindo regalias.

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FAZENDEIRO

Causou espécie entre empresários do agronegócio da pequena Chapada Gaúcha (MG): Um lobista, sobrinho de ex-presidente, comprou megafazenda na região.

E NADA..

Em Julho, antes da revelação de espionagem, o Governo do Paraná enviou ofício ao Comando do Exército, ao qual tivemos acesso. Propôs parceria de contraespionagem. Sugeriu interface entre Celepar, estatal de TI, e o Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica, para desenvolvimento de software pela defesa nacional. Deu em nada.

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Foster: com o combustível considerado o melhor do mundo, investimento pesado nas pistas. Foto ABr

ACELERA, FOSTER!

Para comemorar seus 60, a Petrobras, presidida por Graças Foster, está voltando para a Formula 1! O GP de Interlagos, em Novembro, será chamado de Grande Prêmio Petrobras. Assim como ocorre na Malásia (Petronas), China (Sinopec) e Inglaterra (British Petroleum).

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PODEROSA PRF

Congressistas questionam: O general Elito, do Gabinete de Segurança Institucional, instalou na sede da Polícia Rodoviária Federal, longe da Abin e GSI, o centro cibernético para acompanhar ações de segurança para a Copa e Jogos 2016.

OS NEGROS DO DF

A Codeplan divulga dia 9 análise da vulnerabilidade da juventude negra no DF. Revela que dos 3,6% dos residentes em comunidades carentes, a maioria (70,4%) são negros. O perfil está diretamente ligado à discriminação social e à falta de acesso a serviços.

MESA & GAVETA

Ricardo Lewandowski, enrolado com o julgamento do Mensalão, deixou na gaveta uma denúncia contra Marta Suplicy. Quando prefeita, Marta contratou por R$ 3 milhões ONG que ela própria fundou, para serviços didáticos à rede municipal de ensino.


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