Coluna Esplanada

Arquivo : março 2013

Cúpula do PMDB desconfia de perseguição do Judiciário
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Leandro Mazzini

Os expoentes do PMDB nacional vão se reunir em breve para afinar um discurso em defesa do partido sobre as sucessivas denúncias de seus quadros no Supremo Tribunal Federal.

Falam até em nota oficial. Em um mês, desde que Renan Calheiros (PMDB-AL) assumiu a presidência do Senado denunciado pelo procurador-geral Roberto Gurgel, entraram na lista os líderes Eduardo Cunha (RJ), da Câmara, Eduardo Braga (AM), do Governo no Senado, e o presidente da Comissão de Finanças, deputado João Magalhães (MG).

Seus processos, que investigam diferentes problemas, dormitavam nas gavetas da PGR. Mas uma certeza: não faltou motivo para as denúncias.

Ontem à noite, o presidente da Câmara, Henrique Alves, jantou com o vice-presidente Michel Temer, mas não se tem notícias da pauta.

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AMÉM 

Do deputado e ex-governador Garotinho (PR-RJ), que tem diploma de pastor, em comentário para um amigo: ‘Feliciano (Direitos Humanos) é pastor, não político’.

DNA DA CESTA 

De Levy Fidelix (PRTB) sobre a presidente Dilma: ‘Ela se aproveita das ideias dos outros’. Ele diz que a desoneração da cesta básica foi ideia sua, na campanha.

BAILE DO COTURNO 

Como praxe, os militares vão comemorar o 31 de março, data do início da ‘contra-revolução’. Em seu blog, o coronel Lício Maciel, que combateu a Guerrilha do Araguaia, lembra que o governo ‘impediu os comunistas de dominarem nosso país’. ‘A campanha comunista para a dominação – propaganda, terror – estavam em plena ação’.

S.O.S. HERMANO

O senador Roger Molina, opositor de Evo Morales e exilado na Embaixada do Brasil em La Paz, enviou email para o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço, pedindo que o visite. Ele está proibido de deixar a Bolívia.

ROSA CHOQUE 

Recém-nomeada procuradora da Mulher, a senadora Vanessa Graziotin já tem uma meta: fazer valer a cota de mulheres candidatas para o Congresso. O Brasil é o 158º de 193 no ranking de participação na política. “Teremos que lutar por quotas. Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia avançaram com reforma da lei eleitoral’, frisa a senadora Vanessa Graziotin.

TUUUU..

O deputado Edinho Bez está uma fera. Concedia entrevista a uma rádio de Santa Catarina quando a ligação caiu por falta de sinal. Pra quê! Presidente da Comissão de Fiscalização, falava justamente do convite que fez a diretores das operadoras. Agora vai cobrar de cada um deles como está a qualidade do serviço e a fiscalização da Anatel, que terá representante também na audiência pública do dia 2.

PONTO FINAL

E o Lula, heim! De estadista conferencista a lobista patronal.


Cobrada por conselho, diretoria do plano de saúde da Fazenda explica déficit
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Leandro Mazzini

Hélio Bernades, o presidente da Assefaz, plano assistencial de cinco categorias da Fazenda, senta hoje à mesa com conselho administrativo para prestar contas de 2012 e explicar o déficit de R$ 37 milhões nas contas.

Ele mesmo assinou o relatório fiscal, com a recusa da superintendente demitida, Rosana Ribeiro, por pressão do conselho. (lembre aqui o caso publicado pela coluna)

Bernades defende a Rosana e justifica a demissão com um choque de gestão – novo nome do mercado será contratado para superintendente financeiro.

A Assefaz tinha R$ 87 milhões de saldo em 2011. Desde então, uma série de fatores, segundo o presidente – que assumiu em 2007 – fez com que a entidade chegasse a 2013 com parcos R$ 20 milhões.

Para justificar o saldo, ele aponta o alto registro de sinistros em 2012 – anormais em relação a outros anos – a troca de planos de saúde de 48 categorias para 6, o que teria causado perdas, investimentos em reformas de sedes sociais pelo país e seguidas ações judiciais que obrigam cobertura de tratamentos, como casos em que pagou até R$ 1 milhão.

A Assefaz hoje tem 96 mil associados em todo o Brasil. Bernardes diz que apesar do déficit, as contas estão em dia e estuda um enxugamento administrativo nos 90 pontos de presença da entidade – entre postos de atendimentos e gerências regionais.

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Sistema “Guardião” é o motivo da briga entre Polícia e MP
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Leandro Mazzini

O sistema Guardião, software de alta tecnologia que grampeia centenas de linhas simultaneamente, é o cerne da guerra entre procuradores e delegados sobre a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, que tira do Ministério Público competência para investigações criminais e os restringe às polícias.

Há suspeitas de que, além das Polícias Civil e Federal, MPs estaduais já usem o sistema. Em maratona pelos estados, os delegados falam abertamente sobre a preocupação do uso descontrolado.

A empresa catarinense Dígitro, já procurada anteriormente pela coluna, sempre negou que tenha negociado com entidades que não fossem das Polícias. O Sistema Guardião, já usado pela PF, vale milhões de reais.

Em críticas veladas, delegados da PF têm citado seguidos vazamentos de importantes inquéritos. Sempre apontam como responsáveis os procuradores.

O autor da PEC é o deputado ex-delegado federal Lourival Mendes (PTdoB-MA). Ele frisa que o MP poderá ‘acompanhar o processo de investigação’, mas não realizá-lo. Políticos alvos de procuradores obviamente comemoram, e aceleram a tramitação no Congresso.

Quem tomou a frente da campanha é a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, que percorre as capitais para detalhar a PEC e defender proposta junto à sociedade. A última parada foi Macapá (AP).

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FOZ$$A$ 

Cenário 1: A Foz do Brasil pretende faturar R$ 18 bilhões, por 35 anos, operando o saneamento do grande Recife. Cenário 2: o governo de Pernambuco abriu mão desse dinheiro, ao conceder os serviços para a empresa braço da Odebrecht.

PRIMEIRA MARCHA 

O Governo do Distrito Federal faz esta semana balanço da intervenção nas empresas de ônibus do Grupo Amaral. Os números são positivos, mas parou por aí.

VÉSPERA DO FIM  

Pode ser só coincidência. A ex-governadora do Pará Ana Julia (PT) almoçou a sós com o deputado Cláudio Puty (PT), presidente da CPI do Trabalho Escravo, na véspera do fim da comissão, sem indiciados. O Pará é um dos estados que mais registrou casos.

ESPECTADOR

Evangélico, o líder do PR na Câmara, Garotinho (RJ), quer distância do problema em que se metera  os colegas do PSC com o pastor Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. Se sai com essa:  ‘conselho eu dou, mas o que fazer é com ele’.

EPA, EPA 

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Gol, TAM, Azul e Avianca), tem assento não remunerado no conselho da Anac. Apesar de condenado em 2ª instância por improbidade quando presidente do Anhembi e direitos políticos cassados.

AFAGO

Numa costura interna de Renan Calheiros, o senador Lobão Filho (PMDB-MA) assumirá a vice-presidência da Comissão Mista do Orçamento.

SOU O CARA

Presidenciável escancarado, Eduardo Campos (PSB) lançou em Pernambuco uma revista do governo com edição mensal para mostrar suas obras e feitos. E fotos.


Esplanadeira: Imagens de Brasília além do Poder
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Leandro Mazzini

O Memorial JK com bela iluminação noturna, onde repousa o corpo do ex-presidente fundador da capital.

Esplanadeira é uma seção em que o repórter publica fotos de arquiteturas, paisagens, flagrantes, personagens ou situações da cidade de Brasília, clicadas pelo smartphone, para apresentar ao leitor uma capital além do conceito de Poder.

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Eduardo Campos faz ofensiva sobre partidos pequenos
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Leandro Mazzini

Com a candidatura a presidente cada dia mais irreversível, Eduardo Campos (PSB) faz ofensiva em convites a nomes de vários partidos. Um senador tucano foi sondado.

Iniciou conversa com os chamados ‘nanicos’. Hoje no PSC, Ratinho Jr. espera a ‘janela’ na reforma eleitoral para se filiar ao PSB e ser lançado vice do governador tucano Beto Richa no Paraná.

Escanteado pelo governo, o presidente do PRTB, Levy Fidelix, foi procurado pelo deputado Márcio França, presidente do PSB paulista, em nome de Campos. Levy Fidelix faz conta: os cinco partidos nanicos que podem se bandear para Campos tiveram 7 milhões de votos em 2010. São PRTB, PTC, PRP, PSL e PTN.

Já no Congresso Nacional, cresce a percepção de que Campos é tão competitivo quanto Aécio (PSDB). Após saída do deputado Cadoca (PSC-PE), mais dois devem deixar o PSC rumo ao PSB.

Enquanto Campos escancara o projeto, Aécio conversa discreto com possíveis aliados, hoje na base de Dilma. Caso de Lupi, do PDT, com quem almoçou recentemente.

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CERCO DA RECEITA 

A situação das contas da Assefaz, o plano assistencial de cinco categorias de servidores federais, ganha mais a pauta de reuniões em Brasília. ‘A gente não sabe o que está acontecendo, vemos com muita preocupação. É o plano de saúde da maioria dos analistas da Receita’, frisa a presidente do SindiReceita, Silvia Felismino. Há meses entidades como CGU e AGU acompanham de perto a suspeita de rombo de R$ 35 milhões na Assefaz. Apesar de ter mantido um suplente e um diretor financeiro na entidade, o SindiReceita ‘está sem informações suficientes’, diz Felismino.

BOLSO NOS TRILHOS

Não é novidade o drible dos ministeriáveis para ganhar mais, inclusive agora no 2º escalão. Além do salário de R$ 26723, o teto constitucional, Bernardo Figueiredo, da EPL, emenda um jetom de R$ 2.672 por participar de Conselho.

TÃO LONGE, TÃO PERTO

Apesar de separados por um PT, Sérgio Cabral (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) conversam muito. Foi Cabral quem indicou o seu marqueteiro Renato Pereira para ele.

PREVISÕES

Ex-candidato ao Planalto (será?), o senador Cristovam (PDT-DF) vê Dilma forte. ‘Mas com quatro pilares enferrujados: Democracia que não funciona, estabilidade econômica ameaçada; transferência de renda que não emancipa; modelo econômico concentrador’.

PODER FEMININO 

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) tomará posse na Procuradoria da Mulher do Senado, na Terça. Das 81 cadeiras, só oito são de mulheres. ‘Vamos bater muito na questão da reforma para dar mais voz e participação às mulheres na política’, antecipa.

BANQUINHA DE URÂNIO

Tem urânio saindo pelo ladrão no Amapá. A abordagem de vendedores da matéria-prima explosiva a “turistas” intermediários acontece nos hotéis da capital. Uma fonte da coluna foi abordada com oferta. A PF está de olho. Há suspeita de que “formiguinhas” embarcadas abastecem navios de bandeiras asiáticas aportados na costa.


PPS analisa fusão com dois partidos e aliança com Campos
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Leandro Mazzini

Foto Tuca Pinheiro – Portal PPS

A despeito das especulações sobre eventual fusão com PMN e PHS, o presidente do PPS, Roberto Freire, garante que o partido fecharia hoje com a candidatura de Eduardo Campos (PSB) à presidência da República.

Mas Freire vai cuidando do partido. Procurou há uma semana a secretária nacional do PMN, Telma Ribeiro, e converso sobre a possibilidade. ‘Não há nada de concreto, mas um dos instrumentos discutidos é uma fusão’, diz Freire.

Eleito deputado federal por São Paulo, Freire nega que voltará o domicílio para seu Pernambuco, se fechar com Campos. O certo é que com o PT ele não vai. ‘Temos todas as candidaturas de oposição’ como opção de chapa.

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Charge de Aliedo: O tamanho do coração do Pezão
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Leandro Mazzini

O governador Sérgio Cabral, do Rio, durante um discurso para plateia num evento em Nova Friburgo (RJ), quis fazer um agrado ao amigo e vice-governador Luiz Fernando Pezão e a homenagem tornou-se uma piada.

Distribuiu elogios para o vice, disse que era muito importante para ele.

– E vocês sabem que quem tem pé grande tem… – fez um suspense o governador , para estranheza da plateia, que olhou assustada, temendo um ditado popular conhecido sobre órgãos genitais.. – Tem um… coração grande – complementou cabral, para gargalhada geral.

Na volta para o Rio, dentro do helicóptero, Pezão reclamou com o amigo.

– Pô, Cabral, você fica falando isso, agora todo mundo que me encontra olha para mim e para o meu…

Conheça o chargista aqui

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Tags : charge de


Doleiro preso em Brasília vira bomba-relógio para políticos
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Leandro Mazzini

Preso há uma semana em cela cheia no Presídio da Papuda, o conhecido doleiro Fayed Traboulsi virou uma bomba-relógio para políticos de todo o país.

Ele está revoltado e pode abrir o bico. Na busca e apreensão em sua casa e no escritório, a Polícia Civil encontrou documentos que podem comprometer poderosos clãs políticos do Maranhão, Tocantins, Goiás e de Brasília. Fayed contratou o renomado advogado Eduardo Ferrão, mas não obteve ainda habeas corpus.

Fayed se sente humilhado e sem privilégios na cela comum. Se a Polícia Civil chegou a todos os documentos, até um ‘cacicão’ da base de Dilma fica na mira da Justiça.

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RECADO 

Reconduzido ontem ao comando do PDT, Carlos Lupi mandou recado indireto para Dilma. O partido terá candidatura própria ou apoiará quem se afinar com o trabalhismo.

PASSE LIVRE 

É pule de dez na Câmara dos Deputados que a minirreforma eleitoral abrirá a janela para o troca-troca de partidos, sem perda de mandatos.

NO CANTINHO 

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) garante que passa o fim de semana ‘com uma moça muito bonita’ (sua esposa). Embora haja comentário de que Campos desça em Belém até amanhã para vê-lo. ‘O PMDB está fechado com Dilma’, reforça Jader.

NOVA ETNIA 

Autoridades do governo do Rio estão assustadas. Na triagem após desocupação da ‘Aldeia Maracanã’, nunca viram tanto índio branco, louro e de olhos verdes.

PODER ECLÉTICO

O ministro Crivela (Pesca), evangélico neopentecostal, e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), católico, foram juntos ontem à Convenção das Assembleias de Deus em SP.

TODOS JUNTOS 

O Ministério da Saúde mandou equipe para Macapá (AP) e pediu união entre prefeitura, do PSOL, e o governo, do PSB, para combater o alto registro de dengue na capital. Sem picuinha política.

TÔ TRISTE

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, que reúne 4 mil prefeitos (90%), não foi convidado a participar da reunião entre munícipes e o presidente da Câmara, Henrique Alves, na Quarta.

DO ALAMBRADO 

Autoridades brasileiras estão chateadas com a FIFA, que oficializou o champanhe francês como bebida oficial dos camarotes e áreas Vips dos estádios, em detrimento do vinho nacional. O deputado Goergen (PP-RS) procurou o ministro Aldo, dos Esportes. Aldo, segundo o deputado, teria se comprometido em reunião com produtores brasileiros que lutaria pela bebida nacional.

 LUCRO (por ora)

Agora combatido inclusive pela Previdência, o Fator Previdenciário desde que criado em 1999 gerou economia de R$ 44,3 bilhões para os cofres.

PONTO FINAL

É abuso mesmo: A FIFA não investe nada nos estádios, ganha isenção tributária, cobra caro por ingresso e comemora com champanhe francês.


Comissão da Verdade pode descobrir como a compra de calcinhas levou a PanAir à falência
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Leandro Mazzini

Ao anunciar que pretende investigar o caso da falência da PanAir durante o regime militar no Brasil, a Comissão Nacional da Verdade terá a oportunidade de descobrir, se ouvir tantos personagens de um lado quanto de outro, como um episódio pitoresco e pessoal deu início ao processo de cassação das rotas da companhia aérea.

A PanAir voou por 35 anos, dominou os céus do país até ser fechada em 1965 por canetada do brigadeiro Eduardo Gomes. Da noite para o dia, os aviões da concorrente Varig, então uma miúda mas muito próxima do regime, assumiram os trechos, operações e passageiros da voadora.

Mas nos bastidores, entre o início da conhecida perseguição à aérea e o fim das linhas, há um curioso roteiro que envolveu o dono da empresa, Celso da Rocha Miranda, o ex-presidente João Goulart, o depois presidente general Castelo Branco (1964-1967) e o brigadeiro Eduardo Gomes, segundo relata à coluna conhecido pesquisador que soube desta história.

No auge de suas operações, a PanAir ficou conhecida pela suas ligações com o ex-presidente Goulart, que fez toda a sua campanha pelo país com aviões cedidos pela empresa. Notoriamente, quando os militares tomaram o poder, se associaram à Varig e a distinção entre os grupos ficou além da concorrência comercial.

Celso Miranda era conhecido entre os amigos por misturar contas pessoais com as da PanAir. Em meados da década de 60, após a renúncia de Goulart e a ascensão dos militares, numa viagem a Paris, Celso comprou na conta da empresa umas calcinhas para presentear – a amante, na versão extraoficial.

Não se sabe ainda por qual via, mas suspeita-se muito que pela espionagem patrocinada pelos militares in loco na Europa, a nota fiscal da compra foi parar nas mãos da cúpula do governo federal. Descoberto o segredo dos amantes, dias seguidos o empresário da voadora viveu sob forte chantagem dos oficiais, a ponto de perder o rumo das atividades na empresa e prejudicá-la em suas operações.

Foi o momento em que o brigadeiro Eduardo Gomes aproveitou a turbulência administrativa e cassou as linhas da PanAir, num decreto presidencial, e as cedeu para o concorrente Ruben Berta, dono da Varig e suspeito também de ter patrocinado a espionagem. Centenas de funcionários ficaram sem empregos, e famílias sem sustentos; aviões enferrujaram nos pátios. E a Varig – hoje também falida – decolou.

A falência oficial da PanAir saiu em 1969 , durante o governo do presidente Costa e Silva (1967-1969). Àquela altura, ao herdar as rotas da PanAir, a Varig já era a maior da América do Sul – operava para os destinos latinos (Argentina, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai), europeus (Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Suíça, Reino Unido) e para países da África, América do Norte e Oriente Médio.

Um dado curioso: Castelo Branco, o primeiro presidente militar do regime que patrocinou a suposta perseguição à PanAir, morreu dia 19 de Julho de 1967 num ainda inexplicado acidente aéreo, quando seu monomotor se chocou com um caça da FAB. Outra curiosidade: o caça era pilotado por um oficial de nome Malan, filho de um general, e irmão do economista Pedro Malan, ex-ministro de FHC. O piloto está vivo.

Uma boa oportunidade para a Comissão da Verdade, que faz amanhã no Rio a primeira audiência pública sobre o caso PanAir. Seria interessante incluir no check-list esse hangar de mistérios a ser aberto.

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APO faz maratona contra risco de apagão nos Jogos de 2016
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Leandro Mazzini

Fortes: até energia entrou na agenda

O presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcio Fortes, desde que assumiu o cargo entrou numa maratona literal de compromissos para pular obstáculos até 2016, para evitar imprevistos ou repetir erros que se veem agora nas obras dos estádios da Copa e de mobilidade urbana nas capitais-sedes. Mas no salto para ganhar tempo, há uma prioridade a pedido do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Preocupado com a infraestrutura energética do país, diante da série de recentes apagões no Sul, Sudeste e Nordeste, o COI estipulou requisitos de fornecimento de energia para os estádios que pretendem sediar os jogos de futebol eliminatórios, que tradicionalmente precedem a abertura das Olimpíadas.

Fortes tem visitado várias capitais para tratar do assunto. As eliminatórias acontecerão em Salvador, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Com esta agenda, dia 14 último, Fortes esteve com ACM Neto, prefeito de Salvador. Na Quarta, ele passou por SP para ouvir as autoridades do setor, e dia 1º desembarca em Brasília. Há uma preocupação do governo em não fazer feio diante de todo o mundo com o risco de quedas de energia, que sejam mínimas.

Quando o Brasil foi anunciado sede da Copa do Mundo de 2014, faltavam sete anos para o evento – era muito tempo, na visão equivocada de gestores de variados segmentos, inclusive os públicos. Tempo passado, o peculiar e notório ‘jeito brasileiro’ para adiar projetos nota-se no desespero de muitos, em todas as capitais-sedes, para entregar as obras às portas do evento.

Fortes mantém agenda constante de interação com grupos de trabalho local e estrangeiros – há uma consulta direta com os organizadores dos Jogos de Londres – e série de viagens por capitais para tratar do tour da Bandeira Olímpica (objeto sagrado para o COI, só pode ser tocada na abertura e encerramento dos Jogos)

A APO prepara um site bilingue para divulgar suas atividades e investirá nas redes sociais para mobilizar a população para os eventos preparatórios dos Jogos. Já estão no ar o Twitter @apogovbr e a página do Facebook Autoridade Pública Olímpica.

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