Coluna Esplanada

O Maranhão não sai da UTI
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Tragédia pouca é bobagem nesse país de desastres intermináveis – e em vários setores. Não bastasse a crueldade da morte por queimaduras da pequena Ana Clara, aos 6, a mãe, Juliane Carvalho, segue internada em quadro grave num hospital de Brasília sem saber da morte da filha. O avô da menina morreu de infarto ao ser avisado.

E a governadora Roseana Sarney acha que tudo acontece porque o Maranhão está mais rico – controlado pela família há 48 anos, e por ela em quarto mandato intercalado. Evidentemente, para poucos – ela e seus aliados. Quem não é da prole ou amigo, que se vire. O pai, o experiente senador José Sarney, queimou a língua numa atitude de amador: ‘Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua’, disse na véspera de Natal em entrevista à sua rádio, em São Luís. Depois do cheiro de pólvora na esquina, desapareceu como mágica. Ex-governador do Maranhão, hoje é senador do Amapá, não tem nada a ver com isso, claro, claro.

Provavelmente o Maranhão está mais rico pelo fato de, no dia 19 de Dezembro, o secretário de Saúde, Ricardo Murad, fretar um jatinho-UTI para transportar o cunhado Alexandre Trovão para um hospital particular de São Paulo. Murad é cunhado de Roseana (não marido, como publicado antes), irmão de Jorge; Trovão é presidente da Câmara de Coroatá (MA), e a conta de R$ 83,7 mil saiu do cofre público – mais R$ 20 mil apenas pagariam um leito de UTI Neonatal, tão em falta em dezenas de hospitais.

Em abril de 2012, o senador José Sarney e o ministro do Turismo, Gastão Vieira, aliados e maranhenses, voaram para o Sírio Libanês em SP quando sentiram fisgadas no coração. Ali ficaram internados, após cirurgias que lhes salvaram a vida. Já o senhor Pedro Nogueira não teve a mesma sorte. Na véspera da cirurgia de Sarney no Sírio, o lavrador Seu Pedro teve um infarto. Ele estava a 2.930 km da capital paulista. Após horas de espera para desobstruir a coronária, sucumbiu na emergência do hospital municipal da cidade de Central do Maranhão, que fica na Av. Roseana Sarney, s/n.

Foi no Sírio que a governadora Roseana fez algumas de suas cirurgias. Já o Albert Einstein acolheu o senador maranhense aliado dos Sarney Lobão Filho (PMDB-MA) quando acidentado, mesmo hospital onde o pai, ministro Edison Lobão, faz seus exames periódicos.

E justo agora, em meio a esse cotidiano incendiário de São Luís, por força de contrato o Governo do Maranhão terá de fazer nova licitação de agência de comunicação para cuidar da imagem do Estado – e de quebra, de Roseana, pré-candidata ao Senado. Fato é que, antes de a bomba estourar no Maranhão, os Sarney já estavam preocupados com a imagem da família na política nacional.

A licitação, com desculpa de assessorar o Palácio dos Leões, se não for adiada, deve ocorrer até a primeira semana de fevereiro. O contrato envolve clippagem dos grandes jornais e de TV, e pesquisas quantitativas e qualitativas sobre a gestão de Roseana. Um serviço similar não é cobrado por menos de R$ 2 milhões por grandes agências. Enquanto isso as ruas pegam fogo, porque o Maranhão está mais rico.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


Sem Mirage, Brasil perde a hegemonia aérea no Continente
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O governo federal tenta esconder, em vão, a incompetência administrativa na demora da renovação dos aviões de caças. Há mais de 10 anos o processo se arrasta, e não foi com o anúncio da presidente Dilma Rousseff, sobre a compra dos caças suecos Grippen, da SAAB, que o problema acabou. Apenas decolou, literalmente.

A Força Aérea Brasileira tinha prazo de voo no francês Mirage 2000 até dia 31 de Dezembro do ano passado. Daí a presidente se apressar no anúncio, tardiamente, para evitar críticas dos militares e uma dor de cabeça com a imprensa.

Sem peças de reposição e muito obsoletos – com mais de 30 anos – desde então foram para o ferro-velho. Agora são substituídos por caças-tampão, redirecionados das bases aéreas gaúcha e carioca para Brasília. Com os fraquinhos F-5, os céus do Brasil, em especial do Centro-Oeste, ficarão desguarnecidos até 2018, quando começam a aterrissar os novíssimos Grippen.

Ocorre que os aposentados Mirage 2000 eram mais potentes, carregavam armamentos de vários calibres e operavam num raio de ação de 3.500 km, com potencial de ida e volta sem reabastecer. Era um avião de ataque.

Os F-5 são caças de interceptação e têm alcance de menos de um terço dos Mirage. Imagine-se a comparação: enquanto o Mirage chega à fronteira e já interceptou o invasor, o F-5 ainda está em processo de reabastecimento em voo.

Em suma, o governo brasileiro está indefeso com seus F-5, AMX e os bagrinhos Super-tucanos. E a aguerrida FAB deve ter virado motivo de piada dos colegas sul-americanos. Apenas três exemplos de países que possuem os mais potentes caças bombardeios do mundo: O Chile opera com 32 caças F-16 norte-americanos. Os pilotos do Peru defendem seu país com dezenas de caças Mirage 2000P. E a Venezuela, do presidente doidão Nicolas Maduro (ele diz que conversa com o falecido Hugo Chávez em forma de passarinho) possui os mais potentes do mundo, o russo Sukhoi SU 29 – que, aliás, era o sonho dos pilotos brasileiros.

Vai demorar, mas em quatro anos a FAB terá seus modernos caças e, principalmente como deseja, adaptados às condições de operação num país de dimensões continentais, em prol de sua soberania.

Até lá, a maior potência econômica sul-americana sobreviverá na utopia de que os países aliados o são por bondade.

RIO, A VITRINE

A se concretizarem as pretensões dos pré-candidatos, o Rio de Janeiro será vitrine para a mais interessante disputa eleitoral para o governo, pelo cenário suprapartidário que se desenha. Ficou cada um por si. Até agora, estão no páreo Marcelo Crivella (PRB), Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR), Luiz F. Pezão (PMDB), Miro Teixeira (PROS), Cesar Maia (DEM) e Bernardinho (PSDB).

Os quatro primeiros abrirão palanque para Dilma Rousseff. Miro é ‘marineiro’ e será o candidato de Eduardo Campos (PSB); o técnico de vôlei Bernardinho é poste de Aécio Neves (PSDB). Mistérios são a permanência de Cesar Maia e Garotinho. O primeiro é vereador e não tem nada a perder. O segundo, deputado, pode ficar sem mandato. Especula-se que fechará chapa com Crivella, para disputar o Senado.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


Com o Maranhão rico, Roseana será presidenta do Senado, prevê o papai
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Por mais que o País avance em todos os campos sociais na maioria dos Estados – apesar do índice tímido da economia – a declaração da governadora Roseana Sarney (PMDB) de que o Maranhão está mais rico é um tiro certo no próprio pé. Representante de uma família que domina a política do Estado há 40 anos, o Maranhão, comprovam os números e fatos, pouco mudou desde a estreia do pai no Palácio dos Leões – aliás, de uma riqueza impressionante a sua iluminação noturna.

O Maranhão é o Estado onde a governadora prometeu na campanha eleitoral construir 72 hospitais – ganha uma UTI quem encontrar metade disso (UPA não é hospital). É de lá que partem jatinhos com seus políticos – do clã ou aliados – quando alguém passa mal. Confiam tanto nos hospitais de São Luís que voam para o Sírio Libanês em São Paulo. É a capital onde uma facção chamada Bonde põe para correr as viaturas da PM; onde o pau come na penitenciária repleta de regalias, assim como no palácio, onde se come lagostas e camarões VG. É onde o trio herdeiro de Sarney é apresentado como santos num memorial, enquanto grande parte da população desfia um rosário de críticas à família. São fatos, não meandros textuais.

José Sarney foi um presidente que segurou a transição democrática, valorizou em especial dezenas de carreiras de servidores públicos. Mas descontou no Maranhão a sua incompetência, e hereditária. Apegado ao Poder (é uma peculiaridade dos políticos, mas pelo visto é o pioneiro), agora cansado e em retirada, quer fazer da filha Roseana a primeira mulher eleita para a Presidência do Senado, na carona do sucesso de Dilma Rousseff. Foi o que tratou há meses, eis o bastidor:

Num ensolarado domingo de setembro passado, José Sarney reuniu em sua mansão em Brasília um petit comitê de poderosos aliados, entre eles o atual presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente da República, Michel Temer. Renan e Sarney combinaram o seguinte em trato de cavalheiros: Sarney usa sua força política em Alagoas e em Brasília para ajudar Renan ou seu filho, Renanzinho, a se eleger governador do Estado este ano. Em contrapartida, Renan angaria o apoio de seu grupo suprapartidário que o reconduziu ao comando do Senado para eleger Roseana, em 2015 ou 2019, presidente do Congresso.

Porque, sim, Sarney dá como certa a vitória da filha à Casa Alta na disputa de 2014. Mas o que o Maranhão tem a ver com o projeto político-pessoal do grupo? É só o entreposto eleitoral.

Roseana candidata vai investir no discurso de que revolucionou a saúde do Maranhão. Precisa combinar um bom discurso com o seu pai e o ministro aliado Gastão Vieira, do Turismo. Em abril de 2012, Gastão e Sarney encontravam-se internados, por problemas cardíacos, no Sírio Libanês paulistano.

Já o senhor Pedro Nogueira não teve a mesma sorte. Naquela mesma primeira quinzena de abril, na véspera da cirurgia de Sarney em SP, o lavrador Seu Pedro teve um enfarte. Seu infortúnio é que estava longe de São Paulo, na entrada da Emergência do Hospital Nossa Sra. da Conceição, na pequena cidade de Central (MA).

O hospital público fica na Av. Roseana Sarney, s/n. Sarney e Gastão têm, cada um, mais de 40 anos de vida pública. Não há qualquer registro de internação da dupla num hospital público de São Luís. Ressalte-se, internação.

Foi no Sírio que a governadora Roseana fez algumas de suas cirurgias. Já o Albert Einstein acolheu o senador Lobão Filho (PMDB-MA) quando acidentado, mesmo hospital onde o pai, ministro Edison Lobão, faz seus exames periódicos.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


O racha na PF – Parte 2
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Os agentes federais e escrivães da Polícia Federal reclamam que não foram bem contemplados em suas reivindicações no artigo sobre a categoria, publicado nesta Quinta. O blog abre mais espaço para trazer à tona o racha velado entre duas categorias na PF – os agentes e os delegados. (Uma rixa natural por direitos de carreira que, obviamente, não prejudica as funções da corporação e suas atividades).

Fato é que o cerne desse racha é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 361, que tramita na Câmara dos Deputados e já chegou à Comissão de Constituição e Justiça.

A PEC cria a carreira com cargo único, o de policial na instituição. Para uns, atropela o já consolidado modelo: há concurso para agentes e outro para delegados. Para outros, é a PEC do FBI, que equipara a PF brasileira ao padrão da polícia americana e de outros países: todos são policiais, e a promoção se dá por meritocracia por regras internas.

''Uma das maiores críticas da grande base de policiais federais é a existência de um concurso para chefes na Polícia Federal. Através de argumentos que se sustentam numa herança da época do Império, quando eram delegados poderes de polícia a determinadas pessoas, associações de delegados ainda tentam justificar como um recém-formado num curso de Direito pode coordenar equipes de investigadores ou peritos experientes, ou então chefiar setores de logística ou gestão de pessoas'', informa em nota a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).

Já a Associação dos Delegados da PF defende o formato atual. Os concursos são diferentes, por força de carreiras e responsabilidades evidentemente distintas. Assim como os agentes, os aprovados para delegados passam por treinamento da Academia da PF em Brasília.

A PEC 361, apadrinhada por um PM aposentado de SP, o deputado Otoniel Lima (PRB-SP), segundo a Fenapef,  ''busca reestruturar a polícia como um todo'', e pretende ''modernizar a PF tendo como referencial o cumprimento dos objetivos do órgão, e os referenciais são a experiência, pela antiguidade, e a meritocracia, pela eficiência na especialização e dedicação''.

Os delegados, no entanto, alegam que a iniciativa legislativa para dispor sobre organização e funcionamento de órgãos policiais é privativa do chefe do Poder Executivo, e a proposta surgiu no âmbito parlamentar, não da chefia da Casa Civil do Palácio do Planalto – a ausência de chancela da presidente pode dificultar a demanda dos agentes.

A despeito disso, a proposta tramita a passos largos na Câmara. Os próximos meses ditarão os rumos da proposta e do embate na instituição.


Conab recua e mantém superintendências com PTB
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O Conselho de Administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) barrou ontem o esvaziamento da Diretoria Financeira, sob controle do PTB, em prol da Diretoria de Administração, nas mãos do PMDB. É mais um capítulo da autofagia por cargos entre as legendas que dominam a estatal.

Segundo a assessoria, o Conselho ''solicitou aos dirigentes da empresa um estudo sobre as mudanças necessárias na estrutura organizacional'', e determinou que ''Qualquer alteração no organograma da Conab só será analisada pelo Conselho após a conclusão do referido estudo''.

A pendenga começou com a saída de João Carlos Bona Garcia – da cota pessoal da presidente Dilma – da Diretoria Financeira (DIAF), onde assumiu o indicado pela bancada do PTB de Goiás e Brasília, o engenheiro e ex-prefeito de uma cidade goiana Lineu Olímpio.

Mas numa manobra da direção, o diretor Rogério Abdala, que assumiu interinamente a presidência por uma semana no fim do ano, esvaziou a DIAF.

Na manobra do organograma, o PMDB capturou das mãos do PTB a Superintendência de Fiscalização de Estoques (SUFIS) e a Superintendência de Administração (SUPAD). Elas passam da DIAF para a Diretoria de Gestão de Pessoas (DIGEP), sob controle do pemedebista Abdala.

A gritaria do PTB, no entanto, foi grande. Principalmente entre o padrinho do novo diretor, o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO).

A SUFIS é responsável pelo controle de toda a produção comprada e armazenada pela Conab, em armazéns de todo o país. A SUPAD detém a negociação e a tutela dos contratos bilionários do seguro desses alimentos.


Senadores e deputada pedem investigação do MP em secretaria do DF
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Dois senadores já solicitaram, e agora uma deputada federal vai requerer ao Ministério Público Federal uma investigação na Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal, por compra superfaturada em R$ 3,5 milhões (!) de um aparelho exoesqueleto robótico de última geração, da Suíça, para reabilitação com fisioterapia.

O Lokomat Pro, montado no Brasil, custa R$ 1 milhão. A falcatrua, descoberta pela Coluna, teve aval do secretário de Saúde do Governo do DF, Rafael Barbosa, candidato a deputado federal. Ele recuou após a denúncia. A secretaria anunciou o cancelamento da compra, mas cobrada desde Dezembro, até agora não apresentou uma linha do Diário Oficial que comprove a anulação da compra. Segundo fontes, o secretário apenas ‘segurou’ a aquisição.

A Coluna publicou anteriormente o contrato (nº 124/13) e a nota de empenho (nº 2013NE07450, de R$ 4,58 milhões) que comprovam o superfaturamento. Hoje, novo documento prova que, pelo próprio sistema do GDF, a compra está em aberto. E mais: a aquisição é para dois aparelhos. O superfaturamento ainda é alto, R$ 2,5 milhões, mas o bastidor da maracutaia evidencia o quanto o governo anda debilitado: Segundo a assessoria de imprensa, em contato por telefone, a importadora só tinha condições de entregar um. Mesmo assim, a secretaria descaradamente não mudou o valor do contrato.

No final do mês passado, os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Cristovam Buarque (PDT-DF), com base na denúncia, protocolaram no PM do DF e Territórios pedido de investigação. O caso está na Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Prodep) (nº 08190.010111/14-42), mas ainda não foi distribuído a nenhum promotor.

Ontem, a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) decidiu solicitar ao MP Federal em Brasília a entrada no caso. Tetraplégica, ela utiliza o Lokomat para reabilitação numa entidade paulista. No Brasil, apenas duas instituições, a AACD e a Rede de Reabilitação Lucy Montoro possuem o equipamento.

‘Além de superfaturar, é um superfaturamento em cima de uma questão brasileira que já é uma miséria, que é a reabilitação. Quantas pessoas gostariam de fazer treino de marcha neste equipamento e não podem, pois não existe nenhum equipamento parecido fornecido pelo Estado’, desabafou a parlamentar. ‘Estamos preparando representação ao MP para que investiguem dois possíveis crimes cometidos: improbidade administrativa e crime contra a administração pública. Além disso, vamos pedir que o GDF faça a compra dos equipamentos, porém pelo valor correto’.

O contrato foi assinado em Agosto de 2013, por dispensa de licitação, para a compra do aparelho Lokomat da fabricante suíça Hocoma. A importadora é a BioAlpha Serviços e Comércio de Materiais Hospitalares, com sede no Rio de Janeiro. Os proprietários são Cainã Albuquerque e Ana Carla Albuquerque, no contrato social. Eles têm 22 e 25 anos, respectivamente, e são filhos de Joel de Lima Pinel, o contato do secretário em Brasília.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


Proposta por agentes, PEC do Trem da Alegria racha a PF
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Atualização Quinta, 19h15: Uma Proposta de Emenda Constitucional rachou a Polícia Federal. De um lado, os agentes e escrivães que pretendem aprovar a PEC 361, da “Carreira Única Policial”, já chamada nas da instituição de PEC do Trem da Alegria. A grosso modo, a proposta equipara a carreira dos agentes com a dos delegados. E de outro lado, os delegados, que se esforçam para explicar a um grupo de parlamentares que existe uma hierarquia padrão, estabelecida em todo o mundo, que não pode ser quebrada como quer a primeira categoria. (Ressalte-se neste ponto, o cargo de delegado é peculiar do Brasil. A citação à hierarquia padrão tem a ver com a organização de trabalho em qualquer lugar do mundo, não apenas na PF)

A Federação Nacional dos Policiais Federais conseguiu o apoio do deputado federal Otoniel (PRB-SP), um PM aposentado, que encontrou na grita a oportunidade eleitoral de 2014. A briga chegou à CCJ da Câmara, onde tramita a PEC. Um relator designado pelo presidente da comissão foi destituído nos últimos dias antes do recesso, por força do lobby dos agentes, e trocado por um deputado simpático à categoria que propôs a PEC. E é apenas o primeiro capítulo.

A ADPF, dos delegados, contra-ataca com a lógica constitucional: as funções são completamente distintas, assim como os concursos para tais e seu treinamento; a proposta não apenas aniquila a hierarquia e a carreira de delegado, como abre um precedente perigoso para outras classes; e a iniciativa legislativa para dispor sobre organização e funcionamento de órgãos policiais é privativa do chefe do Poder Executivo. A PEC, enfim, viola os princípios de separação dos Poderes.

A proposta ainda esbarra no caixa apertado do governo, indício de que não vai prosperar. ‘A criação da carreira de cargo único aumenta as despesas com a transposição dos atuais policiais e o seu custo institucional é maior com envelhecimento do policial desde o ingresso na base até o topo da carreira’, explica a ADPF.

É onde a presidente Dilma não quer meter a mão. Sem muito esforço, o Palácio do Planalto, que controla a maioria dos deputados da CCJ, deve enterrar o caso.

Leia aqui a parte 2 – a demanda da Fenapef

PONTO FINAL

Na Bolívia, a rádio do locutor doidão: Entrou no ar a Rede Coca, grupo de emissoras dos produtores bolivianos de folha de coca.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


PMDB depena diretoria de indicado do PTB na Conab
Comentários Comente

Leandro Mazzini

lineuvale

Lineu, o novo diretor da Conab, entre os aliados Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB, e o deputado Jovair (D). Foto: Site do parlamentar

Mais sobre a autofagia na colheita (de cargos) na poderosa Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um braço bilionário do Ministério da Agricultura, loteada para PMDB, PTB e PT.

Com a saída de João Carlos Bona Garcia – da cota pessoal da presidente Dilma – da Diretoria Financeira (DIAF), assume o indicado pela bancada do PTB de Goiás e Brasília, o engenheiro Lineu Olímpio.

Mas numa manobra da direção, o diretor Rogério Abdala, que assumiu interinamente a presidência por uma semana no fim do ano, angariou apoio do Conselho Administrativo da estatal e esvaziou a DIAF. Em suma, Lineu – nomeado dia 19 de Dezembro mas empossado agora – estreia como uma rainha da Inglaterra, o cargo sem poder.

Na manobra do organograma, o PMDB capturou das mãos do PTB a Superintendência de Fiscalização de Estoques (SUFIS) e a Superintendência de Administração (SUPAD). Elas passam da DIAF para a Diretoria de Gestão de Pessoas (DIGEP), sob controle do pemedebista Abdala.

Tudo vai ser oficializado amanhã, com aval do ministro da Agricultura, Antônio Andrade. Procurada, a assessoria da Conab informou que a transferência de superintendências ''trata-se de uma proposta do presidente do Conselho de Administração da Companhia, Gerardo Fontelles, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)''.

Os maiores padrinhos do novo diretor, o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) e o senador Gim Argello (PTB-DF), ficaram descampados na lavoura política. As duas superintendências que permaneceriam no bojo petebista estão entre as mais importantes da estatal.

A SUFIS é responsável pelo controle de toda a produção comprada e armazenada pela Conab, em armazéns de todo o país. A SUPAD detém a negociação e a tutela dos contratos bilionários do seguro desses alimentos.

Bona Garcia, que deixou a diretoria, estava há meses pedindo para sair. Mal aparecia na Conab. Foi a presidente quem o segurou. Eles são amigos de longa data, de militância de guerrilha durante a ditadura. Lineu Olímpio, que estreia no cargo, é ex-prefeito de uma pequena cidade goiana.


Reforma ministerial pode ser gradativa até Abril
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Além da gripe pós-praia que derrubou a presidente Dilma Rousseff, aquartelada no Palácio da Alvorada desde segunda-feira, outra certeza começa a rondar os ministros-candidatos prestes a sair: a minirreforma ministerial, ao que tudo indica, será a conta-gotas, e não de uma leva só como muitos imaginavam.

A presidente Dilma começou na segunda a acionar os ministros, através de Giles Azevedo, seu secretário particular no Planalto. Ela convocará cada um para reunião a sós. A ideia é negociar a saída a granel, até abril, para evitar crise de ciúme na base, e haver tempo para que os que partem possam indicar seus substitutos para análise.

Para alguns ministros, a locomotiva do primeiro escalão governista leva vagões com uma carga complexa de articulações que podem descarrilar a base se a freada for brusca. De imediato, até dia 30 de Janeiro, prevê-se, deixam os cargos os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Saúde, Alexandre Padilha – respectivamente candidatos petistas aos governos do Paraná e São Paulo.

Para seus lugares devem ser nomeados Aloizio Mercadante e a atual secretária-executiva da Saúde, Márcia Amaral  (por ora, até Dilma acalmar ânimos e acomodar um político que satisfaça partidos). Mas há candidatos de sobra no PT, PMDB e PROS para a vaga.

Uma vez na Casa Civil, a se concretizar a ida de Mercadante, abre-se uma vaga importante na Esplanada. O Ministério da Educação pode cair nas mãos do PMDB, e um dos mais cotados é o deputado federal Gabriel Chalita, apadrinhado pelo vice Michel Temer. Há muito Chalita está de olho na vaga. Ou o ministério continua nas mãos do PT.

São pelo menos oito ministros-candidatos que deixarão suas pastas rumo às disputas para a Câmara, Senado ou Governo. Entre eles Fernando Pimentel (Desenvolvimento Econômico), que disputará o governo de Minas; Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Gastão Vieira (Turismo), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades) concorrerão à reeleição para a Câmara; Marcelo Crivella (Pesca), que tentará o Palácio Guanabara no Rio.

PONTO FINAL

O presídio da Papuda em Brasília já tem uma bancada de políticos maior que algumas legendas no Congresso.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook     


Reconstrução do ES: Casagrande apresentará a Dilma plano de R$ 880 milhões
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, desembarca em Brasília na Quinta-feira para apresentar à presidente Dilma Rousseff o plano de reconstrução do Estado após os temporais. Viaja e volta para casa em voo comercial – vale destacar a iniciativa, com o governo em dificuldades, enquanto colegas só pisam em jatinhos fretados. Leva na pasta o plano de reconstrução, com verbas e ações do governo estadual e federal, estimado em nada menos que R$ 880 milhões.

O Plano beneficiará famílias com renda de até três salários mínimos e que tiveram casas, móveis ou eletrodomésticos danificados no período. As famílias que apresentarem laudo da Defesa Civil local e estiverem no cadastro único do governo federal receberão um cartão no valor de R$ 2.500.

Ainda sem horário definido (não se pode esperar pontualidade das companhias aéreas, obviamente), o governador se encontrará com os ministros da Integração Nacional, Francisco Teixeira, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, em companhia da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

O Plano está divido em três tópicos: Recuperação da Infraestrutura dos Municípios, do Setor Produtivo e das Pessoas e Indivíduos. Não apenas pelo valor estupendo, mas também pelo detalhamento que será exposto, mostra o tamanho do desastre: envolve reparos em 750 km de asfalto em 52 cidades; plano para recuperar 12 mil km de estradas vicinais – nem todas com asfalto, as mais atingidas. Foram 375 pontes destruídas, e também cinco escolas.

Numa das ações estaduais, Casagrande disponibilizou linha de crédito de R$ 350 milhões para recuperação de lavouras. Prevê uma tabelinha com a União: vai pedir prorrogação para dívidas de crédito de pequenos lavradores junto a bancos oficiais. A Dilma, solicitará a construção de 1.500 casas populares a R$ 72 milhões, linha de crédito de até R$ 5 mil para financiamento de eletrodomésticos. A Guido Mantega, da Fazenda, reivindicará resolução do Confaz para isenção de ICMS para compra de máquinas e equipamentos diretamente relacionados à reconstrução do Estado.

Ontem, Casagrande levou ao presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (PMDB), o plano de ações e um pacote de projetos de leis para colocar o plano em ação no que concerne às verbas pelo Estado. Apesar do recesso parlamentar, Ferraço prometeu convocar sessões extraordinárias para analisar o pacote.

PONTO FINAL

E o senador José Sarney, queimou a língua, hein!: ‘Aqui no Maranhão nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua’, disse em sua rádio em São Luís há duas semanas. Deu no que deu.

Siga a coluna no Twitter e no Facebook