O ‘neutro’ PMDB mostra sua velha face: ficar no Poder, com quem for
Leandro Mazzini
O atual PMDB mostrou hoje a sua velha face – ele prega independência, se diz neutro, mas está sempre no Poder desde a redemocratização. O partido é PhD nesse item político: faz suspense, grita para o povo, mas nos gabinetes e jantares afaga presidentes da República há 30 anos. Atualmente, o beija-mão é para Lula e Dilma, e assim a legenda mantém os sete ministérios.
O partido é o retrato da instabilidade política do País – não sabe para onde vai.
O PMDB só sai do Governo se não mais houver Poder – fica até 2018 pela coalizão eleita, ou pula fora se a presidente Dilma cair. Neste cenário, se o vice Michel Temer assumir, o partido faz festa. Se cai a chapa toda, o partido cola em quem assumir o Palácio.
E por que o PMDB anunciou hoje em sua convenção que precisa de mais 30 dias para decidir se desembarca do Governo ou mantém a aliança?
Este é o período que os expoentes do partido precisam para sentar à mesa dos ministros Palacianos Ricardo Berzoini (Governo) e Jaques Wagner (Casa Civil) para fechar a indicação do deputado Mauro Lopes na Secretaria de Aviação Civil e atender a demanda da ala majoritária das bancadas no Congresso. São pedidos de cargos importantes e estratégicos em estatais nos Estados. Só isso. Este é o PMDB em suas entranhas.
Essa demanda para apadrinhados políticos vem especialmente dos deputados. Desde antes da recondução do líder Leonardo Picciani (RJ) na Câmara.
Agora, o controle do som do megafone peemedebista para a população está nas mãos de Berzoini e Wagner. Depende apenas dos dois ministros petistas e do aval da presidente Dilma Rousseff que rumo o por ora aliado vai tomar.
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NO MURO
Na convenção nacional de hoje, o PMDB vai reforçar o perfil que o notabilizou nas últimas décadas – em cima do muro, com um pé em cada lado do Poder, na base e na oposição.
Os peemedebistas são experts, e por isso estão sempre no Governo. O falatório contra o Governo Dilma estava combinado. Realmente há um grupo minoritário que prega o rompimento. Alguns dos expoentes são Marta Suplicy, a ex-senadora petista, que disputará a prefeitura de São Paulo, e o ex-ministro de Lula Geddel Vieira Lima.
Ambos não atendidos em suas pretensões políticas. Marta, que foi ministra de Dilma após pedir, queria ser a indicada de Lula para a Presidência. Geddel não teve o apoio do PT baiano para disputar o Senado.
Um cacique garante que o partido “não vai deliberar, ficará neutro”. Em suma, não vai cravar apoio incondicional a Dilma, mas também não pregará a saída do Governo. Por fim, está eleita a executiva nacional e suas regionais. Era o dever de casa neste sábado. Reconduzir Michel Temer ao comando.
2018
O documento ‘em cima do muro’ que será divulgado é sinal para os dois lados, PT ou anti-PT – a disputa que se vislumbra em 2018. O PMDB assim se garante em um deles.
Não há consenso no PMDB para lançar candidato ao Planalto, mas cresce o grupo que prega a candidatura. Se assim for, o preferido é o senador José Serra, que está prestes a se filiar ao partido, conforme desejam os caciques – Serra balança.
O prefeito do Rio , Eduardo Paes, propalado como o pré-candidato do PMDB ao Planalto, é balão de ensaio. Paes é candidatíssimo ao Governo do Estado.