Coluna Esplanada

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Em clima tenso, PMDB da Paraíba decide seu futuro
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Leandro Mazzini

Em clima tenso, o PMDB na Paraíba bate cabeça e tenta se resolver hoje. O ex-senador e ex-governador José Maranhão promove uma reunião na sua casa para ter um panorama do que o partido pode decidir na convenção. Atualmente, parte quer apoiar Cássio, outros apostam na candidatura própria, e outros querem apoiar o governador Ricardo Coutinho (PSB), que tenta a reeleição. No Estado, o tucano Cássio Cunha Lima é pré-candidato confirmado ao governo.

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MEDO 

A chegada de só três das 31 seleções estrangeiras para a Copa da FIFA, a apenas 7 dias do início do evento, revela como as delegações temem a crise da segurança no Brasil. Tradicionalmente, como visto nas Copas anteriores, a grande maioria das seleções estrangeiras chegam ao país sede de 15 a 10 dias antes do início do torneio.

COPA CALA A ‘VOZ’

A MP 648 dá uma folga às rádios sobre a Voz do Brasil, programa obrigatório tão combatido: por causa dos jogos da Copa, as emissoras podem remanejar a ‘Voz’.

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FATOR LULA

voto

Lula, no palco, ao lado da editora Karim Miskulin – palestra de autoestima e o tradicional autoelogio à sua gestão. Foto: Revista VOTO

Quem convive com o ex-presidente Lula entende por que ele é muito mais carismático e jeitoso que a presidente Dilma. Ontem, ao desembarcar em Porto Alegre para evento, ele dispensou seguranças e foi todo sorrisos e abraços com quem via pela frente. Foi assim também com funcionários do Hotel Deville. Lula fez palestra no evento de dez anos da Revista VOTO – que publica a Coluna Esplanada, entre outras. E fez uma festa ao ver o ex-petista José Fortunatti, o prefeito do PDT em PoA.

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PALMADA NELES!

Na sessão do Senado que aprovou a Lei Menino Bernardo (ex-Palmada), na noite de quarta, o senador Mario do Couto chamou o deputado Pastor Eurico de safado. Como notório, foi o pastor quem constrangeu a apresentadora Xuxa, há duas semanas, na CCJ da Câmara, ao lembrar que ela fez filme pornô em 1982. No Senado, na quarta, Xuxa assistia a tudo da Mesa e viu aprovada a Lei.

BRASIIILLL!

Em São Sebastião da Grama (SP), o prefeito José Martha foi chamado de ‘ladrão’, em decreto no D.O. do Município, nas atribuições para ‘colocar a mão no dinheiro do povo’. A Polícia investiga quem editou o Diário.

DILMA 2, AÉCIO 0

Aécio Neves, presidenciável do PSDB, não tem palanque ainda no Piauí. Dilma tem dois: com o governador Zé Filho (PMDB) e o petista Wellington Dias, o ex-governador que lidera as pesquisas.

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pontos

TERMÔMETRO

Provas de que a economia estagnada anda assustando. Em Brasília, maior PIB per capita disparado do País, num espaço de 100m, dois comércios fecharam nos últimos dois meses na Quadra 208 Sul; e outro, tradicional, está para fechar. As faixas ‘Passo o ponto’ denunciam a situação.

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ACORDA, RENAN!

Veja no que dá pré-campanha, quando a atenção do mandatário está na base eleitoral: o presidente do Senado, Renan Calheiros, abriu no painel a votação secreta para aprovação de um embaixador. Foi alertado a tempo pelo senador Requião.

SEQUESTRO DE ARLAN 

O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-GO) aprovou requerimento para audiência com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o chanceler Luiz Alberto Figueiredo, para explicarem por que o governo do Brasil ainda não auxilia o paraguaio nas buscas pelo jovem Arlan Fick, sequestrado há quase 70 dias em Concepción por grupo guerrilheiro. Na audiência, o deputado quer explicações sobre a concessão de refúgio aos paraguaios Juan Arrom, Anuncio Martí e Victor Colmán. Há fortes suspeitas de que, daqui do Brasil, eles comandam a onda de sequestros do Exército do Povo do Paraguai (EPP).

PONTO FINAL

Daqui a seis dias, Neymar Jr. assume a presidência do Brasil.

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Troyjo: Brasil x Davos 2014 – qual o resultado?
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Leandro Mazzini

Economista e cientista social, o diplomata Marcos Troyjo, colunista da Folha, é hoje um dos maiores especialistas em BRIC e economia mundial. Teve uma passagem pela sede da ONU como secretário da missão do Brasil na organização. Conferencista em vários países da Europa e Ásia, fundou e dirige o BRIC Lab na Columbia University há dois anos. 

Troyjo faz uma análise sucinta do Fórum Econômico Mundial em Davos no que concerne à participação do Brasil no evento:

“Nesses últimos três anos, o Brasil de Dilma foi despertado de um sonho bom. Governo e sociedade vêm tendo de encarar uma dura realidade: ao contrário do que supunham, o Brasil não criou fórmula miraculosa unindo alto crescimento à inclusão social.

Não há no País pilares de um novo modelo de desenvolvimento. Dada a baixa poupança interna, o Brasil continua a depender de grande influxo de capitais financeiros e também de investimentos estrangeiros diretos (IEDs). Por isso o tapering (diminuição de estímulos monetários nos EUA) e a própria retomada da expansão nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) causam apreensão no governo brasileiro.

Sem a certeza de um crescimento automático e inevitável, ilusão alimentada pela cúpula do governos Lula-Dilma durante o período em que o País era o “queridinho dos mercados” e só recebeu a “marolinha” da crise de 2008, o Brasil começou a descer do salto alto. Daí Dilma, notadamente desinteressada em temas internacionais, ter optado por ir a Davos.

Muitos dos fatores que permitiam tal entusiasmo foram perdendo verniz. Perspectivas de biocombustíveis e petróleo pré-sal não são mais tão animadoras. A governança e planejamento do setor energético brasileiro estão à deriva. Efeitos da expansão do crédito e consumo não têm mais caráter tão multiplicador. O apetite da China por commodities em que temos vantagens comparativas não parece mais tão pantagruélico. Além disso, em razão dos conhecidos problemas logísticos brasileiros, os chineses têm buscado diversificar seu quadro de fornecedores.

Assim, foram quatro os pontos nevrálgicos em relação ao que a comitiva brasileira tinha a dizer:

1) Protestos. Isso é da democracia, e Dilma o ressaltou bem em seu discurso. A apreensão no entanto permanece em relação ao que pode acontecer durante a Copa do Mundo.

2) Mudança no panorama internacional da liquidez. Dilma também mencionou isso e sublinhou os mais de US$ 370 bilhões de nossas reserva cambiais. Muito do que se espera do afrouxamento da política monetária dos EUA nos próximos meses já foi precificado e incorporado ao atual patamar do câmbio no Brasil (e a depreciação dos últimos dias reflete os efeitos colaterais do que está acontecendo na Argentina).

3) Gestão da política econômica. O Brasil ainda vai sofrer por algum tempo os efeitos dessa combinação de afastamento do tripé, microgestão das concessões, custosos equívocos na política industrial (as tais de “campeãs nacionais”), além do peso fiscal dos incentivos setoriais e do gigantismo da folha de pagamento. Aqui, os números não batem com o discurso de Dilma. Além disso, do ponto de vista comercial, o País está sem bloco. O Mercosul converteu-se numa plataforma de empatias políticas, e o Brasil não negociou acesso aos principais mercados compradores do mundo. Sua ênfase nas negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostrou-se ingênua, dada a inoperância e lentidão da entidade. Toda esses erros de política exterior no campo econômico hoje têm perceptível impacto negativo nas contas externas.

4) Reformas estruturais. Esta foi a parte mais decepcionante do discurso de Dilma. Nada falou sobre reforma tributária, trabalhista ou de seguridade social. Em termos de melhora do ambiente de negócios, Dilma anunciou apenas a implementação do portal “Empresa Simples”, que prevê a redução para 5 dias do tempo médio para se abrir uma empresa. Embora importante, esse tipo de medida favorece sobretudo empresas de pequeno porte. Pouco interessa ao tipo de empresário/investidor que frequenta Davos. Estes sofrem por custos diretos e indiretos da bizantina legislação trabalhista e fiscal no País. Têm de contratar verdadeiros exércitos de contadores e advogados, em vez de gente voltada à atividade fim da empresa. Mesmo quando mencionou a necessidade de “mudanças” num painel sobre Brics, o Ministro da Fazenda Guido Mantega elaborava mais em termos conceituais do que sobre um plano de trabalho a ser efetivado nos próximos meses. Talvez tenha buscado sugerir algumas pistas do que seria a orientação no segundo governo Dilma, mas a probabilidade desse processo iniciar-se neste ano, ainda mais por razões eleitorais, é nenhuma.

O marco maior da conjuntura do Brasil no mundo é que o País está poupando e investindo menos que os 22% do PIB – média da América Latina. Esta, por seu turno, já é muito inferior ao percentual de investimentos do Sudeste Asiático. O Brasil não conseguirá investir mais sem quebrar vários ovos nas áreas trabalhista, fiscal e de seguridade social.

Dilma não parece ter gosto ou mesmo vocação para liderar reformas. Seu presidencialismo de coalizão está mais a serviço do projeto de sua perpetuação no Planalto do que orientado à modernização institucional do país. Assim, o Brasil de Dilma utilizou Davos essencialmente para apresentar relatório de realizações, vocalizar compromisso com alguma ortodoxia macroeconômica, elencar fronteiras móveis de consumo e sublinhar a continuação do programa de concessões.

No limite, a ida a Davos evidencia que Dilma e equipe se convenceram de que o Brasil também precisa ser vendido, e não simplesmente comprado. Estão se dando conta de que o cenário global mudou. E ele não é favorável às escolhas “desglobalizantes” feitas pelo País nos últimos 11 anos em termos de comércio e investimento.

Assim, antes encastelada no isolamento seguro de suas convicções sobre os rumos supostamente alvissareiros do País, Dilma fez da viagem uma espécie de “Busca do Tempo Perdido”. Não representou, contudo, um “divisor de águas”. Nada se aventou da indispensável agenda de reformas estruturais.

Em vez de desilusão ou entusiasmo, a resposta do “Homem de Davos” à passagem da comitiva brasileira pelos Alpes provavelmente é apenas apertar o botão de “pausa”. Em termos de construção do futuro, o Brasil está imobilizado até 1º. de janeiro de 2015″.

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Modelo de consumo interno do Brasil está esgotado, diz economista professor da Columbia
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Leandro Mazzini

 O Brasil precisa mudar sua estratégia de mercado, se integrar mais “às novas geometrias” do comércio global – a exemplo do México que se destaca no cenário internacional. Essa foi uma das análises do economista brasileiro Marcos Troyjo, professor da Columbia University, onde dirige o BRICLab, e um dos representantes brasileiros na ONU. Troyjo é hoje um dos conferencistas brasileiros mais requisitados nos EUA, Europa e Ásia, articulista de jornais como El Pais e Financial Times.

Para o economista, o México, que poupa até 25%  do seu PIB anualmente, é um exemplo a ser seguido pelo Brasil – cujo índice gira em torno de 15%. Troyjo foi entrevistado pela rede Bloomberg em Nova York no último dia 10, cujo canal transmitiu sua palestra na Conferência Anual sobre México realizada pela agência.

O brasileiro ressaltou as diferenças entre o modelo de competitividade mexicano, voltado para o comércio exterior – com mais de 40 acordos bilaterais -, e o brasileiro, focado principalmente no mercado interno.

Para o economista, a classe empresarial nacional vê como esgotado o modelo brasileiro de ênfase ao consumo interno. “Todos os que querem o Brasil mais competitivo demandam reformas estruturantes e uma nova abordagem da política de comércio exterior brasileiro. Isso representa grande força para a mudança do padrão brasileiro de inserção global”, defendeu.

Troyjo concluiu afirmando que o afastamento do chamado “tripé macroeconômico” e a hesitação na aplicação de reformas microeconômicas estão afetando o Brasil mais negativamente do que eventuais mudanças no perfil da demanda chinesa por commodities brasileiras.

Assista aqui a íntegra da conferência.