Coluna Esplanada

Arquivo : famílias

HC a milicianos deixa famílias sob risco maior em Brasília
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Leandro Mazzini

Causou estranheza a advogados das vítimas de perseguição a concessão de habeas corpus pelo STF a três milicianos do Rio de Janeiro, semana passada.

Eles são da quadrilha acusada de intimidar em Brasília ex-moradores de condomínio do ‘Minha Casa, Minha Vida’ expulsos da Zona Oeste da capital fluminense.

As famílias foram localizadas numa Satélite do DF e correm risco de vida, conforme revelou a Coluna. Os milicianos descobriram o número dos celulares dos refugiados e mandaram mensagem ‘não adianta fugir’. Ameaçam até um padre.

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Padre alvo de milícia recusa férias na Europa mas ganha proteção
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Leandro Mazzini

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O padre polonês Pedro Stepien, alvo de ameaças de morte de uma milícia do Rio de Janeiro por acolher em Brasília famílias na mira do bando, vai permanecer no Distrito Federal, em atividades religiosas.

Ontem, o padre conversou com bispos da Cúria da Igreja em Brasília, recusou oferta de férias prolongadas na Europa, mas aceitou vigilância, de perto, do BOPE do DF, ,mas sem escolta.

“Eles estarão o bairro, por perto, e vigilantes. Se eu acionar, aparecem”, diz o padre à Coluna. “Prefiro morrer com a verdade do que viver com a mentira”.

A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do Rio de Janeiro deflagrou nesta sexta-feira operação contra a milícia na Zona Oeste da cidade, que expulsa moradores de apartamentos do ‘Minha Casa, Minha Vida’, do Governo federal. Apreendeu munições, granadas e armas. No mesmo dia em que a Coluna divulgou a ameaça dos milicianos a padre em Brasília.

A operação policial foi comandada pelo delegado Alexandre Herdy, que investiga a ‘Liga da Justiça’ com informações passadas pelo padre polonês Pedro Stepien, ameaçado de morte pelo bando. O religioso acolhe no DF pelo menos 15 pessoas de sete famílias refugiadas do Rio, expulsas dos apartamentos.

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Milícia do Rio ameaça padre que acolhe refugiados em Brasília
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Leandro Mazzini

Parte da mensagem recebida pelo padre Stepien no Whatsapp. Mensagens já estão com a polícia do Rio. Foto : Reprodução de tela de celular

Parte da mensagem recebida pelo padre Stepien no Whatsapp. Mensagens já estão com a polícia do Rio. Foto : Reprodução de tela de celular

Um padre polonês, famílias inteiras escondidas em Brasília, refugiadas do Rio de Janeiro; ameaças de mortes por mensagens de telefones, perseguição, intimidação; ministros e polícias envolvidos – polícia do bem e do mal. Esse é o script para um pequeno grupo que sobrevive sob o domínio do medo há meses, cujo cenário piorou nos últimos dias.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga ameaças de morte ao padre polonês Pedro Stepien, que desde ano passado acolhe no Distrito Federal 15 pessoas de cinco famílias cariocas expulsas de um condomínio do ‘Minha Casa, Minha Vida’, em Campo Grande, Zona Oeste.

A região é controlada pela milícia chamada ‘Liga da Justiça’. Os policiais milicianos invadiram e se apossaram de dezenas de apartamentos. Há relatos até agora de sete mortes de quem resistiu às ordens. E um homem entrou no programa de proteção a testemunhas, do governo do Estado.

E pelo ocorrido com o padre, os milicianos estão muito bem informados sobre os paradeiros das famílias na capital federal. As famílias também correm risco de vida.

Há três dias, o padre Stepien passou a receber mensagens ameaçadoras no seu celular, pelo aplicativo Whatsapp, e o caso chegou ontem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro avalia pedir a Polícia Federal para entrar na investigação, pelo cenário envolver denúncias em um programa federal.

O religioso já entregou seu celular às autoridades. “O que você está fazendo no Congresso? Não adianta pedir ajuda a político porque muitos nos devem favores”, registra a última mensagem recebida pelo padre.

Reprodução de tela de celular.

Reprodução de tela de celular.

O padre se recusa a participar do programa de proteção federal e deixar a capital. As famílias estão distribuídas em casas da Igreja em cidades satélites do DF e contam com doações de alimentos e assistência psicológica voluntária. O religioso as visita todos os dias.

O religioso também relatou a amigos que desde semana passada carros com placas do Rio de Janeiro têm rondado o bairro nas cidades satélites do DF onde as famílias estão refugiadas.

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O padre Stepien em visita ao Congresso, numa campanha contra o aborto. Ativista conhecido dos políticos.

O padre Stepien em visita ao Congresso, numa campanha contra o aborto. Ativista conhecido dos políticos.

O CERNE

 

Os milicianos passaram a persegui-los após audiência pública em novembro passado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, na qual o padre denunciou a atuação da ‘Liga da Justiça’ na expulsão de moradores em condomínios do Minha Casa em bairros da Zona Oeste carioca.

Os investigadores desconfiam de que há interlocutores ou ‘olheiros’ da milícia morando em Brasília desde então. E com bom trânsito no Congresso Nacional. Numa das mensagens no celular do padre, dizem que o estão monitorando de perto, inclusive por telefone. E falam de ligações com deputados e senadores.

Reprodução de celular

Reprodução de celular

O caso chegou ao delegado Alexandre Herdy, chefe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Secretaria de Segurança do Estado do Rio. Ele e o delegado Alexandre Capote, ex-diretor do órgão, estiveram com o padre Pedro Stepien em Brasília em novembro.

Os relatos tensos e atualizados foram comunicados também ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab, pelo deputado federal Goulart (PSD-SP). Kassab prometeu levar a situação à presidente Dilma Rousseff.


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