Coluna Esplanada

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Inflação na Esplanada: Só a presidente não vê
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Leandro Mazzini

Enquanto nega descontrole da inflação, a presidente da República, Dilma Rousseff, e o séquito palaciano não conseguem enxergar o problema tão perto do Palácio.

Nos últimos dias, o preço do celebrado quiche do bistrô do Senac na Câmara subiu 25% – aliás, todo o cardápio teve preços reformulados.

O famoso amendoim do amor, torrradinho com chocolate, vendido na barraca em frente ao Ministério da Cultura, está 30% mais caro.


Ex-‘clippadora’ de Brizola, Dilma detesta notícia distorcida
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Leandro Mazzini

Dilma com Brizola, nos anos 80. Foto extraída do blog bananeirasagora.com.br

Entre todas as rotinas sigilosas da presidente da República, há uma certeza de praxe matutina, informada à coluna por fonte próxima de Dilma Rousseff: ela lê diariamente todos os grandes jornais e as colunas. Não se trata apenas do relatório do clipping repassado pela Secom. Ela lê os jornais, entra nos sites.

O costume surgiu anos atrás, quando, acreditem, a recém-filiada ao PDT sulista foi escalada por Leonel Brizola para ser sua clippadora e analista de mídia. Dilma passou então a acompanhar os jornais, os articulistas, e bem antes de se falar em internet – começou, inclusive, a gostar de jornalistas, ou detestá-los, em alguns casos.

Ex-ministro da Comunicação e deputado de mandatos seguidos, Miro Teixeira (PDT-RJ) – frisa-se que ele não é a fonte – repete sempre para repórteres uma máxima de que ‘político não gosta de notícia, gosta de poder’.

Encaixa-se neste perfil, portanto, Dilma Rousseff que galgou por cargos na prefeitura de Porto Alegre, governo do Rio Grande, Ministério da gestão Lula e naturalmente despiu-se de clippadora-política para tornar-se política-clippadora.

Daí a cena na TV nesta quarta-feira, o seu semblante revoltado e olhar furioso para repórteres em Durban, ao falar entre dentes “Eu só repudio a manipulação de fala”. Não foi só a resposta da presidente, mas também da ex-analista de mídia brizolista.

O problema da presidente é que, apesar de boa técnica, não é de improviso como seu antecessor. Ela tentou relacionar um desafio a outro e conseguiu misturar dois problemas numa frase só. Assim se complicou na coerência oral. Eis aí: “Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico (…)”.

Ou seja, no calor do “quebra-queixo” (o momento em que os jornalistas esticam microfones e gravadores ao personagem), entre o improviso apressado e o entendimento da turma, também eufórica, depreendeu-se isso: ou ela combate a inflação, ou faz o país crescer.

O mercado leu, ouviu, e as bolsas quase desabaram há pouco – o que influenciaria a abertura das asiáticas daqui a duas horas. Antes do efeito dominó, o Planalto soltou nota oficial.

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Presidente surpreende até o PT com desoneração da cesta
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Leandro Mazzini

Atualização, 11h45: O anúncio da presidente Dilma Rousseff feito em rede nacional de televisão, na noite desta Sexta-feira, de isenção de impostos federais da cesta básica surpreendeu até o PT.

“Ela já avisara ao presidente do partido, Rui Falcão, que a qualquer momento tomaria uma decisão sobre o assunto”, após a criação do grupo de trabalho da Presidência que estudava o tema, revelou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). “Mas não sabíamos quando seria”.

Dilma editou Medida Provisória, a despeito de projetos do PT e do PSDB que tramitam no Congresso. “A tramitação demoraria muito”, explica Guimarães.

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), revelou que há 15 dias a cúpula do partido no Congresso se reuniu com a presidente no Palácio, quando ela esboçou que estudava medidas “para evitar a inflação e aquecer a economia”. “Mas ela realmente não avisou quando seriam nem como”, complementa o senador. Ele comemorou: “O objetivo é a redução da carga tributária.

O projeto já foi apresentado pelo PT na Câmara há dois anos, mas engavetado. Em agosto do ano passado, o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), apresentou emenda à MP 563 para a desoneração da cesta, mas a presidente vetou e ordenou que o PT se posicionasse. Criou o grupo de trabalho para os estudos e ontem saiu a decisão.

Segundo a presidente, no anúncio na TV,  “com desoneração da cesta básica governo abre mão de R$ 7,4 bilhões em arrecadação por ano”. Ela ratificou em rede nacional o que nos bastidores os ministros próximos já sabiam: seu temor da volta da alta inflação – o que pode prejudicar seu projeto de reeleição:  “Não descuido nem um momento do controle da inflação”.

No Dia Internacional da Mulher, Dilma anunciou outras duas medidas: fortalecimento da defesa do consumidor e criação de um “moderno centro integrado de apoio à mulher”, um por estado. Em tom de promessa, essas duas medidas reforçaram o discurso de pré-campanha da presidente que tentará a reeleição, e emendou com frases recheadas de elogios à atuação da mulher no Brasil – inclusive de sua posição.

“A maior autoridade desse país é uma mulher, que não tem medo de enfrentar os injustos”; E “Um governo comandado por uma mulher tem mais obrigação de lutar pela igualdade de gêneros. Trata-se de uma questão estratégica”.

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TEN$ÃO

A prisão ontem em Brasília do doleiro Fayed Antoine Traboulsi deixou alguns políticos sem dormir esta noite, e muito, mas muito apreensivos.

MAÇONARIA & PODER

O Grande Oriente do Brasil, que reúne maior parte das lojas maçônicas, elege hoje seu novo presidente, numa disputa que envolveu diretamente nos bastidores grandes políticos. O senador Gim Argello (PTB-DF) trabalhou pela reeleição de Marcos Silva. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) tenta se eleger pela terceira vez. O vice-presidente Michel Temer não tem influência direta, mas é ligado ao candidato de SP, o jurista Benedito Ballouck.

MINISTRO PARANAENSE

O governo do Paraná vai conceder título de cidadão honorário ao presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. Vai a sanção do governador na Segunda a proposição nº 42/13, do presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni (PSDB). A decisão do título foi do governador Beto Richa, após encontro com o ministro no STF em Fevereiro. ‘Por que não há um paranaense no STF?’, indagou Barbosa. Richa soltou que era ‘uma reivindicação antiga nossa’. Richa disse que Barbosa representaria o Paraná, e a bandeira de Minas e do Brasil em seu gabinete pode ganhar a do sulista. Encabulado, mas feliz, o ministro assentiu.

INVASÃO

Veja como os chineses vêm invadindo o Brasil. De 2010 para 2011, cresceu em 48% o número de turistas da China. De 37 mil para 55 mil.

FOGO AMIGO

Isso é porque é aliado do PT: Para comemorar a derrubada do veto da presidente Dilma sobre a lei de distribuição dos royalties do petróleo, o senador Wellington Dias (PT-PI) circulou por rádios e TVs na Quinta. Ele é candidato a voltar ao governo.


Para Agronegócio, concessão de estradas leva à inflação
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Leandro Mazzini

Enquanto anuncia a redução da tarifa na conta de luz, a presidente Dilma Rousseff será obrigada a lidar com dois fatores extras que podem contribuir para elevar a inflação.

Além do iminente aumento da gasolina – a Petrobras tem bancado a perda bilionária para segurar o valor na bomba – o governo prepara a concessão de estradas e instalação de pedágios nas rodovias BRs 262, 050, 060, 153, 163 e 267, por onde escoa grande parte das produções agrícolas do país.

As rodovias cortam os estados de Minas, ES, Goiás, Mato Grosso, DF e Mato Grosso do Sul. Cortam os maiores produtores de grãos do Brasil.

Neste ponto o cerne do impasse. Para o governo, a concessão melhora as estradas e o serviço ao motorista. Para o setor do agronegócio, os pedágios vão encarecer o frete, e por consequência o preço dos produtos ao consumidor final. Notório, o Brasil é um país de caminhões.

Transportadores de cargas já reagem com indignação. Mas a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) promove audiências pelo país e tocará os leilões para licitação, com concessão para 25 anos.

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RIO EM PEDAÇOS

A maldição de Janeiro do Rio: Ontem desabou parte de um sobrado sobre carro na Gamboa. Hoje, completa um ano a tragédia do desabamento de três edifícios no Centro. Sete foram indiciados e o processo no MPF passou para o MP Estadual em Dezembro.

CANTEIRO VIGIADO

O Ministério do Trabalho estuda implantar postos em todos os canteiros das obras da usina de Belo Monte. Os sindicatos das categorias dos 18 mil operários, idem.

NA TRINCHEIRA

Defensores públicos fazem pressão no Congresso para derrubar veto da presidente Dilma a projeto que dá autonomia administrativa e orçamentária às Defensorias.

SEGREDO CHINÊS

Do cientista Marcos Troyjo, em Davos, sobre o crescimento chinês: “Fomentou PPPs que disponibilizaram o capital necessário à expansão da infraestrutura. Controlou salários e taxas de câmbio”. Isso aumentou a saudável competitividade interna.

FOGO NO TRILO 

Uma guerra no bilionário Fundo Refer, dos funcionários da Rede Ferroviária. O Sindicato dos Securitários acusa a atual gestão de manipular aplicações de risco há anos e causar prejuízos de até R$ 20 milhões.

A CONFERIR

Do outro lado da linha, a direção do Refer soltou nota e nega perdas. Acusa o sindicato de interesses escusos, os quais não revela. E informa que “os  números  da  Fundação  são incontestáveis  e  comprovados  pelos  seus  registros  financeiros/contábeis”.

COMPROMETIDO

Pressionado na base, o senador Blairo Maggi (PR-MT) diz que tentará orientar PR a apoiar Pedro Taques (PDT-MT) à Presidência do Senado. Blairo admite que acordo por Renan Calheiros (PMDB-AL) é antigo e que há pouco tempo para manobras. Renan, favorito, se recolheu para evitar a imprensa.

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Inflação é temor de Dilma para 2014
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Leandro Mazzini

Já é certo que a presidente Dilma Rousseff é candidata à reeleição em 2014. O assunto é tratado discretamente no Palácio, e toma forma na agenda pelo interior do país que ela passou a tocar há dois meses.

Mas a presidente Dilma revelou para ministros próximos a sua preocupação não só para o governo, como para a campanha de 2014: aniquilar a inflação, que vem mostrando as garras.

Na opinião dos palacianos petistas, a eventual volta do Dragão com estatura acima da média ressuscitaria o ex-presidente Fernando Henrique, quem controlou os índices e estabilizou a economia.

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