Coluna Esplanada

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Justiça manda MPF investigar gastos milionários nas buscas no Araguaia
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Leandro Mazzini

Corpos de guerrilheiros eliminados durante o confronto, observados por militares. Foto: Arquivo UnB

Corpos de guerrilheiros eliminados durante o confronto, observados por militares. Foto: Arquivo UnB

Atualizada Quarta, 7, 11h05 – Mal perdeu status de ministério, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) se vê numa encrenca judicial das grandes, herdada de gestões anteriores.

A juíza Solange Salgado, da 1ª Vara Federal em Brasília, determinou em despacho que a Procuradoria da República investigue os gastos milionários nos últimos três anos do Grupo de Trabalho da Presidência responsável pela busca de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, sob coordenação da SDH.

Há uma série de convênios sob suspeita – um deles pode chegar a R$ 10 milhões. A Justiça quer entender como se gastou tanto com pouco ou nenhum resultado nas expedições do último triênio.

O processo segue em segredo de Justiça. Há informações já confirmadas de que o GTA trocou pesquisadores por familiares das vítimas nas expedições, com gastos elevados em diárias de hospedagem, alimentação e aluguel de aeronaves.

As investigações sobre GTA e suas ações e planilhas estão a cargo do procurador Felipe Fritz, do 1º Oficio de Cidadania da Procuradoria da República no DF.

Procurados, a juíza e o procurador informaram que não vão se pronunciar por se tratar de segredo de Justiça. A SDH informou que ainda não foi notificada.

No dia 9 de dezembro, a PF fez uma devassa num departamento da UnB para perícia nos ossos de guerrilheiros, após ordem da juíza Solange. Há suspeita de que as famílias estariam escondendo ossos de subversivos ainda considerados desaparecidos, para lucrarem futuramente com indenizações. ( Leia aqui )

RESPOSTA

Crimeia foi localizada na manhã desta quarta (7). Disse não saber da investigação, e que participou de expedições por conta própria nos anos 90 e 2001. Em 2011 foi a convite junto com membros do MP e desde então não voltou mais, por segundo ela, discordar da forma como as investigações eram realizadas, sem dar detalhes.

Como notório, os guerrilheiros foram encurralados pelos militares e muitos deles foram exterminados em confronto com as tropas do regime militar nos anos 70 na região entre o Norte do Tocantins e Sul do Pará.

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Atualização Terça, 8/12, 10h17:

DIREITO DE RESPOSTA

A senhora Crimeia, a quem a Coluna contatou para esta reportagem e lhe deu o espaço, recorreu à Lei do Direito de Resposta e enviou o texto abaixo. A Coluna ratifica que a Promotoria no DF e a Justiça Federal investigam, sob segredo de Justiça, convênios do Grupo de Trabalho do Araguaia, ligado à SDH, em várias expedições – inclusive a que a senhora Crimeia participou.  Conforme relatado acima. Reforça também que a juíza Solange Salgado, diante da situação, avocou para a Vara a responsabilidade de novos trabalhos, excluindo a extinta SDH do protagonismo, por ora. Eis a carta de Crimeia:

“No dia 7 de outubro passado, sob o titulo Justiça manda MPF investigar gastos milionários nas buscas no Araguaia, escreveu: Há uma série de convênios sob suspeita — um deles pode chegar a R$ 10 milhões, sob tutela da ex-guerrilheira Crimeia ck Almeida.

Não participei do Grupo de Trabalho Tocantins, criado em 2009 pelo Ministério da Defesa por discordar que as buscas fossem feitas pelas instituições responsáveis pelos desaparecimentos forçados. Em 5 de maio de 2011, foi baixada a Portaria Interministerial n° 1 MD/MJ/SDH-PR, que em seu artigo 2° cria o Grupo de Trabalho Araguaia, com o objetivo de buscar restos mortais de desaparecidos políticos na década de 1970 na região, composto por representantes dos seguintes órgãos e entidades: Ministério da Defesa, Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos — PR, Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Advocacia Geral da União; Partido Comunista do Brasil; Departamento de Polícia Federal; Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil do DF; Museu Emilio Goeldi e Universidades Federais e Estaduais em apoio e exercício de atividades periciais.

No art. 2°, § 1°, diz que poderão compor o GTA, representantes dos governos do Pará, do Tocantins e do Distrito Federal, desde que manifestem interesse. E no § 2°, que a critério da Coordenação do GTA poderão ser convidados novos integrantes, órgãos ou entidades, pessoas físicas ou jurídicas para participar do Grupo, nas condições estabelecidas no convite.

Quero deixar bem claro que participei apenas de uma dessas idas à região em 11 de agosto de 2011, com base no artigo 2°, § 2°. Como houvesse uma participação massiva de militares e viaturas do Exército que além de nos serem constrangedoras inibiam os moradores locais, eles também vítimas das arbitrariedades do Exército nos anos 1970, nos recusamos a participar de novas idas à região junto com o Grupo de Trabalho Araguaia.

Embora eu não pertença e nenhum desses órgãos e entidades e não participe sequer como convidada do GTA, , esclareço que a responsabilidade pelos trabalhos e pelos gastos de cerca de R$ 10 milhões havidos até agora é dos Ministérios da Defesa (responsável pela logística), da Justiça (responsável pela perícia técnica) e da Secretaria de Direitos Humanos, inclusive por força da sentença da 1ª Vara Cível da Justiça Federal de Brasília (processo n° 0000475-06.1982.4.01.3400) — transitada em julgado em 2007 mas ainda não cumprida — que condenou a União a localizar os restos mortais dos combatentes da Guerrilha do Araguaia e entregá-los aos seus familiares, além da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o Brasil em 2010 por não ter, até hoje, apurado e punido os agentes do Estado responsáveis pela prática dos crimes de detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre membros do Partido Comunista do Brasil e camponeses da região, nas operações do exército empreendidas entre 1972 e 1975 com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, no contexto da ditadura miliar do Brasil (1964-1985).

Estes gastos constam de relatórios do próprio governo enviados a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Os gastos com transporte, diárias, hospedagens e outros se referem a todos os membros que participam destas buscas e, é importante destacar que a participação de militares do Exército é a maior, chegando a ser de até 150 pessoas, incluindo um general. Quanto aos familiares, por determinação do próprio governo sua presença não deve se exceder a 3 pessoas.

A própria Secretaria de Direitos Humanos, em Nota de 9 de outubro de 2015, esclarece: Importante ressaltar que todas as despesas das expedições foram pagas pelo Estado brasileiro e se referem ao apoio logístico na área das buscas (transporte, segurança e equipe de serviços gerais), além de passagem e diárias, que seguem valores estabelecidos por lei. O Estado brasileiro optou por executar diretamente tais ações por se tratar do cumprimento a determinação judicial.

Desse modo, não foi firmado nenhum convênio com a sociedade civil ou entidades de qualquer natureza para a execução da tarefa. Não é verdadeira, portanto, a afirmação veiculada na imprensa de que a senhora Criméia Schmidt de Almeida tenha firmado convênio com o Governo Federal e recebido valores por isso. Tal afirmação, além de equivocada, é incoerente com o histórico de Criméia de Almeida, notoriamente conhecida por seu engajamento nas pautas de Justiça de Transição, bem como observadora atenta e crítica das medidas do Estado brasileiro em diversos episódios que envolvem este tema. No caso do Araguaia, seu envolvimento relaciona-se ao fato de ser familiar de dois desaparecidos durante a repressão e uma das testemunhas mais importantes dos ocorridos à época, visto que é uma das únicas sobreviventes desses episódios”.


Bronca de guerrilheira faz ministra chorar em reunião
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Leandro Mazzini

Numa reunião tensa que durou seis horas na Terça-feira, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, chorou duas vezes diante de críticas e depoimentos de familiares das vítimas do Araguaia (TO).

O momento mais delicado foi quando Rosário não se segurou ao ouvir da ex-guerrilheira Criméia Almeida que ‘nada presta’ e que está ‘tudo ruim’ na Comissão de Mortos e Desaparecidos, relatam testemunhas, trabalho coordenado pela SDH.

No encontro foi exposto o racha entre os familiares das vítimas, após a inédita votação verbal sobre os rumos dos trabalhos. Por 12 a 6, vão continuar as buscas por 45 desaparecidos na região do Araguaia durante o regime militar. Eram 47 – desde o início das buscas, duas ossadas foram encontradas.

Enquanto a maioria quer encontrar as possíveis ossadas, integrantes do grupo Tortura Nunca Mais pregam o fim das buscas. A despeito do desencontro, uma sentença da Justiça Federal prevê indenização de R$ 25 milhões para cada familiar – valores de hoje.

A sentença de 2006, em 1ª instância, da juíza Solange Salgado, determina a continuidade das buscas ou a indenização para cada família em R$ 10 mil/dia, com pagamentos retroativos.

O grupo que luta por interromper as buscas levanta um argumento patriótico: o governo já teria gastado demais com os trabalhos. “Emocionalmente, não quero que se gaste mais recursos públicos para procurar meus irmãos”, argumentou Laura Petit, que tem dois irmãos desaparecidos.

Representantes de seis famílias manifestaram-se pela interrupção das buscas e pelo consequente fim do processo – Vitória Grabois, Elizabeth Silveira, Criméia Almeida, Laura Petit, Lorena Barroso e Sônia Maria de Souza. Lideradas por Diva Santana, representante oficial das famílias na Comissão dos Mortos e Desaparecidos, 12 familiares preferem que o Estado continue buscando respostas.

Segundo a SDH, a reunião debateu ‘Balanço das Atividades’, ‘Pedido de oitiva de militares que participaram da guerrilha’ e ‘Retorno das atividades de busca’. A assessoria informou que ‘a ministra se emocionou em alguns momentos ao ouvir relatos de familiares’. Criméia Almeida não foi encontrada no telefone de contato.

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ESPLANADA BOX

O piloto brasiliense Felipe Nasr é aposta para ser promovido à F1 em 2014. No sábado, Nasr, vice-líder da GP2, se reuniu com o chefão Bernie Eclestone em Budapeste, que lhe teceu elogios. No dia seguinte, Nasr ficou em terceiro e está a seis pontos do líder, Stefano Coletti (Mônaco). O piloto chegou ontem a Brasília com o troféu.

EX É FOGO!

Vice-prefeito de Marcio de Lacerda em BH na primeira gestão do socialista, Robertinho Carvalho (PT) vai abrir uma ONG para fiscalizar as ações da gestão municipal. Lacerda e Carvalho brigaram em 2012, e o petista foi preterido na disputa em 2012.

GRITO DA ARQUIBANCADA

Após abrir vaga para ‘Especialista em revezamento de tocha’ – calma, não é para correr, é para planejar a rota – agora o comitê Rio 2016 abre vaga para ‘Especialista em Experiência do Espectador’.. Enquanto isso, antes que seja tarde: o governo federal comemora o início da construção dos três pavilhões esportivos do Parque Olímpico da Barra, o maior legado dos Jogos.

MISTÉRIO

Continua mistério o caso de Diaulas Ribeiro na corregedoria do MPDFT, sobre suposto conflito de interesses na atuação como promotor da saúde e ligação com o CRM.

VOU BEM, OBRIGADO

Afastado da direção do PSB de Minas por Eduardo Campos, por ser muito ligado a Lula, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia dedica-se à fábrica de insulina aberta em Nova Lima. O BNDES é sócio, com 25%. Vende para o mundo inteiro.

DOWNLOAD LENTO.. .

Engavetado há meses, o marco civil da internet deve ir a votação semana que vem na Câmara, prevê o relator Alessandro Molon (PT-RJ). Lembra que não existe legislação que impeça as empresas de telefonia de guardarem e até venderem dados dos usuários. O marco civil propõe o sigilo dos dados dos internautas, e justo por isso sofreu forte lobby dos provedores, portais e telefônicas. ‘Não é admissível que mais de 80 milhões de brasileiros que usem a internet fiquem desprotegidos’, explica Molon.

E AGORA?

O deputado André Vargas (PT-PR) entrou em situação delicada. Fez média para os eleitores do Paraná, sua base que pode ganhar um TRF, e o caso desandou. ‘É ação para facilitar o acesso’, justifica. Mas comprou briga com Renan e Joaquim Barbosa.

SARNEY

E o senador José Sarney (PMDB-AP) confia tanto nos hospitais do Maranhão, governado por Roseana, que correu mesmo para o Sírio Libanês de SP. Que fique bem.

NINGUÉM SEGURA!

A professorinha Amanda Gurgel, lembram dela?, aquela que abriu verbo na Assembleia do RN numa audiência, ganhou fama na internet e se elegeu vereadora mais votada de Natal, agora defende fim do Senado e salário de professor equivalente ao de parlamentar.

PONTO FINAL

Será que os Jogos do Rio terão a modalidade Lançamento de Coquetel Molotov?

contato@colunaesplanada.com.br 


Governo paga dezenas de indenizações a parentes de vítimas do Araguaia
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Leandro Mazzini

O governo pagou R$ 4,3 milhões em indenizações, entre 2011 e 2013, a parentes de mortos na Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.

Deste total, R$ 2,1 milhões foram pagos a herdeiros de beneficiários já falecidos, que não tinham direito segundo a Lei de Mortos e Desaparecidos.

São US$ 3 mil a cada um dos familiares por despesas médicas, por busca de informação e dos restos mortais dos desaparecidos; mais US$ 45 mil para cada familiar direto e US$ 15 mil para cada familiar não direto por dano imaterial.

A Secretaria de Direitos Humanos aguarda decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos para depositar ainda este ano quantias a outros 12 herdeiros de beneficiários falecidos.

A questão da identificação dos beneficiados foi submetida ao Departamento Internacional da Advocacia-Geral da União para cumprimento da decisão judicial.

O governo trata com cuidado a divulgação de nomes para proteger a intimidade dos familiares das vítimas. Herdeiros foram definidos em sentença da Corte IDH de 2010.

Com Vinícius Tavares, da equipe de Brasília

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SERRA, O RETORNO 

O ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) é convidado para teleconferência sobre Tendência da Economia e Desafios da Política. Infraestrutura, concorrência, política industrial, sustentabilidade e comércio exterior são temas de interesse da GO Associados, promotora do debate. Lula, André Singer, entre outros, já participaram.

PEGANDO FOGO 

Delcir Sonda driblou BMG e adquiriu 20% do zagueiro Dória, do Botafogo. Evitou, assim, saída do atleta por dívidas com o banco. Grupo DIS já emprestou R$ 2,5 milhões para pagar salários, mas atrasos continuam. Sintomas do fechamento do Engenhão.

SÓ OFICIAL

A Câmara organiza ida de comitiva de deputados federais ao Rio de Janeiro para recepcionar o Papa Francisco durante Jornada Mundial da Juventude. Após transporte de autoridades para Copa das Confederações, a vigilância contra mordomia é absoluta.

HUMILDADE AIR

Nestes tempos de farra dos voos da FAB, fica o exemplo do presidente uruguaio Pepe Mujica, que há um ano encerrou operações da Pluna Aero, que tinha rotas para o Brasil. Uruguai tem 25% da empresa. Fundo de participações abandonou a sociedade e Mujica, ao ver que estado bancaria, deixou de lado os quatro jatos no aeroporto de Montevideo.


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