Coluna Esplanada

Arquivo : água

Após ‘bronca’ do MMA, secretário da Bahia encontra mancha no mar
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Leandro Mazzini

Após distribuir por e-mail e whatsapp uma nota oficial, com fotos aéreas de Abrolhos, garantindo que o arquipélago está livre da lama da Samarco ( veja aqui ), o secretário de Meio Ambiente do Governo da Bahia, Eugênio Spengler, recuou no fim do dia e, em entrevistas, disse que viu manchas no mar próximo ao santuário marinho.

Ele não soube classificar, porém, se era a lama da mineradora que rompeu em Minas Gerais e chegou ao mar do Espírito Santo, estado que faz divisa com a Bahia.

Spengler mudou a versão após aterrissar em Salvador e receber telefonemas das equipes do Ministério do Meio Ambiente que monitoram as consequências do desastre ambiental. Ele teria levado uma ‘dura bronca’ da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Na quinta-feira, a presidente do Ibama informara que havia fortes indícios de que a lama teria alcançado Abrolhos e outra parte do litoral baiano.

As fotos de Abrolhos, com água limpa, foram enviadas por uma equipe da secretaria sem a devida autorização prévia do secretário. Ele avistou uma mancha no mar numa faixa a 100km de Abrolhos, no Sul da Bahia.

A água foi coletada para exames, cujos resultados devem sair em até 15 dias.

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Crise hídrica: reflorestamento de nascentes ganha pautas municipais
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Leandro Mazzini

Devido ao cuidado com nascentes e esforço da população, o rio das Almas corre com águas límpidas dentro de Pirenópolis. Foto: UOL

Devido ao cuidado com nascentes e esforço da população, o rio das Almas corre com águas límpidas dentro de Pirenópolis. Foto: UOL

Principal estância turística no eixo Brasília-Goiânia, a pequena Pirenópolis (GO) tomou iniciativa fundamental em tempos de crise hídrica. A Secretaria de Meio Ambiente iniciou ontem reflorestamento de nascentes e monitoramento com limpeza permanente do rio das Almas, que corta a cidade – que tem águas límpidas no percurso urbano, diante do esforço da população para preservar o maior tesouro natural às portas de casa.

A partir de segunda-feira, a secretaria vai bloquear a encanação de esgoto de todas as residências ou comércio com rede clandestina. A cidade vai ganhar também cinco pontos voluntários de coleta seletiva de lixo.

Nesta Semana da Água, todo o trabalho envolve a população com voluntários, em especial alunos da rede pública – que na sexta plantaram 25 mudas de várias espécies no entorno da nascente da Santa, a 40 km da cidade, na Serra dos Pireneus. A meta é plantar 400 mudas no entorno da nascente – e outras centenas em pelo menos dez nascentes da região.

À frente do grupo, o secretário Arthur Abreu carrega as mudas para o plantio. Foto: divulgação

À frente do grupo, o secretário Arthur Abreu carrega as mudas para o plantio. Foto: Thalita Braga

O envolvimento da população tem sido significativo. “A importância deste evento é dar visibilidade as ações de Meio Ambiente no município, aproximando a sociedade do poder público, para juntos expandirmos a prática de sustentabilidade”, explica o secretário Arthur Abreu.

Nascente da Santa, em meio aos buritis ao fundo,que abastece a bacia da serra dos Pireneus e região: cerca em área de meio hectare para evitar entrada de animais, e 400 novas mudas.

Nascente da Santa, em meio aos buritis ao fundo,que abastece a bacia da serra dos Pireneus e região: cerca em área de meio hectare para evitar entrada de animais, e 400 novas mudas.

PELO BRASIL

A iniciativa de consciência ambiental e envolvimento dos cidadãos de Pirenópolis felizmente não é única no Brasil, comemoram ambientalistas.

Desde 2007, quando foi lançado o programa Conservador de Águas, ganhou destaque entre ecologistas e imprensa especializada o pioneirismo da cidade de Extrema, no Sul de Minas Gerais. A prefeitura passou a pagar um auxílio mensal a donos de propriedades rurais para reflorestarem e preservarem as nascentes e margens de córregos e rios.

Mas pequenas iniciativas assim dão resultado a curto ou médio prazos?  Sim, e prova disso é que a bacia hidrográfica da região de Extrema é responsável por parte do abastecimento do sistema Cantareira, que agoniza desde o ano passado. O cenário poderia ser pior se não houvesse investimento nas nascentes.

Região serrana de Extrema (MG), com vista o rio Jaguari, que corta a cidade: reflorestamento foi fundamental para ajudar o sistema Cantareira. Foto: divulgação

Região serrana de Extrema (MG), com vista o rio Jaguari, que corta a cidade: reflorestamento foi fundamental para ajudar o sistema Cantareira. Foto: divulgação

Recentemente, uma pesquisa conjunta da Embrapa, CNPq e Unicamp apontou o problema do sistema Cantareira. Os especialistas descobriram que há um déficit de árvores de 34,5 mil hectares  na região da bacia (cada hectare é do tamanho de um campo de futebol). A situação é tão dramática que apenas 10% do topo de morro e das margens do sistema Cantareira têm mata nativa.

Programas pontuais surgem a toque de caixa. No Espírito Santo, o Programa Reflorestar financia o replantio de mudas nas zonas rurais, com crédito inicial de R$ 7 mil para o produtor – e seguido o cronograma, há um auxílio de R$ 200 por hectare por mês para a preservação.

NA EUROPA

O reflorestamento de margens e nascentes ganhou a atenção dos mandatários da região Sudeste só agora que a crise hídrica atinge São Paulo e região metropolitana, e outras capitais. É tema antigo na Europa e trabalhado seriamente em todas as gestões. A maioria dos rios que cortam as capitais europeias estão totalmente reflorestados em seu percurso rural. E isso os revigorou.


Na crise da água, nenhum sábio dos palácios fala em reflorestamento
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Leandro Mazzini

Falta água no cérebro dos sábios dos castelos governamentais tupiniquins.

As autoridades envolvidas no debate pela solução da crise do abastecimento de água em São Paulo resolveram ‘solucionar’ o caso com outro problema: transpor água do rio que abastece também parte dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Os governadores de São Paulo, Rio e Minas, e o ministro Luiz Fux, do STF, chegaram à conclusão de que a solução por ora para a crise da água em SP é iniciar obras de transposição do rio Jagari.

Em nenhum momento o quarteto expert citou claramente, ou documentou, a necessidade urgente de reflorestamento total das margens dos rios que abastecem o complexo da Cantareira.

O reflorestamento salvou os principais rios da Europa, preservou nascentes, eliminou a poluição e ainda fomentou o turismo.

CONEXÃO MINAS-SP

Um exemplo da pequena Extrema (MG), 30 mil habitantes: Desde 2007 a prefeitura banca o PSA – Pagamento por Serviços Ambientais .

Ano passado foram em média R$ 3,9 mil para 161 fazendas, para que proprietários rurais preservem nascentes, córregos e rios.

O conceito surgiu na França em 1990, e deu certo na cidade mineira. Desde a implantação do programa foram plantadas 510 mil mudas de árvores – em 2013 foram 10 mil árvores por mês.

O PSA recuperou 5.620 nascentes em 7,2 mil hectares preservados. Resultado: A capital São Paulo só não passou por pior racionamento de água ainda porque Extrema, a 108 km, fornece 33 mil litros/segundo para o sistema Cantareira de reservatórios.


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