Coluna Esplanada

Arquivo : cibrius

CPI tem a chance de descobrir que o ‘Fundo’ é mais embaixo
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Leandro Mazzini

Se não passar de uma bravata a fim de assustar o PT e seus líderes, que há 12 anos têm ingerência nos conselhos dos maiores fundos previdenciários estatais do País, a CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados terá a chance de revelar grandes perdas, déficits escondidos, investimentos mal feitos, gestão temerária e até rombos bilionários – informações que por ora circulam num séquito ciente do cenário.

Entram nesse rol Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Real Grandeza (Furnas), Postalis (Correios) entre outros.

Poucos meses atrás, o PTB e o PMDB se digladiavam pelo controle do Cibrius, da Conab, a ponto de um peemedebista falar em nome da cúpula e tentar destituir conselheiros, numa manobra mal realizada que foi barrada pelos caciques. Em jogo estava um ativo de R$ 1 bilhão para investimentos.

É tamanha a ingerência política suprapartidária – das legendas aliadas do Governo – nos fundos de pensão que corre-se o risco de os eventuais indicados para a CPI terem de focar a lupa nas próprias mãos.

Descobrirão por exemplo que o mensaleiro Valdemar da Costa Neto tem digitais no conselho do Refer (da Rede Ferroviária Federal); que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, era o padrinho do finado Luiz Paulo Conde no Real Grandeza; que o presidente do Senado, Renan Calheiros, é apontado por delator em inquérito da PF de falcatruas no Postalis, no uso de R$ 100 milhões do fundo dos servidores dos Correios para compra da Universidade Gama Filho; que grãos petistas indicavam investimentos dos maiores fundos através de conselheiros apadrinhados por eles.

Em maio do ano passado, a cúpula do PT ficou em polvorosa. Perdeu representantes – e respectivamente o controle – dos dois maiores fundos de pensão do País, a Funcef (Caixa) – cerca de R$ 80 bilhões de patrimônio – e a Previ (BB), com R$ 170 bilhões em caixa. Chapas ligadas ao partido sofreram derrotas. O PT tinha domínio desde a chegada ao Poder, em 2003, numa articulação bem desenhada de José Dirceu e Luiz Gushiken. Por ordem deles, os fundos se tornaram sócios das maiores empresas brasileiras – e muitas delas são doadoras de campanhas do… PT.

O Petros, por exemplo, é sócio e tem membros nos conselhos de grandes corporações como Oi, Telemar, Itaú, Shoppings Iguatemi, Brasil Foods, Norte Energia (Usina Belo Monte), etc. Falar em CPI dos Fundos de Pensão quer dizer mexer com todas estas empresas e suas ligações políticas.

Mas a despeito do desfile de mandatários nos conselhos, há retornos significativos em alguns casos. Apenas em 2013, o Previ lucrou mais R$ 3 bilhões. Aposta em diferentes setores, desde ações na Bolsa, passando por uma invejosa carteira imobiliária, até uma curiosa sociedade: tornou-se sócio majoritário da Taurus, a fabricante de armas.


PT perde ingerência nos conselhos da Funcef e Previ
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Leandro Mazzini

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Sede do BB em Brasília – A Previ, dos servidores, é o maior fundo da AL e alvo do PT há 11 anos

A cúpula do PT está em polvorosa. Perdeu representantes – e respectivamente o controle – dos dois maiores fundos de pensão do País, a Funcef (Caixa) – cerca de R$ 80 bilhões de patrimônio – e a Previ (Banco do Brasil), com R$ 170 bilhões em caixa – o maior fundo de pensão da América Latina.

Chapas ligadas ao partido sofreram derrotas nas eleições nas últimas duas semanas. O PT tinha domínio dos fundos desde a chegada ao Poder, em 2003, numa articulação bem desenhada de José Dirceu e Luiz Gushiken.

A maioria dos fundos de pensão federais é sócia de grandes empresas doadoras de campanhas para deputados e senadores. Para o antenado leitor da coluna, essas poucas linhas bastam. A Petros (Petrobras), por exemplo, é sócia e tem membros nos conselhos de grandes corporações como Oi, Telemar, Itaú, Shoppings Iguatemi, Brasil Foods, Norte Energia (Usina Belo Monte), entre outras companhias.

As mudanças já se concretizam. Toma posse neste sábado o novo conselho deliberativo da Funcef, a chapa “Controle e Resultado” que venceu a eleição, ligada a auditores do banco. O BB já indicou para a Diretoria de Investimentos da Previ Márcio Hamilton Ferreira, funcionário de carreira do banco.

DESGASTE

O desgaste da ingerência política nos conselhos e as decisões suspeitas de investimentos dos fundos bilionários em apostas sem retorno provocaram uma onda de insatisfação interna nas estatais, e motivaram funcionários de carreira a apostarem na meritocracia contra o partidarismo nos conselhos.

A ONDA

A retomada do poder pelos funcionários de carreira, para por ordem nos fundos, criou uma onda que pode influenciar nas futuras eleições e composições de Petros (Petrobras), Centrus (BC), Postalis (Correios) e outros.

TIRO CERTO

Apenas em 2013, a Previ lucrou mais R$ 3 bilhões. Aposta em diferentes setores, desde ações na Bolsa , passando por uma invejosa carteira imobiliária, até uma curiosidade sociedade: o fundo tornou-se sócio majoritário da Taurus, a fabricante de armas.

COBIÇA

Não é de hoje que os fundos previdenciários de servidores federais estão na mira de partidos, não apenas do PT. Até ano passado, conselheiros do Refer, dos funcionários da rede ferroviária federal, tinham ligações com o presidente de honra do PR, o agora detento Valdemar da Costa Neto. O PTB e o PMDB atualmente se digladiam pelo controle do Cibrius, da Conab, a ponto de um pemedebista falar em nome da cúpula e tentar destituir conselheiros (lembre aqui).

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O VICE DE PADILHA 

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Padilha & Zé Gotinha em campanha (pelo SUS) – Não, o vice não será o boneco, e sim alguém do PR.

O vice na chapa de Alexandre Padilha (PT) na disputa pelo governo de São Paulo sairá do PR de Valdemar da Costa Neto, garante um aliado de Lula. E a ministra Marta Suplicy (Cultura), a despeito do boato de que seu recente jantar de confraternização foi para se mostrar como opção, vai ajudar o candidato escolhido pelo ex-presidente.

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TRATORADOS..

Ainda sobre a novela da isenção do emplacamento de tratores, que irritou deputados da bancada ruralista (Dilma vetou a lei aprovada): um decreto da presidente recuou, em parte. A interpretação é de que de 1º de agosto de 2014 para trás todos estão isentos. De agosto para frente, terão que licenciar, emplacar, registrar, pagar IPVA, desde que transitem em algum momento em via pública. Ou seja, nenhum ficará isento. O decreto foi recebido como piada pelo autor da lei, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS).

EDUARDO, O GAÚCHO
Para afagar a bancada ruralista e buscar votos na região ainda fraco, Eduardo Campos (PSB) desembarca em Porto Alegre na próxima terça, para encontro com empresários.

EVERALDO, O GAJO 

Pastor Everaldo (PSC), 4º lugar nas pesquisas, chega hoje a Lisboa, onde fica por alguns dias para visitar autoridades e empresários. Dará coletiva na segunda num hotel.

SARNEY, O VETERANO

José Sarney, esperto, percebeu possível desgaste político no Amapá e pode concorrer ao Senado pelo Maranhão – a filha Roseana Sarney desistiu em abril da disputa.

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CHIORO, O ALVO 

A despeito de revogar a Portaria 415, que oficializava o aborto no SUS com novos valores e procedimento, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, será convocado na segunda-feira para explicar o caso, na Câmara dos Deputados, numa comissão especial.

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Cunha – ele não quer dar trégua ao ministro da Saúde. Foto: ABr

O PODEROSO CHEFÃO

Chioro revogou a portaria um dia depois da visita do líder Eduardo Cunha, do PMDB, na qual o deputado disse que o enquadraria no Congresso para explicar possíveis brechas jurídicas na portaria. Chioro não quis pagar para ver e recuou no dia seguinte, via D.O., e em nota oficial alegou ‘falha técnica’. Conta-se no Congresso que Cunha comanda uma bancada suprapartidária de 200 deputados.

O líder do PMDB ainda patrocina dois projetos para derrubar o aborto legal no SUS: o PL 6033/13 revoga a lei 12.845 aprovada por Dilma. O PL 5069/13 tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante ao aborto.

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OS COTADOS 

Com a iminente saída de Joaquim Barbosa do STF, pululam os nomes na mesa da presidente Dilma. Os mais cotados por ora: Benedito Gonçalves (do STJ), Maria Elizabeth Guimarães (STM), Heleno Torres, da USP; Luís Adams (AGU) e o favorito José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, renomado constitucionalista.

CANSAÇO QUE NADA

Barbosa sai em meio ao polêmico julgamento sobre perdas dos planos econômicos que, dependendo do resultado, pode levar os bancões a reembolsar quase R$ 100 bilhões a poupadores. Ele sabe do que foge – não necessariamente do julgamento.

TUCANOU DE VEZ

O ex-governador Paulo Hartung, do ES, não jantou com Dilma e Temer no Jaburu. E se disputar o governo capixaba ou Senado, ele será aliado de Aécio Neves (PSDB).

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Por R$ 1 bi, apadrinhado político destitui conselho de fundo da Conab
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Leandro Mazzini

Atualização Segunda, 24, 10h09: Num ato surpresa na última sexta-feira, o presidente do Conselho do Cibrius, Luciano Padrão – recém-empossado – conseguiu apoio para destituir os diretores da parte do conselho eleito com o objetivo de empossar membros de seu grupo.  O Cibrius é o fundo de pensão dos servidores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o enredo não envolve apenas uma troca administrativa. O script tem apadrinhamento político, manobras e o mote: um iminente aporte de até R$ 1 bilhão do Tesouro.

O conselho do Cibrius é um órgão independente da Companhia, composto por seis membros – três eleitos pelos funcionários, e três indicados pela presidência da Conab. Há anos vem sofrendo com um déficit por conta do alto número de aposentados e o baixo de beneficiários – e negocia com a Secretaria de Previdência Complementar, desde o fim do governo de Fernando Henrique, um aporte do Tesouro Nacional para evitar um rombo em 2016. Agora, o Tesouro indicou que o depósito sairá. Algo entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão.

É este montante que arregalou os olhos dos conselheiros e, em especial, dos padrinhos políticos – sobre quem pesam as suspeitas das articulações nos bastidores para a mudança do Conselho. Administrar o fundo, com saldo hoje perto de R$ 900 milhões, e que pode dobrar, é também ter domínio sobre aplicações do dinheiro que lhe garantam rendimentos e direcionamentos para investimentos em outras áreas, como acontece com fundos previdenciários estatais. E só o Conselho pode decidir isso.

A manobra de Luciano Padrão contaria com o apoio de um poderoso grupo de políticos, desde o presidente da Conab, Rubens Santos (padrinho de sua indicação), passando pelos deputados Jovair Arantes (GO) – líder do PTB e o padrinho de Santos na presidência – e Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. Na reunião, Luciano falou também em nome do ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

Procurado pela Coluna, Cunha diz que não conhece Luciano. “Nunca ouvi falar dele, nunca vi tão gordo”. O líder reconhece que ajudou Jovair a apadrinhar apenas o atual diretor financeiro da Conab, Lineu Olímpio, egresso do PTB de Goiânia, ligado a Jovair e a Roberto Jefferson (que será preso nesta segunda-feira, condenado na AP 470 no STF). Jovair e Luciano não foram localizados pela Coluna. A assessoria de Jefferson ligou para a Coluna nesta segunda, 24, e informou que ele não apadrinhou ninguém no governo a não ser Benito Gama, hoje vice-presidente do BB.

Mas o presidente da Conab, Rubens Santos, abre o jogo. Se diz surpreso. “Ele (Luciano Padrão) me procurou há duas semanas e contou que teria de fazer mudanças, mas não explicou o que era. Na sexta à tarde recebi uma ligação, enquanto a reunião do Conselho ocorria, e fui informado”. Segundo Rubens, no mesmo momento ele ligou para Luciano e pediu que suspendesse sua decisão. Relatou que o mesmo fez a chefia de gabinete do Ministério da Agricultura.

“Luciano disse que era preciso fazer mudanças porque ‘as coisas’ não andavam. O Conselho é independente, não sou contra mudar, mas tudo deve ser discutido melhor”, explica o presidente da Conab.

Pois à revelia do presidente da companhia e do ministro da Agricultura, a ata do Conselho registrou a destituição dos três conselheiros eleitos pelos servidores, com mandatos. São eles: Rachid Mamede Filho, Fabrício Pereira Garcia e José Carlos Grangeiro.  Luciano Padrão quer nomear para as vagas três aliados próximos seus, entre eles Alberto Nogueira Araújo, ex-assistente da Superintendência de Administração da Conab, e José Portugal. Todos ligados ao quadro de servidores, mas afinados com seu projeto de poder.

Esse novo trio se uniria ao grupo recém-nomeado pelo presidente da Conab, os três da conta de indicações: o próprio Luciano Padrão, presidente do Conselho; Eurípedes Malaquias (egresso de Goiás) e Alfredo Colli (de SP) – este votou contra as mudanças, mas foi vencido.

Todos seriam oficializados na própria Sexta. Seriam, porque diante da repercussão entre servidores, tanto o presidente da Conab quanto o ministro Antônio Andrade ordenaram suspender o ato. E nesta segunda, Luciano Padrão será chamado ao Ministério para dar explicações. Antes dele, os três conselheiros eleitos que levaram a rasteira também serão recebidos, para detalhar o episódio.

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